O tamanho importa

Ao longo dos últimos 25 anos, o tamanho médio dos relógios começou por crescer exponencialmente e tem estado a decrescer acentuadamente. Algumas das propostas mais marcantes do Watches and Wonders de 2023 apresentam diâmetros contidos e está em voga uma corrente que exalta os tamanhos pequenos, mas essa preferência não se justifica em várias tipologias. Aqui fica a necessária análise e o apelo à inclusão num universo relojoeiro que também é povoado por fundamentalistas. Um artigo para ler integralmente na edição de verão 2023 da Espiral do Tempo.

Afinal o tamanho importa ou não? A infame tirada de conotação anatómica é frequentemente trazida à baila nos meandros relojoeiros para ajuizar a pertinência de modelos sobredimensionados ou de diâmetros mais contidos — mas não se pode eleger um determinado diâmetro como sendo canónico. A questão é bem mais subjetiva e está sujeita a múltiplas condicionantes, que vão desde a tipologia do relógio até à sua arquitetura, sem esquecer o tamanho do pulso do utilizador e mesmo a época em que foi lançado. 

Hublot Classic Fusion | © Hublot

No presente milénio, tem havido uma evidente oscilação no que diz respeito ao tamanho médio dos relógios. Há cerca de 20 anos, a propensão era claramente para os modelos sobredimensionados; a eclosão do mercado vintage e a proliferação de reedições a partir de 2010 fizeram diminuir os diâmetros e baixar a volumetria. Esse vai-e-vem acaba por ser interessante num plano técnico e até mesmo sociológico, tendo em conta a flutuação das tendências e as medidas que as marcas foram obrigadas a tomar para se ajustarem à conjuntura do mercado.

O certo é que na edição deste ano do Watches and Wonders houve vários lançamentos que confirmam um evidente decréscimo nos diâmetros. A Tudor, que já tinha complementado o seu bestseller Black Bay (introduzido em 2012 com 41 mm) com o Black Bay 58 de 39 mm em 2020, lançou o Black Bay 54 com 37 mm. O Chopard L.U.C 1860 com mostrador salmão e 36,5 mm de diâmetro foi um dos preferidos da crítica. A Oris continua a apostar nos Big Crown de 38 mm. A Panerai introduziu o Radiomir Quarantta de ‘apenas’ 40 mm. Vedetas da música e do cinema mostram-se com relógios pequenos, nalguns casos quase microscópicos. 

Panerai Luminor Due 38 mm - PAM1319
Panerai Luminor Due 38 mm – PAM1319 | © Panerai

Curiosamente, foram atores de Hollywood a espoletar a vaga de relógios sobredimensionados que caraterizou a indústria a partir do final dos anos 90 e durante quase uma década. Sylvester Stallone e Arnold Schwarzenegger usaram deliberadamente modelos grandes nos seus musculados filmes — Stallone contribuiu para que a Panerai passasse de um segredo de aficionados de relógios militares para uma marca de ambições planetárias, enquanto Schwarzenegger fez com que a Audemars Piguet explodisse no mercado americano. Utilizou uma versão especial do Royal Oak Offshore no filme End of Days e usou o maior exemplar jamais saído dos ateliers da manufatura de Le Brassus na derradeira sequela do Exterminador Implacável: o Royal Oak Offshore T3, com uma caixa de 61 mm de comprimento por 57,20 de largura e 15,65 de espessura! O novo milénio começava literalmente em grande.

Os novos produtos Chopard em Lucent Steel
Os novos produtos Chopard em Lucent Steel | © Chopard

Leia o artigo completo no número 83 da Espiral do Tempo (verão 2023)

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