Espiral do Tempo apresenta: Karsten Fraessdorf

Aproveitámos as férias portuguesas do mestre Karsten Fraessdorf para o convidar a visitar as instalações da Espiral do Tempo e almoçar com amigos da revista. Aqui ficam algumas imagens da sua visita e das versões do Spirograph Tourbillon Sport que trouxe consigo.

De origem alemã, Karsten Fraessdorf não é um nome imediatamente reconhecível no contexto da alta-relojoaria. No entanto, é um daqueles geniais relojoeiros que, ao longo dos anos, vai idealizando movimentos e complicações para grandes marcas sem que o seu nome apareça – mantendo-se habitualmente na sombra, à exceção dos casos em que é indicado como responsável técnico de uma marca ou no lançamento dos seus próprios produtos. E sem podermos adiantar muito mais, há por aí alguns relógios extraordinários de marcas de topo cuja concepção saiu da mente do mestre germânico radicado na Suíça.

Karsten Fraessdorf © Paulo Pires / Espiral do Tempo
Karsten Fraessdorf © Paulo Pires / Espiral do Tempo

Com um papel ativo na indústria desde os anos 80 e atualmente baseado em La Chaux-de-Fonds, na presente década começou por dar que falar enquanto diretor da nóvel Heritage Watch Manufactory – uma marca de nicho com produtos mecanicamente interessantes e dotados de uma estética muito peculiar. A estrela da companhia era o Firmamentum, um relógio de navegação inspirado no sextante português capaz de estabelecer o posicionamento do utilizador em qualquer ponto do globo. Infelizmente, essa tão interessante e elogiada marca acabou por não resistir e o projeto ficou em suspenso após várias apresentações na GTE (Geneva Time Exhibition) e em Baselworld (no antigo Palace).

Um relógio como nenhum outro: o notável Firmamentum, da agora 'adormecida' Heritage Watch Manufactory © DR
Um relógio como nenhum outro: o notável Firmamentum, da agora ‘adormecida’ Heritage Watch Manufactory © DR

Mais recentemente, Karsten Fraessdorf lançou a marca com o seu próprio nome (KF Montres) e logo tendo por vedeta um relógio especialmente atraente e de interessantes caraterísticas técnicas: o Spirograph Tourbillon Sport, um turbilhão de grandes dimensões “pensado para uso diário”, segundo o mestre, particularmente resistente aos choques e de grande impacto visual. Trouxe três exemplares com ele aquando da sua visita às nossas instalações, durante as recentes férias familiares com a família na zona de Lisboa – a sua cidade preferida.

Karsten Fraessdorf Spirograph Tourbillon Sport © Paulo Pires / Espiral do Tempo
No pulso do mestre: o seu Spirograph Tourbillon Sport © Paulo Pires / Espiral do Tempo

Karsten Fraessdorf vem regularmente a Portugal desde 1982 e na sua juventude chegou mesmo a tirar um curso de Português durante o verão, expressando-se razoavelmente bem na língua de Camões. Na passagem pelas instalações da Espiral do Tempo e durante o almoço com amigos da revista relembrou como o nosso país era diferente nessa década de 80 e como a relojoaria tradicional suíça atravessou um grave período de crise entre a década de 70 e os anos 90.

Karsten Fraessdorf com a última edição da Espiral do Tempo © Paulo Pires / Espiral do Tempo
Karsten Fraessdorf com a última edição da Espiral do Tempo © Paulo Pires / Espiral do Tempo

Eis algumas das recordações que partilhou, numa autêntica viagem ao tempo inspirada no tema da última edição da Espiral do Tempo: quando começou na relojoaria no início dos anos 80, disseram-lhe que a profissão de relojoeiro (mecânico) não tinha futuro; considera que o facto de a Swatch se ter aventurado a lançar os primeiros relógios automáticos em plena era do quartzo foi fundamental para que a Nivarox mantivesse a produção de espirais e acabasse por se tornar num sustentáculo da relojoaria mecânica; afirmou que a Rolex, com os seus elevados padrões de exigência no campo da precisão e da fiabilidade, fez com que – por comparação – a qualidade global da indústria suíça não fosse por aí abaixo devido a cortes nos custos operados “pelos gajos das folhas Excel”.

© Paulo Pires / Espiral do Tempo
Outra versão do Spirograph Tourbillon Sport © Paulo Pires / Espiral do Tempo

Resumidamente, um bom conversador com muitas histórias para contar e uma enorme bagagem de cultura relojoeira. Que teve a oportunidade de revelar tanto na visita à Espiral do Tempo como no almoço informal ‘Espiral Apresenta…’ realizado no restaurante Marisco na Praça, em Cascais, com a presença de uma dúzia de amigos da revista. Obviamente que, como bom adepto da gastronomia lusa, Karsten Fraessdorf também é um grande apreciador de marisco…

Karsten
Com um grupo de aficionados e amigos da Espiral do Tempo no ‘Marisco na Praça’, em Cascais © MIguel Seabra/Espiral do Tempo

Quanto ao Spirograph Sport Tourbillon propriamente dito, a versão com blocos luminescentes no próprio balanço é sensacional e particularmente fotogénica em condições mais precárias de luz. O mostrador alveolado, em homenagem à ‘sua’ La Chaux-de-Fonds, uma das mais importantes cidades para a produção da relojoaria mecânica, também impressionou particularmente e é feito de modo a que assuma diferentes cores na sua textura consoante a incidência de luz. Apesar das grandes dimensões da caixa, é um relógio que assenta bem no pulso e que dá aquela sensação de robustez raramente proporcionada por um turbilhão. Afinal de contas, foi precisamente esse o intuito que esteve por trás da sua criação…

Karsten Fraessdorf Spirograph Tourbillon Sport © Paulo Pires / Espiral do Tempo
Brilhante: o Spirograph Tourbillon Sport na sua versão com luminescência no turbilhão © Paulo Pires / Espiral do Tempo

Obrigado pela companhia, Karsten. E até à próxima — em Baselworld ou aqui em Portugal!

Outras leituras