Graham Chronofighter Vintage Bronze: bronzeando na Carrasqueira

Levámos as quatro versões do novo Chronofighter Vintage Bronze para o Cais Palafítico da Carrasqueira e o resultado ultrapassou as expectativas: muita cor e textura, um material histórico que se adequou perfeitamente ao espírito ancestral do local e toda a beleza do pôr-do-sol. Aqui fica o relato e a imagética de um dia passado sobre estacas.

Carrasqueira | Um relógio incomum num local inusual. Quando pensámos em fazer um trabalho fotográfico com a nova versão do Chronofighter da Graham, o Cais Palafítico da Carrasqueira pareceu desde logo uma boa opção porque o seu enquadramento ancestral e mesmo aquático se coadunaria com o bronze utilizado na caixa dos relógios. O resultado acabou por ser excelente, tendo em conta a panóplia de cores e texturas à disposição.

@ Paulo Pires / Espiral do Tempo
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O Cais Palafítico da Carrasqueira é conhecido pela sua singular arquitetura popular, algo artesanal e aparentemente primitiva. Está situado junto à aldeia piscatória da Carrasqueira; naquela localidade das margens do Sado, nem sempre era fácil aos pescadores chegarem às suas embarcações e foi por isso que, há mais de dois séculos, começou a erguer-se um cais de madeira construído em ziguezague e sobre estacas, entre as margens baixas e lamacentas e o sapal. A construção foi reforçada nas décadas de 50 e 60, mas mantém a estrutura irregular e aparentemente frágil dos primórdios. E também mantém a sua função original, a de servir como embarcadouro aos barcos de pesca locais. Só que, entretanto, o Cais Palafítico tornou-se mais conhecido – beneficiando também da entrada ‘em moda’ da Comporta (que dista somente três quilómetros) e da vizinha zona costeira. Hoje em dia, é frequente ver-se turistas passear nos passadiços e aproveitar para tirar fotografias.

@ Paulo Pires / Espiral do Tempo
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Obviamente, trata-se de uma zona protegida e integrada na Reserva Natural do Estuário do Sado e é mesmo um dos locais que mais visitantes atrai no concelho – para além de poderem apreciar o fabuloso pôr-do-sol, podem também testemunhar o acesso dos pescadores aos barcos, mesmo durante a baixa-mar. No estuário do Sado, a baixa-mar é muito vincada e os pescadores da zona sempre sentiram grande dificuldade em transpor o lodo do leito para chegar às águas do rio. Até que surgiu a ideia de construir um passadiço de madeira para contornar os obstáculos da natureza e facilitar o acesso às embarcações. Com o tempo, o Cais Palafítico foi crescendo até apresentar uma configuração labiríntica assente em centenas de metros de estacaria e arrecadações de madeira sobre os lamacentos esteiros do Sado.

@ Paulo Pires / Espiral do Tempo
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E porque é que o Chronofighter Vintage Bronze combina tão bem com a construção palafítica? Afinal de contas, a sua génese funcional tem a ver com a aviação – mais precisamente com a aviação militar e a cronometragem dos tempos até à libertação de bombas. Eventualmente poderia existir uma conotação náutica no sentido em que, nos tempos de George Graham (o insigne relojoeiro inglês que deu nome à marca), os melhores relógios de precisão eram os cronómetros de marinha. Mas a escolha residiu sobretudo no facto de a mais recente versão do Chronofighter ser em bronze, uma liga que tem acompanhado a história da humanidade nos últimos milénios e que aquando do seu advento se tornou tão relevante que até mereceu uma era batizada com o seu nome.

@ Paulo Pires / Espiral do Tempo
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Idade do Bronze

Cerca de seis mil anos após a sua descoberta e divulgação, o bronze chegou mesmo ao mainstream relojoeiro para acompanhar a tendência revivalista de tantos modelos de inspiração vintage – porque o próprio bronze é um material retro, com todos os seus defeitos e as suas virtudes ou mesmo a tal condição pré-histórica. Constituiu uma das primeiras ligas metálicas elaboradas pelo homem, com a associação do cobre dominante (cerca de 85 por cento) ao estanho ou outros metais (proporções variáveis de alumínio, magnésio, níquel, zinco) e mesmo matérias diferentes (do arsénico ao fósforo) para lhe dar maior rigidez ou maleabilidade; o seu surgimento em força por volta de 4.000 a.C., com o domínio Sumério no Médio Oriente e a eclosão do seu uso na índia como na China nessa mesma altura, fez com que esse período arqueológico fosse apelidado de Idade do Bronze.

@ Paulo Pires / Espiral do Tempo
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Essa Idade do Bronze surgiu em força na relojoaria no início da presente década. E seduziu os aficionados. Porque o bronze evoca um mundo de aventuras e apresenta uma pigmentação mutável que o torna ‘vivo’. Foi muito utilizado nos cronómetros de marinha dos séculos XVIII a XX porque não enferruja, daí ter sido tão utilizado para fins náuticos porque resiste melhor à corrosão e à chamada fadiga metálica do que o aço. Claro que também o aço inoxidável, o mais democrático e comum dos materiais utilizados na relojoaria, não enferruja. Mas mantém-se inalterável, ao passo que o bronze ‘normal’ vai ganhando uma certa patina devido à oxidação protetora da superfície – que vai cambiando o tom dourado inicial ao longo do tempo para um manchado (que vai do castanho ao esverdeado, devido a sulfatos e carbonatos) e que o torna tão apelativo para apreciadores de antiguidades ou objetos que denotem a passagem do tempo (basta uma limpeza para que assuma o tom dourado original).

@ Paulo Pires / Espiral do Tempo
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Em suma, o bronze é um material com um charme especial. Como o vinho do Porto, os relógios em bronze não envelhecem – vão melhorando com o tempo. Mas é preciso um gosto muito especial pelo verdete caraterístico, tal como também foi necessário encontrar o equilíbrio ideal nas combinações metálicas para anular os índices alérgicos ou controlar (parcialmente e mesmo totalmente) a coloração da patina. E depois vem a sua combinação muito peculiar do bronze com o Chronofighter.

@ Paulo Pires / Espiral do Tempo
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Um cronógrafo com gatilho

Aquando do seu lançamento, o Chronofighter foi uma autêntica ‘pedrada no charco’ no universo conformista dos cronógrafos. Dotado de soluções estéticas e técnicas atípicas e inovadoras, destaca-se pela coroa sobredimensionada que se faz acompanhar de uma alavanca – colocada à esquerda para o início e a paragem do cronógrafo, para além de um botão colocado de modo assimétrico que recoloca o ponteiro a zero. A sua configuração original deve-se a princípios ergonómicos, permitindo uma optimização de utilização das funções cronográficas com o dedo polegar e o index da mão direita – tornando-se instantaneamente no ex-libris da Graham. Desde então e ao longo de praticamente duas décadas, foi sendo anualmente renovado com o lançamento de edições limitadas ao mesmo tempo que alargava a sua árvore genealógica a variantes distintas tanto na arquitetura como nos mostradores.

@ Paulo Pires / Espiral do Tempo
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O novo Chronofighter Vintage Bronze insere-se na linha Vintage do emblemático cronógrafo e está declinado em quatro versões com uma caixa estanque a 100 metros e com 44mm de diâmetro, um tamanho mais ‘contido’ do que em várias outras versões sobredimensionadas. A liga de bronze utilizada é a CuSn8, normalmente usada na indústria naval, com acabamento microbillé e polimento alternadamente escovado e acetinado. Os ponteiros estão preenchidos com matéria luminescente branca Super-LumiNova (de grau A). Na vertente mecânica, o Calibre automático G1747 apresenta 48 horas de reserva de corda e tem certificação Chronofiable graças a uma melhorada absorção dos choques. Um produto tecnicamente sólido e esteticamente apelativo em qualquer uma das suas quatro versões, mas a variante de mostrador prateado com contadores pretos contrastantes foi seguramente a mais fotogénica. Quanto às correias e braceletes, há várias à disposição – desde o couro envelhecido para um tom mais vintage ao cauchu texturado.

@ Paulo Pires / Espiral do Tempo
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Inspiração e ousadia

Mecânica à parte, foi mesmo a configuração arquitectónica da pujante caixa que catapultou instantaneamente o Chronofighter para a fama – com a sua coroa sobredimensionada colocada à esquerda e dotada de uma alavanca optimizadora das funções cronográficas, para além de um botão colocado de modo assimétrico que recoloca o ponteiro a zero. A característica alavanca do cronógrafo assenta em princípios ergonómicos para melhorar a utilização das funções cronográficas através do dedo polegar – porque o polegar é o dedo mais ‘rápido’ da mão: sendo independente dos restantes dedos, reage algumas décimas de segundo mais depressa para o arranque/paragem do contador.

@ Paulo Pires / Espiral do Tempo
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Éric Loth, CEO da marca, recordou-nos a inspiração dupla por trás do surgimento do seu ex-libris: «O Chronofighter original partiu de dois vectores de inspiração: o primeiro, de um antigo relógio militar de aviação utilizado pelos navegadores preso à perna e que acionavam o cronógrafo para medir o tempo entre a largada da bomba e o impacto no alvo; o segundo partiu de um grande cliente em Itália, o senhor Barrozzi de Brescia, que me disse para ousar e fazer algo de diferente daquilo que as 20 marcas da sua loja tinham para oferecer. Esse senhor fez-me abanar um pouco e foi precisamente em Itália que o Chronofighter arrancou para o sucesso.»

@ Paulo Pires / Espiral do Tempo
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A construção da caixa com o famoso gatilho protuberante não foi fácil: «A maior dificuldade técnica que encontrámos na conceção do Chronofighter está ligada à caixa estanque e ao seu sistema complicado de alavanca de arranque e paragem das funções cronográficas. O problema colocou-se principalmente relativamente às peças mais pequenas (alavanca, pontes, coroa), mas a tecnologia existente no fabrico de braceletes e fechos de báscula em aço forneceu-nos a melhor solução. A outra dificuldade teve a ver com a perceção dos utilizadores – é que se trata de um cronógrafo para destros, mas com as funções colocadas à esquerda da caixa!», sublinhou. «Na prática, concebemos o primeiro cronógrafo de pulso da história com uma ação de comando para o polegar e não para o indicador». Um relógio verdadeiramente fora da caixa… num local igualmente místico.

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© Miguel Seabra / Espiral do Tempo

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