Franck Muller Vanguard: a evolução do vanguardismo

EdT54/ em Watchland (Genthod) — A Franck Muller lançou-se numa vertente mais moderna e urbana ao lançar a linha Vanguard para complementar a sua coleção. Três anos depois, o tremendo sucesso verificado fez com que a Franck Muller alargasse o conceito com novas formas, novas cores, novas matérias e novas complicações — e também interessantes versões especiais particularmente estilizadas ou associadas ao desporto.

Originalmente publicado na versão impressa do número 54 da Espiral do Tempo.

A edição deste ano da World Presentation of Haute Horlogerie, tradicionalmente organizada em janeiro pelo Grupo Franck Muller no seu quartel-general de Genthod, foi muito dominada pelo vanguardismo — não porque a Franck Muller sucumbiu à febre da Guerra das Estrelas ou decidiu saltar para o terceiro milénio, mas porque nas salas de exibição do palacete neogótico que serve de edifício principal a Watchland se notou uma clara omnipresença do conceito Vanguard. Subitamente, a filosofia que esteve por trás do lançamento da linha Vanguard em 2013 alargou-se de maneira a desmultiplicar-se numa plêiade de novos modelos caraterizados por grande arrojo técnico e estético.

Franck Muller linha Vanguard
© Espiral do Tempo / Susana Gasalho
| Foto de abertura: © Espiral do Tempo / Nuno Correia

O advento do Vanguard não esteve propriamente associado a uma adaptação do traçado clássico tão caraterístico da Franck Muller e que vem sendo simbolizado pelo formato Cintrée Curvex desde a fundação da marca no início dos anos 90. Foi mais uma reinterpretação desses códigos estéticos num relógio estruturalmente diferente no design e na conceção que pudesse personificar o lado mais avant-garde dos ateliers criativos de Watchland perante um novo tipo de consumidor moderno, com gostos mais urbanos associados a tons escuros e a materiais inovadores.

Os primeiros modelos Vanguard redistribuíam as voluptuosas formas curvas do Cintrée Curvex num perfil mais depurado. A arquitetura da caixa baseou-se numa construção do tipo sandwich, ostentando uma ranhura lateral que separa a parte superior do fundo. Os tradicionais algarismos da Franck Muller também foram completamente redesenhados e ganharam relevo, sendo aplicados à mão e oferecendo uma maior noção de tridimensionalidade. A abolição das tradicionais asas que prendem a correia possibilitou um produto final mais integrado, sendo que a bracelete mais parece um prolongamento do relógio e é concebida a partir de uma resistente base em cauchu com inserção/aplicação em pele.

Franck Muller linha Vanguard
© Espiral do Tempo / susana Gasalho

O sucesso da linha Vanguard foi imediato e não parou de crescer nestes últimos três anos — a ponto de a Franck Muller ter decidido alargar os seus princípios ao formato retangular da sua linha Long Island.


Novas soluções

Com um traçado mais curvo ou menos curvo, mais retilíneo ou menos retilíneo, qualquer relógio com o selo Vanguard carateriza-se por ser compacto e decididamente desportivo, dinâmico e contemporâneo. Os próprios materiais são trabalhados de maneira muito industrial e no seu estado quase puro para sublinharem essa auréola modernista; o titânio e o ouro rosa das primeiras versões já receberam entretanto a companhia de materiais de ponta, como o Ergal, a fibra de vidro ou o carbono.

linha Vanguard
Vanguard Gravity © Franck Muller

No plano mecânico, e depois dos modelos inaugurais (três ponteiros e data; cronógrafo), começaram a surgir variantes bem mais complexas — destacando-se o Vanguard Gravity, que exalta o namoro da casa Franck Muller com essa complicação tão tradicional que é o turbilhão, mas interpretado de modo completamente distinto. Beneficiando de toda a sua pesquisa e do seu desenvolvimento no âmbito do turbilhão multiaxial (designado Revolution) e sobredimensionado (Giga Tourbillon), a manufatura de Genthod criou o turbilhão Gravity para melhor complementar a estética do Vanguard. Trata-se de uma evolução extrema do Giga, com a sua enorme abertura (21,2 mm de diâmetro, 7,7 mm de espessura) que até assume protagonismo no mostrador relativamente à apresentação do tempo (horas e minutos). O balanço, descentrado, tem por si só um diâmetro de 14 mm; a gaiola é construída em alumínio para que a sua leveza melhor possa contrariar a inércia; e a ponte que suporta o fascinante dispositivo é arquitetada em X. O espetáculo hipnótico proporcionado pelo Gravity pode ser também observado através de um óculo na parte traseira da caixa. Já o Vanguard Squelette Tourbillon é dotado de um turbilhão aplicado num mostrador desbastado ao máximo que faz parecer com que o mecanismo esteja suspenso. O Vanguard Tourbillon apresenta um mostrador mais convencional.

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Vanguard Squelette Tourbillon © Franck Muller

Além dos turbilhões incontornáveis em qualquer linha Franck Muller, a família Vanguard foi também enriquecida tecnicamente com versões de calendário perpétuo, múltiplos fusos horários (numa adaptação do conceito Master Banker) combinados com função cronográfica ou calendários triplos e ainda os cronógrafos semi-esqueletizados já vistos na coleção regular Cintrée Curvex. Sem esquecer todas as versões joalheiras, claro.


Edições especiais

linha Vanguard
Vanguard Carbon © Franck Muller

Mas acabou por ser o lançamento de várias edições especiais a concitar a curiosidade pelo atrevimento estilístico. Duas delas estão claramente associadas ao universo desportivo: a Backswing evoca o mundo do golfe graças à textura de caixa/mostrador que evoca a das bolas, sendo declinada numa versão simples (três ponteiros e data) e funcional (que permite a contagem do número de pancadas); a Yachting é caraterizada pelo tom azul náutico e pela força simbólica da rosa dos ventos. As outras têm mais a ver com a estilização decorrente de padrões decorativos — como a Carbon, a Camouflage, a Cobra, a PXL e a Glacier, sendo que algumas dessas edições especiais são verdadeiramente surpreendentes no plano estético.

Vanguard Backswing Golf, Camouflage e Cobra © Franck Muller
Vanguard Backswing Golf, Camouflage e Cobra © Franck Muller

Para além da multiplicidade de calibres, de cores e de materiais, o modelo Vanguard arredondado está disponível em cinco tamanhos: 45 e 41 mais destinados a pulsos masculinos; 35, 32 e 29 para pulsos mais pequenos. A variante Vanguard Long Island retangular também se apresenta em múltiplas dimensões, cores e complicações.

Com a sua vocação de ponta e tendo pela frente um campo de exploração tão vasto, a linha Vanguard surge claramente na vanguarda do catálogo Franck Muller e promete continuar a esticar fronteiras estilísticas — oferecendo novos mundos ao universo da marca fundada por um jovem mestre relojoeiro que na altura foi considerado um visionário. Esperam-se novas e aliciantes visões interpretativas em breve… ET_simb

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