Richemont e Alibaba: aliança digital

O grupo suíço Richemont anunciou uma parceria global com a chinesa Alibaba que permitirá que os seus sites Net-a-Porter e Mr Porter passem a estar disponíveis na plataforma de e-commerce Tmall Luxury Pavillion desta.

O acordo incluirá também a criação de duas aplicações para telemóveis de consumidores chineses. Esta aliança surge no seguimento do investimento da JD.com, uma rival da Alibaba, na plataforma Farfetch. Ambas as iniciativas demonstram que até os grupos mais sólidas da indústria do luxo estão a criar parcerias com os operadores chineses para conquistarem o mais ativo e promissor mercado.

Refira-se que a Net-a-Porter e a Mr Porter vendem relógios da maioria das marcas da Richemont e também de um número crescente de outras empresas do setor, como a TAG Heuer, Zenith e Nomos. Segundo Johann Rupert, presidente do grupo Richemont, “os clientes chineses, em casa e no estrangeiro, são um crescente mercado de consumidores para a Richemont e para toda a indústria do luxo. A nossa oferta digital na China está na infância e acreditamos que a aliança com a Alibaba nos permitirá ser um significativo e sustentável jogador online neste mercado. A Alibaba tornou-se o mais importante destino online na China, com equipas de nível internacional em termos de tecnologia, logística e marketing.” Refira-se que os consumidores chineses já representam um terço das vendas de produtos de luxo em todo o mundo. E em 2024, de acordo com a consultora BCG and Tencent, representarão mesmo 40% deste sector de consumo. O mercado aplaudiu o acordo e as ações da Richemont subiram 1% na Bolsa de Zurique.

A quebra da procura na China foi um dos maiores fatores que conduziram à recente crise do setor relojoeiro suíço. Mas no último ano as vendas recuperaram, e este ano subiram 7,5% nos primeiros oito meses. Em setembro as exportações para a China subiram 17% face ao ano passado. Não foi divulgado o valor do acordo entre a Richemont e a Alibaba, nem quanto pretendem ambas investir na parceria. De qualquer maneira é uma evolução importante na posição da indústria do luxo que durante muito tempo viu o mercado chinês online como um império da contrafação.

Segundo Rupert, a China é hoje a principal locomotiva do crescimento e, em declarações ao Financial Times, referiu: “A velocidade de mudança na China é mais vertiginosa do que em qualquer outra sociedade que eu conheço. Tudo é móvel. Ali, a menos que tenhas aplicações móveis fáceis não conseguirás chegar às pessoas”. Outras marcas também estão a apostar forte no mercado online chinês: a Hermès lançou este mês um site na China, seguindo os passos da Louis Vuitton e da Gucci. Para além disso lançou um WeChat para o seu smartwatch da Apple e está a considerar um acordo com a JD.com. Johann Rupert foi claro, sobre as alianças e sobre a aposta em nome próprio no mercado chinês: “Eu não acredito que qualquer marca de luxo possa fazer essa aposta por si própria”.

A aliança com a Alibaba é a prova disto.

Visite o site oficial do Grupo Richemont para mais informações.

Outras leituras