LVMH: compras na Tiffany’s

A LVMH não quer apenas ir às compras à Tiffany. Quer adquiri-la e aumentar assim o seu grupo global com uma das mais conhecidas marcas de luxo do mundo. A Richemont, que teve resultados abaixo do esperado, diz que não vai fazer uma proposta alternativa. Brevemente se saberá os resultados da proposta da LVMH.

Desde que, em 1961, Audrey Hepburn se tornou uma estrela global com o filme Breakfast at Tiffany’s, que a marca foi à sua boleia. A memória desse momento fascinou gerações sucessivas de consumidores. Não admira que seja uma jóia única no meio de uma montanha de luxo. A Tiffany foi agora objeto de uma oferta de compra pelo grupo LVMH. A proposta, não solicitada, acena com 120 dólares por ação, o que valeria no total cerca de 14,5 biliões de dólares de investimento. A Richemont, que se julgava poder vir a competir com a LVMH, declinou entrar numa ‘guerra’ com esta pelo controle da Tiffany. Esta vive um momento delicado na sua existência. As vendas na China estagnaram, tal como o valor das compras dos turistas chineses. O dólar forte também tornou os produtos da Tiffany mais caros para os consumidores fora dos Estados Unidos. E a instabilidade em Hong Kong, o quarto maior mercado da marca, só veio piorar as perspetivas.

O passo gigante da LVMH permitiria alargar a sua oferta de marcas de luxo (tem a Christian Dior, a Fendi e a Givenchy, para lá da TAG Heuer). E daria músculo à sua presença no importante mercado americano. Recorde-se que, neste segmento, a LVMH concorre com o grupo Kering, que detém a Gucci e Yves Saint-Laurent, e a Richemont, que tem a Cartier. O sonho de Bernard Arnault poderia assim expandir-se ainda mais. É, neste momento, o terceiro homem mais rico do mundo, algo que foi consolidando desde que em 1989 avançou para uma oferta hostil de aquisição da LVMH. Desde então tem adquirido várias marcas de prestígio global. Arnault é conhecido pelo seu elevado nível cultural, tendo uma vasta colecção de arte, que inclui trabalhos de Damien Hirst, Pablo Picasso, Henry Moore e Andy Warhol. É próximo do presidente Emmanuel Macron, cuja mulher, Brigitte, foi professora de dois dos seus filhos. Numa entrevista recente ao Financial Times, confessou: «Sempre gostei de ser o número um».

Enquanto prosseguem as conversas de bastidores entre as administrações da Tiffany e da LVMH, outros dados começam a baralhar as contas dos grandes grupos de luxo. A Richemont anunciou os resultados do segundo trimestre, que são abaixo do esperado, minados pelos protestos em Hong Kong (um mercado determinante, onde as quedas foram de cerca de 10%, tendo contribuído com 8% das vendas do grupo) e pelos investimentos no e-commerce. Para além disso que a LVMH adquirir a Tiffany, haverá mais um motivo de pressão sobre a Richemont. Neste momento os analistas financeiros consideram que a Cartier (Richemont) está a ser pressionada pela agressividade da Bulgari. Refira-se que metade do negócio da Richemont está ligada à relojoaria. Em Setembro o grupo fez um acordo com a Alibaba, o gigantesco grupo de vendas online na China, tentando aumentar as vendas de produtos de luxo.

Ou seja, estamos prestes a entrar numa nova batalha de gigantes do luxo.

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