Em Genebra | Por ocasião do seu 40º aniversário, o Laureato ressurgiu em força há dois anos. Desde então, a Girard-Perregaux tem alargado a família com a inclusão de modelos mais complicados; depois da introdução do cronógrafo em Janeiro, há cerca de um mês foi apresentada em Genebra uma nova versão com calendário perpétuo. Nós estivemos lá.
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A Girard-Perregaux escolheu o grande dia do Grand Prix d’Horlogerie de Genève para apresentar, ao início da tarde de 9 de novembro e no Fiskebar do Quai de Montblanc, dois novos modelos em guisa de aperitivo da próxima edição do Salon International de la Haute Horlogerie – um modelo feminino Cat’s Eye com mostrador em Aventurine dotado de fases da lua e uma variante do Laureato com calendário perpétuo. Foi também a primeira apresentação de produto pública de Patrick Pruniaux enquanto novo CEO da Girard-Perregaux, sucedendo a Antonio Calce e acumulando as mesmas funções diretivas que já tinha na Ulysse Nardin, a outra marca histórica do grupo Kering.
Atendendo ao historial da linha Laureato e à sua relevância na estratégia da manufatura de La Chaux-de-Fonds, vamos destacar o Laureato Perpetual Calendar – que vem alargar ainda mais a família Laureato, ‘ressuscitada’ há dois anos no catálogo da Girard-Perregaux e com uma linhagem que remonta a meados da mais revolucionária de todas as décadas da história recente. De facto, os anos 70 revelaram uma forte inclinação para a contracultura através de um corte epistemológico com o passado classicista e uma rotura relativamente a padrões tradicionais. O Laureato foi um dos pontas-de-lança dessa nova tendência que ia contra o uso do formato redondo convencional mediante um design integrado que fundia caixa e bracelete em modelos de um material democrático (o aço inoxidável) mas com acabamentos exclusivos (ditos de alta-relojoaria).
Cerca de 40 anos depois, a Girard-Perregaux ressuscitou o Laureato num modelo em edição limitada que visava homenagear o original de 1975. Convém recordar que não houve um hiato de quatro décadas; ainda há cerca de dez anos o Laureato surgia no catálogo da marca numa versão mais moderna designada Laureato EVO, que até incluiu uma atraente variante cronográfica dotada de calendário perpétuo. Entretanto, o Laureato EVO saíu de circulação até que, em plena fase revivalista da relojoaria, regressou numa forma mais pura. Num par de anos, a linha Laureato transformou-se numa coleção multidisciplinar com a adição da variante cronográfica no pretérito mês de janeiro – e da versão dotada de calendário perpétuo, no mês passado.
Antes de analisarmos mais em detalhe o novo Laureato Perpetual Calendar, convém recordar o mito associado à nomenclatura da coleção. Reza a lenda que o nome de baptismo, sugerido pelo distribuidor italiano da Girard-Perregaux, surgiu na sequência de um polémico filme de culto de Mike Nichols, então protagonizado por Dustin Hoffman, Anne Bancroft e Katharine Ross: a película relata o caso amoroso de um jovem estudante com uma mulher madura (a ‘Mrs Robinson’ da música de igual nome da dupla Simon & Garfunkel!) e tinha por título italiano precisamente ‘Il Laureato’ (tradução do original ‘The Graduate’). O resto, como se costuma dizer, é história. Da relojoaria e do design relojoeiro em particular.
Esteticamente, o Laureato destaca-se por uma luneta dupla recortada octogonalmente sobre uma base redonda. A integração da caixa e da bracelete com alternância de superfícies polidas/escovadas é bem representativa dos anos 70 num design então abraçado pelos modernistas e gradualmente pelos clientes habituais, que então desejavam uma alternativa robusta para modelos mais delicados ou grandes complicações vulneráveis até a bailaricos nas discotecas tão em voga. Convém não esquecer que a década de 70 deu à luz uma nova geração de jet-setters com actividades desportivas mais exigentes que procuravam um relógio de prestígio que pudesse ser utilizado tanto num iate em alto mar como à noite com smoking no casino. Nesse âmbito, o Laureato estava em boa companhia: desenhado por um arquiteto milanês, surgiu depois do Royal Oak da Audemars Piguet (1973), ao mesmo tempo do Ingenieur da IWC (1975) e antes do Nautilus da Patek Philippe (1976) – um trio da autoria do designer Gérald Genta. Depois viriam também o 222 da Vacheron Constantin (antecessor do Overseas) e o Polo da Piaget. Todos eles ícones que são pilares das respetivas coleções nos dias que correm e perfeitos exemplos do estilo daquela década.
Com uma grande diferença: a Girard-Perregaux, que já vinha explorando a revolucionária via do quartzo, dotou o seu Laureato de um inovador movimento de quartzo de fabrico próprio e que na altura era o último grito da tecnologia. Entretanto, a febre do quartzo saiu de cena no que diz respeito à alta-relojoaria e, como manufatura que se preza, a Girard-Perregaux logicamente fez crescer a família Laureato – tanto no passado como no presente – através de variantes exclusivamente mecânicas que fizessem brilhar as suas consagradas valências técnicas. O Laureato Perpetual Calendar é alimentado por um movimento automático próprio e as indicações do calendário surgem de modo original no mostrador azul adornado com o motivo picotado Clous de Paris que é tão caraterístico da linha e da própria década de 70. A disposição descentrada da informação suplementar no mostrador surpreende pela sua assimetria irreverente: a data e o dia da semana têm uma indicação analógica em submostradores, enquanto a indicação do mês é proporcionada por uma seta descentrada que aponta para um disco que surge como um sorriso no rosto do relógio; a informação relativamente ao ano (bissexto ou regular) é feita igualmente de modo analógico num pequeno contador.
A proposta da Girard-Perregaux destacava-se da concorrência e continua a salientar-se pela luneta dupla recortada octogonalmente sobre uma base circular; tanto a integração da caixa e da bracelete como a alternância de superfícies polidas/escovadas na caixa são típicas dos anos 70 mas surgem agora dotadas de uma ergonomia ainda melhor. Com 42mm de diâmetro para 11,84mm de espessura, o Laureato Perpetual Calendar é um perfeito exemplo de inspiração retro-modernista em que as combinações geométricas evocam a progressista década de 70 mas com uma adaptação estética perfeitamente contemporânea.
A motorização foi especialmente criada para servir o Laureato Perpetual Calendar – o novo calibre GP01800-0033, particularmente delgado com os seus 6mm de espessura que contribuem decisivamente para a elegante volumetria da caixa e com 54 horas de autonomia de corda. Como todos os calendários perpétuos, calcula mecanicamente as diferenças de duração dos meses (28, 30, 31 dias) e a particularidade do dia extra (29º) nos anos bissextos, necessitando de uma única correção manual a cada 100 anos. Devido às suas quatro caraterísticas indicações, os calendários perpétuos clássicos (e muitos contemporâneos) são dotados de correspondentes corretores separados; o Laureato Perpetual Calendar apresenta um único botão que facilita qualquer ajuste do ciclo diário, enquanto as restantes indicações são acertadas através da coroa.
Conclusão: uma excelente e bem-vinda adição para a família Laureato.
Visite o site oficial da Girard-Perregaux para mais informações.
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