São mais de 350 peças incontornáveis, entre relógios e joias, que contam a história de uma das mais reconhecidas casas de joalharia e relojoaria. O Victoria & Albert Museum, em Londres, promove até ao próximo dia 16 de novembro uma exposição que mergulha no legado criativo da Cartier desde o virar do século XX até aos dias de hoje.
A Cartier é protagonista de uma exposição, no Victoria & Albert Museum, em Londres, que celebra a herança artística, técnica e cultural da casa francesa. Com curadoria de Helen Molesworth e Rachel Garrahan, a mostra reúne mais de 350 peças de relojoaria e joalharia que refletem a evolução da identidade da marca, desde as suas origens e reconhecimento enquanto ‘joalheiro dos reis’ a nome incontornável no mundo do luxo contemporâneo.

«A Cartier é uma das casas de joalharia mais famosas do mundo. Esta exposição explora a forma como Louis, Pierre e Jacques Cartier, juntamente com o seu pai, Alfred, adotaram uma estratégia de design original, artesanato excecional e expansão internacional que transformou a joalharia da família parisiense num nome familiar», referem as curadoras no site do museu.

Fundada por Louis-François Cartier, em 1847, a Cartier tem, assim, um percurso notável que passou muito pela visão dos netos do fundador que não só levaram o nome da marca para todo o mundo, como tiveram o mérito de conquistar fieis clientes de elite, incluindo protagonistas da realeza de diversos países, estrelas do cinema e de inúmeras outras áreas. O mérito passou também pelo facto de, num percurso com tanta diversidade, ter sido possível manter um estilo muito próprio.
É com base nesta premissa de evolução que a exposição está organizada.
Cartier em exposição

De acordo com a informação disponibilizada pelo museu, a primeira parte da exposição Cartier explora as fontes de inspiração e o nascimento do estilo Cartier, com destaque para a estética Garland Style, inspirada nas artes decorativas francesas do século XVIII, e para criações que refletem influências globais, como uma pregadeira em forma de escaravelho da Cartier London ou peças que reinterpretam formas tradicionais indianas e islâmicas com requinte europeu.

Entre os objetos expostos, saltam à vista a célebre pregadeira com o Diamante Williamson, oferecido à Rainha Isabel II no seu casamento e transformado pela Cartier num símbolo de sofisticação, bem como um impressionante colar cerimonial encomendado pelo marajá de Patiala, em 1928, no qual a opulência indiana e a geometria da Art Déco dão as mãos.

A segunda parte mergulha no coração dos ateliers criativos da Cartier e nos materiais que dão vida às peças. Entre os tesouros expostos, encontra-se um colar de jade da herdeira americana Barbara Hutton, a pregadeira Allnatt com um diamante amarelo de 101 quilates, e a incontornável banda Tutti Frutti da família Mountbatten.

É nesta secção que a relojoaria ocupa um espaço de maior relevância, com destaque para o relógio de pulso Santos de 1904, referenciado como o primeiro relógio de pulso masculino moderno, o inconfundível Crash de 1967, intrinsecamente ligado ao disruptivo espírito da cidade de Londres da década de 1960 e, ainda, um conjunto bem representativo de relógios misteriosos, com ponteiros que parecem flutuar no mostrador, uma engenhosa solução que a marca acabou por explorar até aos dias de hoje.

Relógio para secretária com tinteiro, Cartier Paris, 1908 | Foto: Cartier
Já a terceira parte, aborda o poder da imagem da Cartier e a forma como a casa francesa tem conseguido reinventar o seu prestígio ao longo do tempo, através da imagem, uma forte estratégia de marketing, publicidade e aproximação aos públicos certos através do empréstimo de peças, por exemplo. Desde a sua presença na Exposição Internacional de Artes Decorativas de 1925 até ao modo como conquistou nomes reconhecidos de diversas áreas, incluindo moda, cinema, música, a Cartier soube seguir o seu caminho e adaptar-se às evoluções, sem deixar de lado a sua identidade.

Por fim, destaque para a coleção de tiaras que encerra a exposição, um tipo de criações com as quais a Cartier se conseguiu destacar. Como sabemos, as acabam por ser um dos pontos altos da arte joalheira, por serem consideradas como expressão máxima da imaginação e perícia dos artesãos, mas também pelo modo como estão associadas à distinção no estatuto. Entre as peças expostas, destaca-se a tiara de opala encomendada por Mary Cavendish, marquesa de Hartington, e que foi usada como colar pela Rainha Isabel II, na sua coroação. Outra das peças é a tiara Scroll, em Garland Style, usada também na coroação e, mais recentemente, por Rihanna. O site destaca ainda uma tiara criada pela Cartier Londres, em 1934, inspirada no Antigo Egito e usada por Begum Aga Khan III.
A não perder
A exposição Cartier estará patente na Sainsbury Gallery do Victoria & Albert Museum, em Londres, até ao dia 16 de novembro, com ingressos que começam nas 27 libras durante a semana e com possibilidade de marcação através do site oficial do museu. Também vale a pena visitar o site para saber mais sobre algumas das peças expostas. Aqui fica o link (link exerno): Victoria & Albert Museum