A Ralph Lauren está a caminho de comemorar o seu 60º aniversário e tem sido a marca incontornável da moda americana. A sua coleção relojoeira é tão interessante quanto original e também abrangente nos preços. O Safari Chronometer é a mais recente prova disso.
Nunca é fácil para uma marca que construiu a sua reputação na moda conseguir ter o mesmo índice de sucesso na relojoaria. É frequente que os relógios sejam comparativamente mais baratos (muitas vezes tratando-se de sublicenças de comercialização) e um veículo aspiracional de acesso à cobiçada griffe. Ao mais alto nível, as exceções serão a Chanel e a Hermès — tendo em conta que a Cartier tem uma génese que já é por si própria relojoeira. A Ralph Lauren também é um excelente exemplo, como o prova o recente Safari Chronometer e como o têm provado os restantes modelos de uma coleção bem pensada, desde os divertidos Polo Bear aos originais Stirrup, Automotive ou American Western.

Partindo de um posicionamento inicialmente mais exclusivo e colegial/preppy até abraçar toda a cultura americana, a Ralph Lauren é uma marca verdadeiramente democrática (ou, pelo menos, mais democrática do que se possa pensar) e de preços abrangentes. Claro que sectores do seu catálogo são muito exclusivos e favorecidos pela classe alta americana saída de Yale ou de qualquer outra universidade elitista, mas também há linhas de preço mais acessível precisamente para atingir todo o tipo de público. O próprio Ralph Lauren, de nome real Ralph Lifshitz, é filho de imigrantes judeus de origem russa e tem uma sensibilidade social fora do comum, dedicando-se muito a ações caritativas e de beneficência — sendo igualmente acérrimo defensor dos ideais de igualdade, inclusividade e transversalidade tão caraterísticos do American Dream.

O Safari Chronometer insere-se no universo das viagens e da qualidade robusta que fazem parte do imaginário da marca. Tem uma caixa de 42mm em aço envelhecido que acentua precisamente essa ideia de aventura subjacente ao seu nome e que também se adequa aos Great American Outdoors — seguramente que ficaria tão bem num safari no Quénia como no Grand Canyon. E é precisamente esse o espírito do novo modelo, que surge declinado em três versões de mostrador com algarismos árabes sobredimensionados e outros tantos tipos de correias/braceletes.


Trata-se de um relógio com uma etiqueta de preço (à volta dos 3.500 euros) longe das mais sofisticadas criações do departamento relojoeiro da Ralph Lauren e que contam com movimentos de prestigiadas manufaturas como a Jaeger-LeCoultre, a IWC e a Piaget. O Safari Chronometer está dotado do Calibre RL300-1 de corda automática que parte de uma base Sellita e que proporciona 50 horas de reserva de carga, estando dotado de certificação cronométrica de precisão atribuída pelo COSC.

A coleção relojoeira com a chancela Ralph Lauren é particularmente interessante e mesmo muito original no plano estético; revela também a competência/experiência do seu CEO Guillaume Têtu, um dos fundadores da Hautlence (que, em 2004, foi uma das marcas da ‘nova relojoaria conceptual’ do novo milénio). Pena que algum preconceito do universo relojoeiro e dos aficionados relativamente a marcas originalmente ‘não relojoeiras’ por vezes impeça que se dê o devido valor ao departamento relojoeiro da Ralph Lauren — que inclui alguns modelos particularmente interessantes e mesmo muito originais no plano estético.

É o caso das linhas Stirrup (de geometria inspirada nos estribos do universo hípico tão caro à marca), Automotive (com motivos em madeira dos tabliers dos automóveis vintage tão apreciados por Ralph Lauren) e American Western (inspirada na cultura do velho oeste).

A divisão relojoeira da Ralph Lauren serve sobretudo as flagship stores e lojas da marca por esse mundo fora, sem esquecer os grandes clientes particulares, mas também está disponível em alguns agentes oficiais tradicionais. Há modelos mais caros que se situam no patamar que o próprio Ralph Lauren sempre pretendeu para a sua coleção, criada na sequência da sua amizade com Johann Rupert, patrão da Richemont, e de um acordo que lhe permitiu acesso ao know-how e aos movimentos de históricas manufaturas do grupo. Numa vertente mais acessível estão os modelos Polo Bear, dotados de movimentos automáticos genéricos mais abaixo da linha dos 2.000 euros.

O Safari Chronometer está disponível a partir dos 3.500 dólares e encontra-se declinado em três versões de mostrador preto, creme/caqui e camuflado — acompanhadas de uma correia de couro em versão militar Bund, correia de tela castanha ou bracelete metálica escurecida a condizer com o aço envelhecido da caixa.
