Não consta dos nomes mais mediáticos, entre mestres relojoeiros e CEOs que surgem regularmente nas parangonas — mas Jean-François Mojon é, seguramente, um dos protagonistas da relojoaria moderna e tem um brilhante currículo para o comprovar. Eis o perfil de alguém que deixou a sua criatividade voar para assinar algumas das mais impressionantes criações contemporâneas.
Exclusivo na edição impressa | Na história da relojoaria, é frequente haver personalidades essenciais cujo nome nunca chega ao grande público ou mesmo à maioria dos aficionados. Há muitos designers que idealizaram alguns dos mais emblemáticos relógios jamais desenhados e que permaneceram no anonimato, tal como há muitos criadores que pensaram alguns dos mais prodigiosos mecanismos jamais concebidos e se mantêm na sombra por uma questão de feitio ou condicionantes contratuais… que fazem com que as honras sejam recolhidas por outrem. É o caso de Jean-François Mojon, seguramente merecedor de maior reconhecimento, após quase três décadas na vanguarda da relojoaria contemporânea.

Depois de concluir os estudos em engenharia micromecânica e ter feito o mestrado em economia, juntou-se à IWC em 1995 — primeiro, no controlo de qualidade; seguidamente, com a possibilidade de criar novos calibres e complicações no departamento de pesquisa e desenvolvimento. Dez anos volvidos, resolveu estabelecer-se por conta própria e fundou o atelier Chronode em Le Locle para satisfazer a demanda por criações excecionais inerentes ao boom da relojoaria mecânica. A nomeação como ‘Melhor Relojoeiro Independente’ no Grand Prix d’Horlogerie de Genève de 2010 foi o primeiro reconhecimento oficial do trabalho feito para prestigiadas casas de alta-relojoaria, na maior parte dos casos através de uma abordagem mecânica completamente inovadora. Todo esse investimento na relojoaria conceptual e o desenvolvimento de múltiplos projetos paralelos também contribuíram para que estivesse ligado ao advento de uma nova marca, a Cyrus.

Além disso, Jean-François-Mojon assinou o notável Opus X para a Harry Winston; colaborou com Kari Voutilainen na conceção do LM1 da MB&F e idealizou especialidades para a MB&F, a HYT, a Hermès, a Czapek, a Urban Urgensen e várias outras casas relojoeiras sob confidencialidade. A crise de 2008 veio colocar um travão nos investimentos em grandes inovações relojoeiras e a macroeconomia mudou o foco da relojoaria para um período em que a criatividade foi amarrada pela excessiva influência clássica, que pôs o vintage na moda. Mas as coisas estão a mudar: a Chronode tem vindo a ser cada vez mais requisitada por marcas emergentes que pretendem estabelecer-se no patamar do luxo e atrair as novas gerações endinheiradas.
Leia o artigo completo no número 82 da Espiral do Tempo (primavera 2023).
