SIHH 2017: uma oferta à medida (até 10.000 euros)

Por definição, o Salon International de la Haute Horlogerie (SIHH) é dedicado a obras-primas da relojoaria mecânica cujo preço médio se situa muito acima da media — mas a atual conjuntura económica levou várias marcas a afinar estratégias de comercialização com novos posicionamentos de preço. Aqui fica uma seleção de modelos que, para nós, mais se destacaram nesse âmbito entre os que foram apresentados esta semana: até 10.000 euros.

Os números em baixa dos índices de exportação conhecidos através das estatísticas oficiais da Federação Relojoeira Suíça (FH) fizeram soar o alarme dos grandes conglomerados de luxo em geral e de cada marca em particular — sobretudo com os desafios relacionados com novos hábitos de consumo, o advento dos smartwatches, o excesso de stock no mercado e o disparar da média dos preços dos relógios mecânicos desde a viragem do milénio. Uma tomada de decisão evidente e comum a várias das marcas presentes no Salon International de la Haute Horlogerie (SIHH) foi a apresentação de modelos dotados de um preço mais ‘acessível’.

Drive de Cartier Moon Phases © Cartier
Drive de Cartier Moon Phases © Cartier

Claro que, quando se fala de preço ‘acessível’, é preciso relativizar. Os relógios de qualidade não são baratos. E, por definição, o SIHH é dedicado a marcas sofisticadas e a modelos de elevada qualidade ou mesmo obras-primas com um preço condizente que por vezes atinge um patamar estratosférico. As marcas do chamado Carré des Horlogers são exclusivas e de nicho, com um primeiro preço bem acima dos 10 mil euros; e aceita-se que, num contexto de alta-relojoaria, se pode considerar ‘acessível’ uma fasquia de preço até aos 10 mil euros — mesmo que os relógios não cumpram obrigatoriamente os requisitos que tradicionalmente caraterizam os exemplares de alta-relojoaria e que têm a ver com o material da caixa (que supostamente teria de ser precioso), a qualidade mecânica (mecanismos de manufatura) e o nível de acabamento (tanto do calibre como no exterior). Tendo em conta a evidente estratégia seguida por algumas marcas em apresentar alguns modelos dotados de um preço abaixo do que o que tem sido seu hábito, aqui fica uma seleção recolhida as longo destes dias no SIHH.

Jaeger-LeCoultre Master Control

Três edições especiais Master Control da Jaeger-LeCoultre para celebrar os 25 anos da linha: Master Control Date, Master Control Chronograph, Master Control Geographic. © Espiral do Tempo
Três edições especiais Master Control da Jaeger-LeCoultre para celebrar os 25 anos da linha: Master Control Date, Master Control Chronograph, Master Control Geographic. © Espiral do Tempo

A Grande Maison apresenta uma oferta que vai desde democráticos modelos em aço dotados de calibres de manufatura até exclusivas versões ultra-complicadas cujo preço atinge os sete dígitos. E tem tido relógios na linha Master e Reverso abaixo dos 10.000 euros, mas este ano revelou uma preocupação especial em apresentar um trio de atraentes modelos automáticos dotados de um mostrador específico (designado ‘sector dial’) a um preço igualmente atraente para o valor intrínseco que representam.

jaeger-lecoultre_Master_Chronograph
Jaeger-LeCoultre Master Control Chronograph. © Espiral do Tempo/ Miguel Seabra

As três edições especiais celebram os 25 anos da linha Master Control — o Master Control Date, o Master Control Chronograph e o Master Control Geographic, dotados de caixas em aço entre os 39 e os 40 mm de diâmetro com mostradores rétro caraterizados por um ‘sector’ circular acinzentado sobre uma base argenté e apontamentos azuis.

Montblanc TimeWalker

Montblanc TimeWalker © Espiral do Tempo

Investindo por um lado em ‘talk pieces’ de excecional conceção mecânica com o selo da manufatura Minerva, a Montblanc reformulou por outro lado a sua linha Timewalker de modo a torná-la mais desportiva (de acentuado espírito motoracing) e com um preço mais adequado a um público jovem. A adição de um controlo de qualidade baseado em 500 horas de testes é um argumento de venda interessante.

Ulysse Nardin Diver e Classico

© Espiral do Tempo
© Espiral do Tempo
© Espiral do Tempo

Mesmo no limite que decidimos estabelecer para balizar o conceito de ‘acessível’, os dois modelos neo-vintage desvelados pela Ulysse Nardin são interessantes exercícios de revivalismo inspirados em históricos relógios do consagrado passado da marca com um preço ligeiramente abaixo dos 10 mil euros. O Diver Le Locle é uma reedição ‘manufatura’ do Diver original de 1964, enquanto o Classico Paul David Nardin baseia-se num modelo de 1945.

Cartier Drive Moon Phases e Panthère

Panthère de Cartier © Cartier

Maison de luxo por excelência, a Cartier apresentou um novo modelo Drive Moon Phases em aço com fases da Lua na fasquia dos 6.000 euros e, sobretudo, ressuscitou a linha feminina Panthère que tão popular e imitada foi entre o final dos anos 80 e o início da década de 90. Primeiro preço a partir dos 3.500 euros relativamente à versão em aço, sendo que os dois tamanhos (small e medium) estão igualmente disponíveis em aço/ouro amarelo e várias colorações de ouro ou com a adição de pedras preciosas à escolha.

Baume & Mercier Clifton

Baume & Mercier Clifton Club © Espiral do Tempo
Baume & Mercier Clifton Club © Espiral do Tempo
Baume & Mercier Clifton Club cobra © Espiral do Tempo
Baume & Mercier Clifton Club cobra © Espiral do Tempo

A Baume & Mercier, que tem procurado um posicionamento de preço mais baixo na hierarquia de marcas do grupo Richemont, apresentou mesmo relógios Classima em quartzo para homem e senhora abaixo dos mil euros, mas a sua grande estratégia para 2017 tem a ver com a criação de uma nova variante da linha Clifton que é mais direcionada para uma clientela jovem e ativa — os Clifton Club combinam maioritariamente tons preto, laranja e branco (com uma alternativa em azul) e apresentam um preço a rondar os 2.000 euros, estando divididos entre versões de três ponteiros e cronógrafos, enquanto o Clifton Club Cobra é mais sofisticado e puxa pela associação automobilística aos lendários roadsters Shelby Cobra.

IWC Schaffhausen Da Vinci

IWC Da Vinci Automatic 36 © IWC
IWC Da Vinci Automatic 36 © IWC

A International Watch Company apostou numa reformulação completa da linha Da Vinci, descartando as caixas de formato retangular para regressar a um conceito redondo (com asas móveis) mais próximo do modelo que ganhou fama nos anos 80 — agora dotado de asas amovíveis. A maior parte da nova linha é composta por exemplares femininos ou de tamanho midsize, cujas versões em aço se situam precisamente entre os 5.000 e os 10.000 euros. ET_simb

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