2025: incontornáveis aniversários relojoeiros

O ano que acabou de começar é marcado por vários aniversários de marcas e modelos que deixam antever edições especiais ao longo de 2025, da Vacheron Constantin à Bell & Ross. Aqui fica a lista.

Numa indústria tão tradicional e secular como a da relojoaria, é natural que cada ano que passe implique jubileus ou aniversários marcantes. São muitas as marcas e muitos os modelos emblemáticos. Naturalmente, torna-se fácil de entender que as celebrações poderão moldar 2025 no que diz respeito a essas marcas e modelos. Aqui fica uma lista assaz completa de aniversários e as previsões possíveis.

270 anos: Vacheron Constantin

Vacheron Constantin Les Cabinotiers Berkley Grand Complication
A parte da frente do Les Cabinotiers Berkley Grand Complication | Foto: Vacheron Constantin

É uma das mais antigas e prestigiadas marcas do universo relojoeiro, porque que se espera algo de grandioso. Como já tinha acontecido no 250.º aniversário (embora se tratasse de um número mais ‘redondo’…): em 2005, lançou o Tour de l’Île, na altura o mais complicado relógio do mundo. Para este ano, talvez seja de esperar algum exercício de superlatividade na exclusiva coleção Les Cabinotiers. Em 1977, a Vacheron Constantin lançou o 222 para comemorar o 222.º aniversário; relançou esse mítico modelo há dois anos numa edição em ouro amarelo que se tornou instantaneamente num dos relógios de 2022 — talvez este seja um bom ano para avançar com uma versão em aço ou bimetálica.

250 anos: Breguet

Abraham-Louis Breguet criador do oscilador balanço espiral bimetálico.
Abraham-Louis Breguet é considerado o maior relojoeiro de todos os tempos | Foto: DR

Abraham-Louis Breguet é unanimemente considerado como o maior relojoeiro de todos os tempos e uma grande maioria dos principais avanços técnicos foram da sua autoria. Estabeleceu o seu atelier em 1775, pelo que é normal que a Breguet — que tem um novo CEO, Gregory Kissling, aproveite para celebrar profusamente um quarto de milénio. 250 anos é um número perfeito para que tão consagrado nome seja comemorado com um conjunto de relógios excecionais.

150 anos: Audemars Piguet

Detalhes fotografados na Manufatura Audemars Piguet de posters antigos.
A Audemars Piguet celebra 170 anos | Fotos: Nuno Correia/Espiral do Tempo

A manufatura de Le Brassus é uma das marcas incontornáveis do caleidoscópio relojoeiro e também uma das mais rentáveis, faturando acima do bilião. A sua coleção atual assenta basicamente em duas coleções — a Royal Oak e a Code 11.59 — e mais alguns modelos históricos ‘remasterizados’. O 150.º aniversário poderá justificar o lançamento de uma nova linha; se não for o caso, é obviamente motivo para a apresentação de edições limitadas ou criações excecionais.

120 anos: Rolex

Sede da Rolex em Genebra | Foto: Rolex
A imponente sede da Rolex em Genebra | Foto: Rolex

A Rolex é o mais forte nome da indústria relojoeira e uma das mais reputadas marcas a nível global. A sua história remonta a 1905, tendo sido fundada em Londres por Hans Wilsdorf e o cunhado Alfred Davis — inicialmente como empresa de distribuição de relógios, tendo o nome Rolex sido registado em 1908; a empresa adotou a nomenclatura Rolex Watch Co. Ltd. em 1915 e passou a designar-se Montres Rolex SA em 1920. Ou seja, há eventualmente três aniversários distintos que podem ser celebrados em 2025 (120 anos, 110 anos, 105 anos), mas é muito difícil antecipar os intentos da Rolex e em 2008 não houve qualquer efeméride associada ao registo do nome Rolex. Talvez as comemorações se restrinjam aos modelos Datejust (80 anos) e GMT-Master II (70 anos). Atenção ao uso do titânio: poderão surgir mais modelos nesse metal que a Rolex só usou pela primeira vez no ano passado.

80 anos: Datejust da Rolex

Rolex Datejust: A Rolex garante o apoio aos seus relógios ao longo das suas muitas vidas
O Oyster Perpetual Datejust é um ex-libris da Rolex há já 80 anos | Foto: Rolex/Federico Berardi

É a mais antiga linha da Rolex e aquela que se tornou no verdadeiro rosto da marca genebrina, mesmo que alguns outros modelos — da linha Professional — apresentem uma aura mais lendária. Estreado em 1945, o Datejust reuniu os conceitos Oyster (caixa estanque) e Perpetual (movimento automático) e juntou-lhes uma janela para visionamento digital da data, quando antes a data era sobretudo apresentada analogicamente através de um ponteiro datador.

70 anos: GMT-Master II da Rolex

Rolex_OysterPerpetualGMT-MasterII
O GMT-Master II de luneta preta e cinzenta, dito ‘Bruce Wayne’, é a mais recente variante do modelo | Foto: Rolex

Em 1955, o GMT-Master foi um dos primeiros relógios de piloto e sobretudo o primeiro destacado modelo de pulso a apresentar um ponteiro suplementar para indicação do segundo fuso horário — sendo complementado por uma emblemática luneta bicolor. O seu 50.º aniversário foi comemorado em 2005 com a primeira geração dotada de uma luneta em cerâmica (dita Cerachrom) que se tornaria depois bicolor; para os 70 anos, seria muito interessante a reintrodução na coleção da combinação preto/vermelho que historicamente recebeu o cognome de Coke. Ou seja, poderíamos ter um novo GMT-Master II Coke (ou Coke Zero?!) para juntar aos modelos existentes de luneta bicolor, comoo Pepsi, Batman, Batgirl e Bruce Wayne.

50 anos: Laureato da Girard-Perregaux

Dois modelos laureato de 38mm recentemente lançados pela Girard-Perregaux | Foto: Girard-Perregaux
Dois modelos Laureato de 38mm recentemente lançados pela Girard-Perregaux | Foto: Girard-Perregaux

Na senda da tipologia do design integrado que tanto marcou a estética da época, o Laureato foi lançado pela Girard-Perregaux a meio da revolucionária década de 70 com um revolucionário calibre para a época: um movimento ultramoderno de quartzo certificado cronómetro. A histórica manufatura de La Chaux-de-Fonds foi revisitando o Laureato ao longo das décadas e em 2015, na celebração do 40.º aniversário, voltou a investir fortemente nele — sendo atualmente uma trave mestra do seu catálogo a ainda recentemente lançou mais duas versões de 38mm. Obviamente, esperam-se modelos comemorativos.

40 anos: Da Vinci Perpetual Calendar Chronograph da IWC

Kurt Klaus, atualmente nonagenário, foi o inventor do Da Vinci Perpetual | Foto: IWC
Kurt Klaus, atualmente nonagenário, foi o inventor do Da Vinci Perpetual | Foto: IWC

É um modelo incontornável na história moderna da relojoaria mecânica — ou seja, pós crise do quartzo. O Da Vinci Perpetual Calendar Chronograph da IWC recordou a um mundo mergulhado na precisão impessoal do quartzo que ainda era possível capturar o imaginário das pessoas com excecionais criações mecânicas. E foi precisamente um dos pontas de lança do renascimento da relojoaria mecânica, pelo que o nome Da Vinci é especialmente adequado. Foi idealizado pelo mestre Kurt Klaus, que criou uma placa de calendário perpétuo sobre uma base cronográfica Valjoux 7750 para criar o mais complicado relógio IWC de sempre (até à altura). Foi o primeiro calendário perpétuo em que todas as indicações estavam coordenadas de modo a dispensar os botões de ajuste e acerto que até então caraterizavam os calendários perpétuos; foi também o primeiro a mostrar o ano em quatro casas digitais. E foi o último relógio da IWC desenhado à mão antes do advento do CAD. Depois de o IWC Portugieser Eternal Calendar ter sido um dos relógios de 2024, 2025 promete ser o ano do Da Vinci.

30 anos: Roger Dubuis

O impressionante Excalibur Knights of the Round Table | Foto: Roger Dubuis
O impressionante Excalibur Knights of the Round Table | Foto: Roger Dubuis

Fundada pelo português Carlos Dias em 1995 com o nome de um relojoeiro seu conhecido, a Roger Dubuis mudou muito após a sua aquisição pelo grupo Richemont em 2008 — virando-se para uma estética mais futurista e investindo em materiais de ponta. Desde então que os vários responsáveis da marca têm afirmado não querer voltar atrás no estilo, mas a verdade é que muita gente pede a reedição de carismáticos modelos de estética original e com funções retrógradas lançados na era de Carlos Dias, como o Sympathie ou até o Much More.

30 anos: Graham

Eric Loth (re)fundou a Graham há 30 anos | Fotos: Paulo Pires/Espiral do Tempo
Eric Loth (re)fundou a Graham há 30 anos | Fotos: Paulo Pires/Espiral do Tempo

George Graham (1673-1751) é um vulto incontornável na história da relojoaria mecânica e que, entre outras patentes, registou a invenção do mecanismo de arranque e paragem tornado fundamental em qualquer movimento cronográfico. A marca Graham foi (re)lançada por Eric Loth em 1995 para fazer jus ao mestre britânico que estabeleceu o seu atelier em 1995 e inclui uma notável panóplia de cronógrafos — especializando-se na conceção de modelos cronográficos inovadores e de visual disruptivo. Aquando do seu lançamento, o Chronofighter foi uma autêntica ‘pedrada no charco’ no universo conformista dos cronógrafos graças à sua alavanca de ativação inspirada em antigos instrumentos militares; o Swordfish ostenta um look simultaneamente poderoso e original, graças ao engenhoso sistema que destaca os totalizadores das horas e dos minutos. Esperam-se modelos comemorativos.

30 anos: Omega e James Bond

Um relógio inédito no pulso de Daniel Craig, o ator de James Bond: o protótipo de uma nova versão regular do modelo Seamaster 007?
No pulso de Daniel Craig: o protótipo de uma nova versão regular do modelo Seamaster 007 | Foto: DR

James Bond começou por usar um Rolex — tanto nos escritos originais de Ian Fleming como no cinema. Mas o sucesso cinematográfico de 007 e o advento do marketing trouxeram consigo parcerias com várias marcas até que a Omega tomou conta da franchise em 1995, pelo que a parceria entre o mais famoso agente secreto e uma das mais famosas marcas relojoeiras celebra este ano três décadas de vida. Há modelos especiais James Bond a serem regularmente lançados com base na linha Seamaster, a que está historicamente ligada à associação, pelo que novas versões se justificam ainda mais em 2025. Atenção a um eventual regresso do ‘Snoopy’ (55 anos…) e à presença de Daniel Craig em eventos públicos, porque ultimamente o ator britânico tem testado protótipos que depois passam para a coleção…

20 anos: Cvstos

Cvstos Challenge III Chronograph-S visto de frente num fundo branco
Cvstos Challenge III Chronograph-S | Foto: Paulo Pires/Espiral do Tempo

Fundada em 2005 por Sassoun Sirmakes e Antonio Terranova, a Cvstos fez parte da nova vaga que mudou radicalmente o rosto da relojoaria, contribuindo para o advento de uma nova filosofia relojoeira em que a estética está intimamente ligada à técnica através de peças e funções que colocam o tecnicismo em evidência no plano estético — ou seja a beleza da mecânica passou a ser também apreciada através do mostrador. Os fundadores disseram então que não queriam fazer relógios iguais aos dos seus avós (mesmo que haja uma ligação ancestral a Voltaire!), espera-se que possam criar edições especiais para a nova geração no decurso de 2025.

20 anos: BR-01 da Bell & Ross

Bell & Ross BR 03-92 Red Radar Ceramic
O BR-01 deu origem a múltiplas interpretações, como a do o BR 03-92 Red Radar Ceramic | Foto: Bell & Ross

É uma das mais famosas quadraturas do círculo na relojoaria contemporânea: a Bell & Ross inspirou-se em instrumentos aeronáuticos para lançar o BR-01 em 2005 e deu um impulso decisivo à sua coleção, que ficou marcada desde então pela estética desse carismático modelo com mostrador redondo numa caixa quadrilátera com quatro parafusos nos cantos. O BR-01 começou com um diâmetro de 46mm (na altura, os relógios eram de maiores dimensões) e depois evoluiu para o BR-03 com 42mm e 41mm; dessa evolução nasceram também o BR-03 Diver de mergulho, o elegante BR-S de 39mm, os experimentais BR-X1 e BR-X2, e as variantes Skull. Para além de ter inspirado também o BR-05. Ou seja, o BR-01 transformou-se num ícone que acabou por definir a própria essência da marca fundada em 1993 por Bruno Belamich e Carlos Rosillo; é de esperar que seja devidamente celebrado em 2025.

20 anos: Big Bang da Hublot

Relógio Hublot Big Bang Integral Ceramic Blue
O Big Bang Integral Ceramic Blue personifica a filosofia de fusão da Hublot | Foto: Hublot

O Big Bang explodiu autenticamente na feira de Basileia em abril de 2005, cerca de um ano após Jean-Claude Biver se ter tornado CEO da Hublot. Foi um sucesso estrondoso, com o seu conceito modelar, dimensões generosas e estética modernista em consentâneo com os gostos da altura. O Big Bang ficou intimamente associado ao estabelecimento da Hublot como um dos dos principais players da relojoaria do século XXI e permanece um êxito de vendas, sendo o campo experimental perfeito para a filosofia de fusão da marca com a utilização de materiais contemporâneos (titânio, cerâmica, safira). Será interessante ver como a gestão de Julien Tornare, nomeado CEO durante o verão transato, poderá comemorar o 20.º aniversário do seu ícone (no 10.º aniversário houve uma inauguração…) e ajustá-lo a gostos contemporâneos mais associados a dimensões contidas e mostradores exóticos.

10 anos: Czapek

Czapek Antarctique Passage de Drake Glacier Blue 
Design integrado pela Czapek: o Antarctique Passage de Drake Glacier Blue | Foto: Czapek

A marca baseada num dos nomes associados ao início da Patek Philippe (inicialmente denominada Patek, Czapek & Cie) foi estabelecida pelo mestre de origem eslava Franciszek Czapek em 1845, após ter-se radicado em Genebra no ano de 1832 e ganho reputação ao conceber relógios para uma clientela nobiliárquica. O nome foi ressuscitado na década passada e o empresário Xavier de Roquemaurel relançou a marca em 2015 — tendo ganho desde então inúmeros prémios e galardões. Para o 10.º aniversário (que também alude a um suposto 180.º aniversário), espera-se algo de especial. Seja nas coleções mais elaboradas ou na linha mais desportiva Antarctique de design integrado.

Outros destaques de 2025: a Laco, marca alemã conhecida pelos seus modelos militares, cumpre 100 anos; o lendário modelo Tuna da Seiko foi lançado há 50 anos.

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