The New Yorker: a coleção de ‘estranhos’ artefactos pessoais da Biblioteca Pública de Nova Iorque (incluindo o relógio de bolso de Jack Kerouac)

Uma pergunta impõe-se antes de ver / ler as reportagens que recomendamos hoje: que objetos que fazem parte do seu dia-a-dia o definiriam enquanto pessoa? Pergunta estranha, sabemos, mas uma pergunta que faz pensar. Pois bem, a Biblioteca Pública de Nova Iorque orgulha-se de guardar uma coleção de ‘estranhos’ artefactos pessoais que pertenceram a personalidades reconhecidas, sendo que muitos desses artefactos acabam por definir ou ser indissociáveis do modo de ser e estar dessas mesmas personalidades – acima de tudo escritores. 

Pensemos em Virginia Woolf, em Walt Whitman, em Charlotte Brontë, Charles Dickens, Mark Twain, Jack Kerouac, Vladimir Nabokov… Pensemos numa bengala, por exemplo, num par de botas, numa máquina de escrever, numa meada de cabelo ou em ilustrações detalhadas de borboletas …

Em alguns contextos, uma coleção assim até poderia perturbar, mas ali parece que faz tanto sentido. Faz sentido porque nos revela mais sobre a vida e personalidade de grandes nomes, muitos deles escritores, que tiveram a capacidade de fazer o mundo girar e de inspirar gerações através da sua arte. E faz sentido porque é uma coleção que nos permite viajar no tempo, em que cada conjunto de objetos encerra segredos, revela surpresas, aproxima-nos do trabalho criativo e do modo de ser de ícones e conta-nos, por isso, uma história única.

Este conjunto de artefactos pessoais (ou realea, como são designados no arquivo) é parte integrante da imensa coleção Berg da Biblioteca Pública de Nova Iorque – New York Public Library’s Berg Collection -, doada em 1940 por Henry W. Berg (1858–1938) e Albert A. Berg (1872–1950), colecionadores de literatura americana e inglesa, bem como de inúmeros objetos relacionados com o mundo literário – , e tem vindo a crescer, ‘por acaso’ ao longo dos tempos, de acordo com o diretor de exposições, Declan Kiely.

E pronto. Fica a nossa recomendação.

A The New Yorker teve a oportunidade de aceder ao terceiro piso da Biblioteca de Nova Iorque onde se encontra a Berg Collection, uma visita que deu origem a uma reportagem escrita e quatro minutos hipnóticos de reportagem vídeo  disponíveis online.

Com uma nota de destaque e que nos chamou a atenção assim que vimos a reportagem: um dos artefactos que pertenceram a  Jack Kerouac ((12 de março de 1922 – 21 de outubro de 1969) é precisamente um relógio de bolso que, de acordo com a imagem que podemos ver, parece ser um Hamilton (talvez dos inícios do século XX?) com caixa gravada e mostrador branco com numerais das horas pretos bem visíveis, numerais da escala dos minutos a vermelho na periferia do mostrador e pequenos segundos às seis horas. Na imagem, distingue-se bem os vestígios de oxidação da asa do relógio, na qual está fixa uma cinta de pele, em vez de uma corrente metálica, que permitia prender o relógio à roupa.. Que histórias nos poderia este relógio contar sobre a intensa vida de Kerouac?

Já agora, é possível ter acesso a esta intrigante coleção por marcação bem restrita e ter uma noção dos incontáveis objetos que ali existem através da página oficial do Arquivo da Biblioteca Pública de Nova Iorque.

Estamos fascinados…

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