Em Cascais — O reputado campo de regatas de Cascais recebeu na passada semana a prova de conclusão do circuito 52 Super Series, que tem a Zenith como cronometrista oficial. A manufatura de Le Locle organizou um evento para celebrar a ocasião e em breve será a vez da HYT fazer algo de semelhante, também em Cascais. A vela sempre foi uma área de ação privilegiada para as mais prestigiadas marcas relojoeiras.
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Muito antes do surgimento do automóvel ou mesmo do comboio, o barco foi o primeiro grande meio de transporte – e a relojoaria mecânica está intimamente ligada à navegação, ajudando a resolver o problema do cálculo da longitude. O desenvolvimento dos cronómetros de marinha contribuiu decisivamente para a evolução da relojoaria de precisão e, hoje em dia, qualquer relógio de pulso mecânico é herdeiro dessa progressão histórica operada entre os séculos XVII e XVIII. O advento da vela enquanto atividade desportiva de prestígio também concitou as atenções das marcas relojoeiras (sobretudo a partir da década de 90) e atualmente são várias as que se associam aos mais relevantes eventos náuticos.
Uma delas é a Zenith, que tem um interessante passado recente de cooperação com o mundo da vela. Na presente década começou por apoiar o Hydroptère de Alain Thiébault, tem estado com o Spindrift de Donna Bertarelli (com a criação de um modelo em edição limitada) e tornou-se cronometrista oficial do circuito 52 Super Series – um campeonato de monocascos cuja conclusão da edição de 2015 se deu em Cascais com a realização da derradeira de cinco etapas, após quatro provas mediterrânicas ao largo de Espanha e Itália.
Sendo a vela de competição uma disciplina náutica permanentemente virada para a velocidade e inovação, não admira que várias companhias relojoeiras tenham estabelecido parcerias com as mais famosas regatas nos últimos tempos – até porque há sempre a contagem decrescente para a partida e tudo pode ficar decidido numa questão de segundos: o fator tempo está sempre presente. O circuito 52 Super Series representa um nível extremamente apurado de corridas em monocasco, acessível apenas a peritos altamente qualificados e tripulações capazes de um trabalho de equipa afinadíssimo para tirar o melhor partido possível dos veleiros TP52.
Com tripulações de 12 (ou 13) elementos, as embarcações TP52 apresentam 15,84 m de comprimento por 4,08 m de largura e 3,19 m de calado; pesam cerca de 7,5 toneladas e ostentam uma área vélica máxima de 375 m², podendo atingir 26 nós de velocidade: a envergadura de pano é de 156 m² mas é possível libertar-se uma vela suplementar, à proa, em condições especiais de vento para atingir velocidades máximas. O orçamento da participação de cada barco em cada temporada anda à volta do milhão e meio de euros.
Estiveram presentes nas regatas ao largo de Cascais 12 equipas de sete países, com tripulações que integraram alguns dos velejadores mais experimentados do mundo (incluindo dois velejadores portugueses). E foi o Quantum Racing, do norte-americano Doug DeVos, a sagrar-se vencedor da Cascais Cup – mas com o Azzurra de Alberto Roemmers a terminar no primeiro lugar da classificação geral para comemorar a vitória no circuito em 2015.
A prova apresentou condições fantásticas e desenrolou-se sob um sol glorioso; no derradeiro dia foram realizadas mais duas regatas para cumprir o programa previsto, com o Vesper a ganhar a primeira à frente do Quantum Racing e o XIO Huracan (com o medalhado olímpico Hugo Rocha e Paulo Manson na tripulação) a terminar na terceira posição. Na segunda regatta dominical, o Azzurra fechou as 52 Super Series 2015 com ouro sobre azul ao deixar o Alegre e o Quantum Racing nos restantes lugares do pódio. Contas feitas à geral da Cascais Cup: vitória do Quantum Racing, seguido do Azzurra e do Vesper – ao passo que o XIO Huracan dos portugueses Hugo Rocha e Paulo Manso acabou na 12ª posição da tabela classificativa. Nas 52 Super Series 2015, e depois de cumpridas as cinco etapas, o título foi arrebatado pelo Azzurra, com o Quantum Racing a terminar em segundo na classificação e o Sled a ficar com o terceiro lugar.
A etapa cascalense, como as anteriores, teve a cronometragem oficial dos relógios Zenith a partir do Clube Naval de Cascais e no acompanhamento das regatas no mar. A entidade importadora da marca para Portugal – a J. Borges Freitas – organizou um evento paralelo para sublinhar a associação ao campeonato e apresentar depois no Farol Design Hotel alguns dos seus modelos mais recentes: em destaque, dois exemplares de alta-relojoaria do catálogo da Zenith, como o Academy Cristóvão Colombo (destacado numa das recentes edições da Espiral do Tempo) e o Academy Georges Favre-Jacot que se pode ver nas seguintes imagens.
Mas também vários outros modelos, com destaque para os cronógrafos El Primero 36’000 e para a edição limitada dedicada aos Rolling Stones. Claro que tínhamos de aproveitar o ambiente singular do Farol Design Hotel para uns wristshots e fotografias personalizadas. E, já agora, tirei também uma fotografia ao meu clássico Class El Primeiro que se está já a tornar num relógio vintage.
Ao longo da próxima semana a vela de competição ao mais alto nível estará de regresso a Cascais com os RC44, cujo circuito – designado RC44 Championship Tour – tem por oficial timekeeper a jovem marca conceptual de hidro-mecânica HYT… ao mesmo tempo que, na Côte d’Azur, a Richard Mille patrocina as Voiles de St. Tropez. Não há dúvida de que a associação entre a vela e a relojoaria está de vento em popa!
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