Nivada: Chronosport como exercício de estilo

Não há aficionado de relojoaria que fique insensível a um cronógrafo de perfume rétro — especialmente quando apresenta uma conotação racing. O Chronosport da Nivada Grenchen é um exercício de estilo vintage muito bem executado e de preço acessível.

É verdade que a relojoaria atravessou recentemente um período em que a influência vintage foi tão excessiva que as contínuas reedições e reinterpretações do passado quase tolheram a criatividade dos designers. Esse declarado pendor saudosista quase assumiu foros de ditadura e ainda não abrandou, com o crescente favorecimento de modelos de diâmetro mais reduzido — mas é preciso reconhecer que continuam a ser apresentados exercícios de estilo retrospetivos muito bem conseguidos. Como se pode constatar com o Chronosport, um cronógrafo da Nivada Grenchen associado aos desportos motorizados que coloca em evidência um mostrador assimétrico pouco comum.

O Chronosport exala uma personalidade vintage muito peculiar | Foto: cortesia Nivada Grenchen

A influência dos anos 70 é clara e acaba por ser irónico que um dos melhores relógios lançados pela Nivada Grenchen na era moderna seja um piscar de olho à década que atirou a marca para o limbo, na sequência da chamada crise do quartzo que foi fatal para tantas companhias relojoeiras helvéticas. A Nivada foi fundada em 1926, na mesma localidade de Grenchen que serve de sede a manufaturas bem conhecidas (Breitling, Eterna, ETA), e foi recuperada em 2018 pelo empreendedor Guillaume Laidet — que declarou como missão ressuscitar os modelos mais emblemáticos da marca e torná-los acessível ao tipo de público que procurava com afã os originais em leilões ou feiras vintage. Como sucede nesta reedição de um raro cronógrafo Nivada da década de 70 nunca antes comercializado.

A forte luminescência esverdeada do Chronosport | Foto: cortesia Nivada Grenchen

Guillaume Laidet redescobriu o Chronosport original precisamente num site de leilões, por puro acaso. Um post no Instagram teve o condão de entusiasmar a comunidade de aficionados da marca de Grenchen; as estimativas apontam para que apenas 20 exemplares do Chronosport foram produzidos nos anos 70, sem nunca terem sido comercializados porque eram protótipos… e porque a crise provocada pela afluência do quartzo asiático deixou uma boa parte da indústria suíça paralisada praticamente de um momento para o outro.

No pulso: o Chronosport tem um tamanho versátil | Foto: cortesia Nivada Grenchen

Ou seja, o Chronosport original é um verdadeiro tesouro para colecionadores. E a sua reinterpretação afigura-se preciosa para quem gosta do género.

Valências neo-vintage

O novo Chronosport foi concebido segundo a tecnologia contemporânea, mas mantém o design original de forte personalidade assimétrica devido à configuração do mostrador. De fundo preto mate texturizado, conta com dois submostradores beijes surpreendentemente posicionados às 9 (pequenos segundos) e às 12 horas (totalizado de minutos). A escala taquimétrica na periferia reforça-lhe o espírito desportivo, juntamente com a linha de texto vermelha alusiva à estanquidade. Os índices em forma de bastão são revestidos de matéria luminescente com uma bola em tom creme ou branca, tal como os ponteiros principais. E essa diferença é uma importante nuance no que diz respeito ao Chronosport: está disponível em duas versões praticamente iguais, distinguindo-se apenas nessa diferença entre material luminescente amarelado (como se fosse patinado pelo tempo) e branco (para todos aqueles que não acham piada àquilo que alguns fundamentalistas apelidam de ‘fauxtina’).

A versão do Chronosport com matéria luminescente em tom bege | Foto: cortesia Nivada Grenchen

Outro dado relevante é a origem do mostrador assimétrico, desenhado na altura por um dos principais fornecedores da época: Jean Singer, responsável por mostradores tão famosos como os do Omega Speedmaster Racing, do Heuer Skipper e… do Rolex Daytona conhecido por ‘Paul Newman’ — daí os submostradores do Chronosport também apresentarem um peculiar grafismo Art Déco definido pela Rolex como ‘exotic dial’. No Chronosport, todos os condimentos vintage que fazem a ponte para o original asseguram um estilo único que é certamente do agrado de muitos puristas, aficionados e saudosistas. E não só!

A combinação de cores contribui para o apelo do Chronosport | Foto: cortesia Nivada Grenchen

Quanto à caixa, apresenta um formato geométrico cushion com 38 mm de diâmetro e é construída em aço inoxidável 316L, com uma espessura de 15,7 mm; é encimada por um vidro de safira convexo com revestimento anti-reflexo, garantindo robustez e clareza. Para o visual também contribui uma luneta giratória unidirecional em alumínio canelado, dotada de um ponto de referência branco ou amarelo ao meio-dia. A estrutura é estanque até 200 metros, o que faz do Chronosport uma peça de resistência desportiva.

Complemento visual

E para os mais caprichosos e exigentes aficionados, a Nivada Grenchen coloca à disposição dez diferentes tipos de braceletes e correias — que vão desde três distintas braceletes metálicas, uma bracelete em cauchu, outra em tela têxtil e várias correias de pele preta ou castanha. Para um look diferente consoante a ocasião, mais ou menos lúdica.

Quatro versões do Chronosport consoante o tipo de bracelete e correia | Foto: cortesia Nivada Grenchen

Os entusiastas da velocidade apreciarão o facto de o Chronosport estar equipado com uma escala taquimétrica que lhe reforça a tal conotação racing e permite medir a velocidade ao longo de uma distância conhecida, acrescentando uma dimensão técnica apreciada por pilotos. Ou seja, um adorno que é tão estético como funcional: inicia-se a cronometragem quando o objeto ou veículo começar mover-se; para-se o cronógrafo depois de o objeto ou veículo ter percorrido uma distância conhecida (1 km ou 1 milha) e faz-se então a leitura da velocidade média diretamente na escala do taquímetro onde o ponteiro dos segundos do cronógrafo parou. A título de exemplo: se um carro percorre um quilómetro em 30 segundos, o ponteiro dos segundos irá parar na marca 120 na escala do taquímetro, indicando uma velocidade média de 120 km/h.

O Chronosport com a sua bracelete em T; estão disponíveis três diferentes braceletes metálicas | Foto: cortesia Nivada Grenchen

Adequadamente, o Chronosport é motorizado pelo conhecido calibre cronográfico automático Valjoux 7750 da ETA, que nasceu precisamente na década de 70, com reserva de marcha de 42 horas e funções completas: horas centrais, minutos centrais, segundos centrais e data. De construção integrada, é o movimento cronográfico mais usado e testado na história da relojoaria mecânica de pulso — pelo que a sua fiabilidade é sobejamente conhecida. O movimento do Chronosport original também era Valjoux, mas o 7765 de corda manual.

O fundo fechado e personalizado com gravação em relevo | Foto: cortesia Nivada Grenchen

O novo Chronosport da Nivada Grenchen está disponível para pré-encomenda (preço: 2.035 euros) desde 25 de julho e somente durante um mês: todos esses exemplares serão numerados; após 25 de agosto, o Chronosport entrará na coleção permanente mas sem numeração individual. A entrega da primeira série numerada será efetuada em outubro.

Nivada Grenchen Depthmaster “CYO – Create Your Own”
Uma reedição de mergulho: o Depthmaster ‘CYO – Create Your Own’ | Foto: cortesia Nivada Grenchen

«A Nivada Grechen é uma marca cheia de surpresas, com um rico património de linhas excecionais e muito variadas. Descobrimos quase diariamente antigos modelos vintage que vale a pena reeditar; existe uma comunidade muito forte que segue e partilha o desenvolvimento da marca, que está com uma produção anual que já ultrapassa as 4.000 peças», diz Guillaume Laidet. «O neo-rétro continuará a ter belos dias pela frente. As modas inspiram-se frequentemente no passado e em coleções históricas, dando-lhes um twist moderno», remata. É o caso do Chronosport, mais um belo exercício de estilo com a assinatura da Nivada Grenchen.

 

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