Ir de Brescia a Roma pelo lado oriental da península itálica e regressar pela costa ocidental, num histórico percurso de mil milhas percorridas por extraordinárias viaturas diante de estonteantes cenários: essa conjugação fez da Mille Miglia uma épica manifestação automobilística e a mais bela corrida do mundo. Com uma notável associação relojoeira sob a chancela da Chopard.
A Itália é um dos berços da civilização ocidental, e da Península Itálica saíram conquistadores romanos que moldaram a face da Europa graças à sua superioridade urbanística. Foi também de lá que o Renascimento retirou o Velho Continente das trevas e lhe deu um futuro artístico mais luminoso. Sem esquecer várias das mais famosas escuderias que contribuíram para o progresso do desporto motorizado. A cultura milenar, uma gastronomia peculiar e a diversidade geográfica fazem com que a Mille Miglia seja a mais bela manifestação automobilística do mundo — estando atualmente formatada como um rali de clássicos que é simultaneamente uma homenagem ao bom gosto apadrinhada pela Chopard.
Enzo Ferrari tinha razão: a Mille Miglia é mesmo la più bella corsa del mondo para quem teve oportunidade de a vivenciar enquanto afortunado concorrente ou entusiasta espetador. A autoproclamação é justa — trata-se de uma corrida retrospetiva, protagonizada pelas melhores máquinas automóveis produzidas pelo homem na primeira parte do século XX e realizada ao longo de maravilhosos cenários naturais carregados de referências incontornáveis. Daí se tratar de uma daquelas competições onde o importante é participar, porque vencer torna-se um mero privilégio suplementar. Ao cabo de mil milhas: cerca de 1600 quilómetros, de Brescia a Roma e de regresso a Brescia em viaturas construídas entre 1927 e 1957.
Foi nessa baliza temporal de três décadas que decorreu a Mille Miglia original, a famosa corrida que exalava um fascínio tal que seduziu os melhores pilotos do planeta e juntou centenas de milhares de tifosi nas bermas das estradas para testemunharem as proezas das mais rápidas viaturas daqueles tempos. Por vezes, perto demais e com nefastas consequências…
Uma reportagem para ler no nº 83 da Espiral do Tempo (verão 2023).