Novidades 2019: o polarizante Black Bay P01 da Tudor

Em Basileia | Há relógios e depois há as chamadas talking pieces. O experimental Black Bay P01 da Tudor é certamente uma peça que suscita debate, senão mesmo alguma controvérsia. Goste-se ou não, tem uma personalidade vincada. E nós gostamos.

Desde o início da presente década que a Tudor tem mostrado mais arrojo estilístico do que a sua irmã mais velha Rolex, sobejamente reconhecida pela sua intransigência a um ideal estético e apego à tradição no que diz respeito a relógios colocados no mercado. A Tudor apresenta-se mais ousada e com um naipe de soluções surpreendentes que vão desde as braceletes (como as de têxtil que lançaram a moda das braceletes NATO nas marcas mainstream) até à própria estrutura do relógio. O novo Tudor Black Bay P01 insere-se nessa senda irreverente, catapultando para o catálogo regular da marca uma pujante reinterpretação de um antigo protótipo miitar.

Tudor Black Bay P01 © Miguel Seabra / Espiral do Tempo
O Black Bay P01 é um verdadeiro tool watch. © Miguel Seabra / Espiral do Tempo

O mérito da Tudor é ainda maior tendo em conta que não se trata de um relógio dito ‘comercial’; tem um formato muito peculiar e com uma especificidade técnica associada ao mergulho. É seguramente um instrumento do tempo carregado de personalidade que não é para todos, mas vocacionado para aqueles que não têm problemas em usar algo ‘fora da caixa’ no pulso – e que gostam de usar o seu relógio como desbloqueador de conversa ou objeto de conversação. Porque é uma peça que tem muito que se lhe diga…

‘Project Commando’

Tudor Black Bay P01 © Tudor
As adendas metálicas dão a sensação de comprimento ao Black Bay P01 © Tudor

A sua assimetria dá-lhe imediatamente carisma, com a coroa às quatro horas e um original tipo de encaixe da correia que esconde a função que esteve por trás do protótipo militar da década de 60 destinado a forças de operações especiais (mais precisamente a marinha norte-americana) sob o nome de código ‘Project Commando’: um sistema de bloqueamento da luneta, para evitar alterações na escala (marcada com 12 horas) aquando do mergulho ou de atividades mais drásticas. Levanta-se a peça metálica entre asas na parte superior da caixa para libertar a luneta rotativa bidirecional e depois volta-se a fechar para que fique imobilizada. A Rolex patenteou o sistema em 1968, mas o relógio nunca passou do estatuto de protótipo.

O protótipo 'Commando' e o Black Bay P01. © Tudor
O protótipo ‘Commando’ da década de 60 e o Black Bay P01 de 2019. © Tudor

O mostrador é típico da linha Black Bay, com os emblemáticos ponteiros ditos ‘Snow Flake’ das horas e dos segundos a destacarem-se pelo seu formato especial sob um fundo escuro. A matéria luminescente Super-LumiNova ligeiramente beije e um toque de vermelho (sempre muito apreciado pelos aficionados do vintage) no grafismo acentuam-lhe ainda mais o caráter. Trata-se de um belo mostrador, não há dúvida, bem realçado sob o vidro de safira convexo.

Tudor Black Bay P01 © Tudor
À direita: a peça metálica que se levanta para libertar a rotação da luneta. © Tudor

As adendas metálicas nas entre-asas e a estrutura protetora da coroa fazem o relógio parecer maior e sobretudo mais comprido, mas a caixa – com um bonito acabamento – não é especialmente sobredimensionada. Tem apenas 42mm e não anda assim tão longe dos vários Black Bay ‘convencionais’ com 41mm de diâmetro. O robusto conjunto é estanque a 200 metros e motorizado pelo calibre automático de manufatura MT5612 (com 70 horas de reserva de corda e certificado de precisão COSC), sendo acompanhado de uma bracelete híbrida com base de cauchu e inserção de calfe que inclui inserções metálicas nas extremidades.

Primeiras impressões

O Tudor Black Bay P01 distingue-se aos mais diversos níveis, mas é sobretudo a carrosseria que é alvo de controvérsia entre fãs de relojoaria – com muitas críticas sobre o aspeto bizarro do relógio aquando do seu lançamento em Baselworld, esquecendo-se essa parte dos aficionados que se trata de uma ferramenta de precisão que foi precisamente idealizada para ser ‘anormal’ por subjugar a sua estética à peculiar funcionalidade de está dotada. Continua a haver gente que não aprecia o que sai da norma e que aceita mal o que é diferente; na nossa perspetiva, trata-se, definitivamente, de um relógio com carisma. Porque não receia afirmar a sua diferença – através do seu utilizador, claro! E sobretudo é daqueles relógios de que se aprende a gostar e dos quais se vai gostando cada vez mais.

Tudor Black Bay P01 © Cesarina Sousa / Espiral do Tempo
Tudor Black Bay P01 © Cesarina Sousa / Espiral do Tempo

Características Técnicas

Tudor
Black Bay P01

Referência/ 70150
Movimento/ Mecânico de corda automática com um sistema de rotor bidirecional, calibre de manufatura MT5612 (COSC), cerca de 70 horas de reserva de corda, 28.800 alt/h.
Funções/ Horas, minutos, segundos e data.
Caixa Ø 42 mm/ Aço com acabamento acetinado, luneta giratória bidirecional com sistema de bloqueio, vidro em cristal de safira côncavo, estanque até 200 metros.
Bracelete/ Híbrida em borracha e pele com fecho desdobrável e fecho de segurança, com acabamento inteiramente acetinado.
Preço/ € 3.790

Tudor Black Bay P01 © Tudor
Tudor Black Bay P01 © Tudor

Visite o site oficial da Tudor para mais informações.

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