Mystery Box: Forget Time, por Fiona Krüger e Denis Flageollet

O mistério do tempo ganha uma nova dimensão com a Mystery Box: Forget Time, uma criação que nasce da colaboração entre Fiona Krüger e Denis Flageollet, com base nas noções de impermanência do tempo exploradas por Carlo Rovelli. Um convite à reflexão.

Três nomes incontornáveis no universo da relojoaria e da reflexão sobre o tempo: Carlo Rovelli, Fiona Krüger e Denis Flageollet. Uma caixa misteriosa que convida a parar. Eis o mais recente projeto a nascer no mundo da relojoaria, numa altura em que tempo parece ser aquilo que mais falta.

Rovelli, físico teórico, é conhecido pelas suas perspetivas sobre a impermanência do tempo. Fiona Krüger, artista e relojoeira, explora a efemeridade da existência através de relógios profundamente simbólicos em forma de caveira. Já Denis Flageollet, fundador da De Bethune, conjuga a tradição artesanal com uma visão futurista da relojoaria mecânica. E foi a partir destas três visões que nasceu a Mystery Box: Forget Time, uma criação mecânica que representa e incorpora o enigma do tempo.

Mystery Box: Forget Time
A Mystery Box: Forget Time resulta da colaboração entre Fiona Krüger e Denis Flageollet | Foto: cedida por De Bethune

Inspirada precisamente nos conceitos de impermanência do tempo pelo físico Carlo Rovelli, esta misteriosa caixa foi concebida por Fiona Krüger e concretizada tecnicamente em colaboração com Denis Flageollet, numa fusão entre arte e relojoaria que pretende convidar a redefinir a nossa perceção do tempo através de uma viagem que tem um cubo como ponto de partida.

Uma reflexão pessoal

A Mystery Box: Forget Time nasceu de uma reflexão pessoal de Fiona Krüger sobre a natureza instável do tempo. A artista relojoeira tinha em vista materializar numa peça a noção de que «o tempo flui a velocidades diferentes consoante o lugar; o passado e o futuro diferem muito menos do que pensamos, e até a noção de presente desaparece no universo infinito», como defende Rovelli.

O conceito e o design é da autoria de Fiona Kruger; já a realização esteve a cargo da Manufacture De Bethune e da Hawthorne Fine Boxes | Fotos: cedidas por De Bethune

Para isso, recorreu a padrões de linhas e pontos sobrepostos para criar uma representação da fragmentação da realidade. «As minhas criações têm como objetivo captar a essência do tempo e tornar visíveis os seus mistérios. São um convite à reflexão sobre a nossa existência, dando vida a essa história através de objetos mecânicos», explica Krüger.

Denis Flageollet, mestre relojoeiro e fundador da De Bethune, trouxe à peça, por seu lado, uma execução técnica de exceção, tal como é habitual nas criações da sua autoria. Fiel à sua abordagem experimental, refere que nunca deixou de trabalhar com relógios de outra natureza «porque abrem um espaço muito mais amplo do que um relógio de pulso e oferecem-me uma grande liberdade de expressão mecânica e artística».

Um cubo que guarda um relógio, num convite à reflexão sobre o tempo | Foto: cedida por De Bethune

O resultado traduz-se num objeto misterioso, em forma de cubo, composto por duas fases distintas e que indica o tempo de uma maneira muito própria.

O tempo numa caixa (ou uma caixa de tempo?)

A Mystery Box: Forget Time apresenta-se como um objeto em duas partes. A parte exterior, distingue-se pelo trabalho de marchetaria assinado pela artesã Emeline Dépaila, da Hawthorne Fine Boxes, através do qual linhas de madeira escura se entrelaçam com incrustações de madrepérola, numa evocação do movimento de fotões no cosmos.

Um cubo de tempo: a caixa guarda um relógio mecânico | Foto: cedida por De Bethune

Fragmentos lineares subtis emanam de um eixo central e sugerem um mundo em expansão, dinâmico e misterioso. É a designada ‘parte A’: uma superfície misteriosa, onde uma chave suspensa convida à interação. Ao acionar um botão oculto, o cubo divide-se e revela o segredo que guarda: um relógio mecânico.

O conceito mecânico transmite a continuidade do tempo e foi desenvolvido na De Bethune | Foto: cedida por De Bethune

Na ‘parte B’, interior, os indexes flutuam em tubos de vidro, sugerindo um tempo em constante mutação, em perfeita sintonia com o pensamento de Rovelli. As horas e minutos parecem dissolver-se numa dança silenciosa, enquanto discos de madrepérola irradiam subtilmente, dando forma ao movimento. É um relógio dinâmico que transcende a função utilitária e se transforma numa representação visual do tempo, como processo contínuo, e não como medida estática.

Reflexo dos tempos

Mais do que um relógio de mesa com características únicas, a Mystery Box: Forget Time é também um objeto de design, concebido como uma experiência imersiva. A sua profundidade estética e reflexiva, aliada à componente filosófica em torno do tempo, convida a parar, ainda que por instantes, numa mensagem quase paradoxal perante o ritmo acelerado do mundo contemporâneo.

A caixa é feita em marchetaria com incrustações em madrepérola | Foto: De Bethune

E há ainda que destacar o lado enigmático que nos fez recordar também o conceito explorado pela Trilobe este ano no seu Les Temps Retrouvé, e o lado de inspiração cósmica, que vimos também explorado pela Chanel e pela Panerai.

Seja como for, o ano de 2025 está a revelar-se um ano fértil e estimulante no universo dos relógios de mesa, com criações que ultrapassam a função e se afirmam como plataformas de expressão artística e existencial. A Mystery Box:Forget Time é uma delas e destaca-se por ser muito mais do que um relógio com foco na indicação do tempo.

É uma edição limitada a 20 exemplares.

Visite o site oficial da Fiona Kruger para mais informações.

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