Relojoaria suíça: mais negócios, menor número de vendas

Há boas e más notícias nos resultados de março da indústria relojoeira suíça. As exportações atingiram os 1,7 mil milhões de francos, um crescimento de 4,4%. Destacam-se os fortes aumentos de vendas para os mercados da China, Japão e Reino Unido. Mas há nuvens no horizonte: em termos de unidades, as vendas caíram 18,8%, o que quer dizer que no primeiro trimestre de 2019 foram exportadas menos 800 mil peças. O setor mais castigado é o dos relógios cujo preço é inferior a 200 francos.

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O negócio aparenta estar saudável. Em março de 2019, confirmou-se o aumento das exportações da indústria relojoeira suíça. Estas cresceram, no mês, 4,4%, com vendas de 1,7 mil milhões de francos suíços. No conjunto, o primeiro trimestre registou um crescimento das exportações de 2,9%, para um valor acima dos 5 mil milhões de francos, segundo dados da Fédération de l’industrie Horlogère Suisse (FH). São valores que seguem algumas das tendências definidas deste fevereiro. Neste mês o crescimento das exportações relojoeiras já atingira 3,4%, impulsionado pela criação de stocks no Reino Unido, derivado das incertezas do Brexit. Esta forte tendência no mercado britânico continuou em março, com um incrível crescimento de 76% para 134,7 milhões de francos. Ainda assim, o mercado do Reino Unido continua atrás dos grandes mercados, Hong Kong (+2,5%), Estados Unidos (+5,9%), China e Japão. As exportações para o Império do Meio cresceram mesmo 17,3%, para 141,6 milhões de francos, sinal de uma recuperação neste relevante mercado. Ainda assim Hong Kong absorveu 236,2 milhões de francos de relógios, consolidando o seu share de mercado em 13,6% do total global. Também Singapura apresentou um crescimento de 5,5%, adquirindo 95,7 milhões de francos de peças. Tudo isto deixou animadas as maiores empresas suíças, algo que se refletiu na sua valorização bolsista.

Mas nem tudo são boas notícias: os sinais de perigo estão presentes, como alerta a FH. Entre janeiro e março, apesar do crescimento do valor exportado, venderam-se menos 800 mil peças. O recuo toca sobretudo os relógios com valor de venda inferior a 200 francos, onde as quedas foram de perto de 30%. Pelo contrário as peças acima de 3000 francos cresceram em termos de valor 13,2%. As categorias metais preciosos e bi-metais (ouro e aço) sustentaram o crescimento, tanto em termos de volumes como de valor. Se os relógios em aço continuam a ter um peso muito apreciável nas vendas (659,9 milhões de francos, o maior dos diferentes segmentos), teve uma queda do número de unidades vendidas na casa dos 12,2%. Pelo contrário, os relógios de metais preciosos cresceram em número de unidades vendidas e de valor (neste caso +10,9%). As peças de ouro e aço (bi-metais) também subiram em número de peças vendidas e de valor. A maior queda é no número de relógios feitos noutros produtos que não metais (queda de 39,4% em número de unidades).

Tudo isto revela um recentramento na procura, como demonstra a FH e é um sinal para os grandes grupos relojoeiros e para as suas estratégias de médio prazo.

Imagem em destaque: © Oris

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