Amor à primeira revista: diretamente do Brasil

Jefferson Meireles é um leitor apaixonado por relógios que vive em Salvador da Bahia, no Brasil. Assinante da Espiral do Tempo, respondeu ao nosso convite «Amor à primeira revista» e falou-nos um pouco da sua história, do estado da relojoaria na sua cidade e de como nos conheceu — uma revista do outro lado do oceano.

Moro na cidade de Salvador, Bahia. A nossa cidade foi a primeira capital do Brasil, ainda no período da colonização, e como herança cultural temos grande influência africana e, se não me engano, contamos com a maior população negra fora da África. Esta influência africana faz-se presente na culinária, na música (a exemplo do grupo Olodum), no sincretismo religioso e em tantas outras manifestações artísticas e culturais. A influência portuguesa também se faz presente nas construções, no catolicismo, nas padarias de portugueses, no amor por Santo António (meu Santo de devoção, tendo em conta que o meu aniversário é celebrado a 1 de junho, primeiro dia da sua trezena) e mais.

A nossa cidade, como Lisboa, também tem uma forte ligação ao mar e possuímos uma imensa orla com belas praias. Também somos conhecidos pelo maior Carnaval de rua do mundo e pelo Axé Music.

A Espiral do Tempo e com relógios da coleção do autor | © Jefferson Meireles

No entanto, por estas bandas, a relojoaria não é uma tradição e, embora as pessoas usem relógios, principalmente os smartwatches, este mundo que tanto nos fascina não é uma realidade por aqui. Boutiques das marcas, distribuidores, bons relojoeiros, esqueça… no Brasil, a relojoaria tem um pouco mais de espaço na cidade de São Paulo. Mas, apesar das dificuldades, sigo firme na minha paixão.

Participo num fórum brasileiro na Internet, dedicado a relojoaria mecânica, e acho que, em 2018 ou 2019, vi o link para um artigo publicado na Espiral do Tempo. Acedi ao link e todo um mundo dedicado à relojoaria mecânica em língua portuguesa se abriu diante dos meus olhos. Foi um achado, e a partir daí passei a ler regularmente o conteúdo publicado no site.

O que mais me deixou arrebatado na Espiral do Tempo é que vocês não se focam exclusivamente nos relógios ou nas marcas, mas nas pessoas, nas histórias destas pessoas com seus relógios, no filosofar sobre o tempo e em tantos outros temas tão distintos e sua relação com a relojoaria e com o tempo. E todo um mundo se abriu na minha mente, uma nova perspetiva, um novo olhar sobre o tempo e as suas máquinas.

Num determinado momento, comecei a sentir a necessidade de mais informações da Espiral do Tempo e também de contribuir para com a sustentabilidade deste projeto tão especial e apaixonado. Percebendo que na revista física vocês escolhem um tema em cada estação como um fio condutor de todo o conteúdo de cada edição e que também me poderia tornar membro oficial deste projeto, entrei em contacto com o gentil e atencioso Paulo Dias. E ele recebeu-me tão bem, que pensei estar no lugar certo.

A edição dedicada aos cinco sentidos e três relógios da coleção do autor | © Jefferson Meireles

Um dado curioso que Paulo Dias me passou, e que infelizmente não me causou surpresa, é o facto de que devo ser o único assinante da Espiral do Tempo nas regiões norte e nordeste do Brasil. Estas regiões juntas têm uma área maior que a Europa ocidental, e um único assinante. Ele me falou que em São Paulo e região sul e sudeste tem muitos assinantes, mas por aqui parece que sou o único. Será?

Então, foi assim que conheci a Espiral do Tempo e hoje vocês são a minha principal fonte de informações e de pensar sobre o tempo. Feliz Aniversário de 20 anos e espero poder estar com vocês nos próximos 20, 30, 40 anos.

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