No McLaren Technology Center — O Campeonato do Mundo de Fórmula 1 de 2016 arranca em breve em Melbourne, no Grande Prémio da Austrália. Com a ligação a duas escuderias (McLaren e Haas), a Richard Mille assumiu a pole position do pelotão relojoeiro — enquanto a Rolex mantém o estatuto de cronometrista oficial.
Depois dos primeiros treinos oficiais em Barcelona, o Campeonato do Mundo de Fórmula 1 terá em breve a sua prova inaugural de 2016 e os participantes já se encontram em Melbourne a preparar o Grande Prémio da Austrália. A par do interesse competitivo, a nova época traz consigo um redobrado interesse no plano relojoeiro — e nunca antes se viram tantas marcas associadas às escuderias participantes. A Rolex assegura a cronometragem do circuito pela quarta temporada consecutiva e é mesmo title sponsor de alguns Grandes Prémios (como o inaugural), ao passo que praticamente todos os bólides do pelotão apresentarão insígnias relojoeiras.
Entretanto, a TAG Heuer — que esteve ao longo de três décadas com a McLaren — surge este ano associada à Red Bull Racing Formula 1 Team, a Hublot prossegue a ligação à Scuderia Ferrari iniciada em 2011, a IWC continua com a Mercedes AMG Petronas, a Oris tem já uma duradoura parceria com a Williams Martini Racing (o modelo mais recente no âmbito desta última parceria é Oris Williams Engine Date), a Casio apoia a Scuderia Toro Rosso através da submarca Edifice, a Bell & Ross estreia-se com o Renault Sport Formula 1 Team, a Sauber (equipa suíça) faz-se acompanhar da Edox e a Sahara Force India assinou com a TW Steel. Ou seja: só a Manor Racing (ainda) não tem parceria de âmbito relojoeiro.
Mas é a Richard Mille quem assume preponderância antes do arranque da temporada, ao tornar-se na cronometrista oficial tanto da cinquentona McLaren-Honda como da novel Haas F1 Team. A dupla associação à disciplina máxima do desporto motorizado acentua ainda mais a auréola de vanguardismo da jovem marca de alta-relojoaria contemporânea fundada em 2001 e conhecida pelas soluções tecnológicas de ponta em relógios que estão apenas ao alcance de uma clientela muito endinheirada. Tal como os supercarros McLaren.
E foi precisamente no cenário vanguardista do McLaren Technology Center que foi feito o anúncio da ligação entre a Richard Mille e a McLaren, na sequência de uma conferência de imprensa preparada com enorme sigilo e para a qual a Espiral do Tempo foi um dos poucos meios de comunicação convidados. Richard Mille e Ron Dennis deram o mote perante um restrito lote de convidados e anunciaram um acordo de 10 anos — surgindo de seguida o piloto britânico Jensen Button, campeão do mundo de 2009, vestido a rigor e com o pulso devidamente apetrechado.
Perante tradicionais manufaturas seculares, a Richard Mille apresenta uma história muito recente mas rica em feitos técnicos inéditos e premiada com os mais diversos galardões. Para além de uma estética resolutamente modernista que abriu uma nova via na relojoaria, os relógios Richard Mille desbravaram novos caminhos no recurso a materiais inéditos e na utilização de complicações mecânicas; a badalada parceria com consagrados campeões de várias modalidades (do atletismo ao golfe) também contribuiu para a sua auréola de prestígio e até aos dias de hoje ninguém mais conseguiu conceber um relógio dotado de turbilhão (complicação relojoeira por excelência, extremamente sensível) que pudesse ser submetido a acelerações tão extremas como as que sucedem no pulso do campeoníssimo de ténis Rafael Nadal, cujo RM27-02 — com pouco mais de 20 gramas de peso e um preço de quase 800 mil euros — apresenta um mecanismo dotado de turbilhão capaz de aguentar acelerações até 5.000 Gs. Mas o primeiro embaixador da marca até foi um piloto de Fórmula 1 do qual Richard Mille é amigo pessoal: o brasileiro Felipe Massa.
Comparativamente com a década e meia de vida da marca Richard Mille, a McLaren cumpre o seu 50.º aniversário na Fórmula 1 em 2016 — e apresenta um currículo recheado de 20 títulos mundiais e 182 Grandes Prémios, tendo tido a TAG Heuer como cronometrista oficial ao longo de 30 anos. A nova associação implica a colocação do logótipo da Richard Mille no MP4-31 que irá disputar o Campeonato do Mundo deste ano e a utilização de relógios da marca por parte de Fernando Alonso e Jenson Button, estando prevista a criação de uma linha específica de modelos dedicados à parceria e com caraterísticas técnicas de exceção. Ansiosamente à espera desses novos modelos, Jenson Button utilizou na conferência de imprensa um RM011-FM Felipe Massa ‘Black Night’ em fibra de carbono com cronógrafo flyback, calendário anual ajustável e função countdown. Aqui está ele, ao meu lado:
Richard Mille é um admirador de longa data da McLaren e possui na sua vasta coleção de bólides de Formula 1 vários exemplares vintage da escuderia sedeada em Woking. «A parceria com a McLaren diz-me muito porque ainda recordo vivamente o facto de ter sido o primeiro construtor a introduzir um monocoque totalmente em fibra de carbono na Fórmula 1, em 1981; foi uma tecnologia revolucionária e eu, duas décadas depois, consegui adotar a mesma solução técnica às caixas e à base dos mecanismos dos nossos relógios. A casa Richard Mille personifica a essência do desporto motorizado; dedicamo-nos aos desafios mecânicos mais extremos e sempre nos inspirámos nos conceitos e materiais usados na Fórmula 1», comentou Richard Mille. O habitualmente circunspecto Ron Dennis também se revelou contente com a nova associação.
«O facto de a Richard Mille se ter estabelecido na vanguarda do mundo relojoeiro ao cabo de uma década e meia é um atestado à sua visão e determinação. A parceria de 10 anos revela que acreditamos na mais-valia de acordos de longa duração e dos benefícios daí resultantes. Partilhamos o mesmo ADN relacionado com a paixão pelo design, tecnologia e estética», confessou o patrão da McLaren. Curiosamente, a assinatura do contrato foi feita com a caneta Richard Mille RMS05 — cujo preço anda à volta dos 88 mil euros e que Richard Mille ofereceu a Ron Dennis logo de seguida. Apercebi-me desse pormenor e perguntei a Richard Mille se Ron Dennis estava a par do preço de tão extraordinário instrumento de escrita. Riu-se e disse-me: «Nunca revelo o preço dos presentes que ofereço». A caneta RMS05 apresenta um mecanismo inspirado nos calibres relojoeiros para fazer deslizar a ponta para fora e para dentro do monocoque em carbono. Raramente uma assinatura de um acordo foi feita com algo tão adequado à natureza do contrato…
A ligação da Richard Mille à Formula 1 não se ficou pelo McLaren Technology Center. Para grande surpresa, logo na semana imediatamente a seguir foi anunciada uma segunda parceria ao mais alto nível, desta feita com a Haas F1 Team, primeira escuderia dirigida por americanos na disciplina máxima do desporto motorizado ao cabo de 30 anos. E o mercado americano é muito importante para a Richard Mille.
O seu fundador sabe disso: «A equipa Haas F1 team entra na Fórmula 1 assente nos seus anos de experiência no NASCAR e gostamos de trabalhar com gente entusiasta. Eles lançaram-se numa nova aventura, tal como nós gostamos de nos lançar em novas aventuras relojoeiras. E também era importante continuarmos a apoiar o nosso embaixador Romain Grosjean». Eis o jovem piloto francês nos testes com o novo modelo RM 011 Red TPT sobre a combinação.
Romain Grosjean é embaixador da marca desde 2014 e tem mesmo um modelo Richard Mille excecional com o seu nome elaborado quando corria pela Lotus — o RM50-01 lotus F1 Team Romain Grosjean com caixa em ouro e carbono NTPT, turbilhão, cronógrafo e sensor G com um preço à volta dos 900 mil euros! «Nenhuma marca relojoeira reflete tão bem o universo da Fórmula 1», diz Romain Grosjean — com quem estive em Londres no final do ano passado, tendo mesmo tido a oportunidade de fotografar o seu relógio no meu pulso.
E como não há duas sem três, a Richard Mille voltou a surpreender com outro anúncio ainda mais recente. Depois da McLaren e da Haas no âmbito da Formula 1, revelou uma nova parceria com a Aston Martin — que antes esteve associada à Jaeger-LeCoultre durante quase uma década. O fito é criar uma nova linha em colaboração com a equipa de design da escuderia britânica, que tem Marek Reichman como diretor criativo. O acordo inclui a participação no campeonato do Mundo de Endurance, nas 24 Horas de Le Mans e nas 24 Horas de Nurburgring. Pelos vistos, Richard Mille não quer parar de carregar no acelerador… em breve se verá que outras marcas surgirão no universo do desporto motorizado e lá para o fim de ano ficaremos a saber quais as que conseguiram os melhores resultados desportivos.
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