O Millennium Estoril Open ficou concluído no passado fim-de-semana com casa cheia e um pormenor relojoeiro insólito: o vencedor ergueu o troféu com três logótipos da marca patrocinadora na camisa mas nenhum relógio no pulso. Aqui ficam as histórias e as estórias do torneio.
Foram nove intensos dias de competição, os que se viveram no Clube de Ténis do Estoril – a terceira edição do Millennium Estoril Open contou com uma boa meteorologia e bateu recordes de assistência, apresentando casa cheia em cinco sessões. No plano competitivo, houve pela primeira vez na história do ténis português quatro representantes lusos na segunda ronda de um evento do ATP World Tour e sagrou-se campeão um emergente espanhol que parece destinado ao top 10 mundial num futuro próximo: Pablo Carreño-Busta, que foi também protagonista da anedota relojoeira do torneio.
Com 25 anos de idade, Pablo Carreño-Busta já andava a bater à porta do título há algum tempo. Foi em Portugal, no antigo torneio do ATP World Tour jogado no Jamor, que jogou as suas primeiras meias-finais no circuito profissional ao mais alto nível e, no Millennium Estoril Open, à terceira foi de vez: semifinalista na primeira edição em 2015 e finalista derrotado numa equilibrada final em 2016 na qual esteve a poucos pontos da vitória, ganhou este ano sem apelo nem agravo – fazendo jus ao estatuto de primeiro cabeça-de-série (em virtude do seu 21º posto no ranking mundial) e impondo-se a todos os adversários em somente dois sets, incluindo na final diante do inesperado luxemburguês Gilles Muller (6-2 e 7-6). Mas, sendo ele patrocinado pela Bovet e com três logótipos da manufatura de Fleurier na camisa, nunca usou qualquer relógio da marca… nem mesmo quando levantou o troféu.
“Eles deram-me dinheiro mas ainda não me deram um relógio”, confessou-nos Pablo Carreño-Busta. O que é incrível, sendo ele um jogador que já tinha ganho anteriormente dois títulos do ATP World Tour (Winston Salem e Moscovo) em cinco finais – sendo a sua crescente visibilidade algo que supostamente seria bom para a marca. Para mais, sendo David Ferrer embaixador da Bovet há muitos anos: o ex-número três do mundo e antigo vice-campeão de Roland Garros nunca se esquece de colocar o seu relógio logo após os encontros (mesmo antes de ser entrevistado no court) e em quaisquer outras circunstâncias. Como na visita que fez ao Restaurante Fortaleza do Guincho numa iniciativa com o Chef Miguel Rocha Vieira: posou para nós com o ‘Sergio’, da linha mais desportiva desenhada pela Pininfarina para a Bovet.
Para além disso, houve dois grandes infortúnios que impediram um maior desenvolvimento relojoeiro no torneio. Incrivelmente, as duas principais estrelas da competição – o exuberante australiano Nick Kyrgios e o popular argentino Juan Martin del Potro – perderam ambos o seu avô e foram forçados a desistir do Millennium Estoril Open para poder ir ao respetivo funeral noutro continente. Nunca antes na história da modalidade se viu algo de semelhante! Kyrgios estava prestes a sair dos Estados Unidos rumo a Lisboa quando teve a notícia e teve de seguir para a Austrália, del Potro já tinha ganho a primeira ronda quando tomou conhecimento da morte e não jogou sequer a segunda eliminatória, regressando à Argentina. Kyrgios e o seu agente tinham uma reunião agendada em Portugal com uma marca relojoeira, tendo um emissário vindo propositadamente da Suíça para o efeito… ficando a reunião sem efeito. Del Potro ainda passeou o seu Rolex.
Há já sete anos que Juan Martin del Potro tem contrato com a Rolex, que nunca o abandonou mesmo nos tempos sombrios em que teve de se ausentar do circuito durante longos períodos devido às quatro operações cirúrgicas ao pulso (três ao pulso esquerdo, uma ao direito). O ‘Bom Gigante’ regressou em força no ano passado, sagrando-se vice-campeão olímpico e liderando o seu país à conquista da tão almejada Taça Davis – derrotando pelo caminho praticamente todos os melhores tenistas mundiais e recebendo o galardão de ‘Comeback Player of the Year’ por parte do ATP World Tour. No Millennium Estoril Open até se tornou no principal candidato ao título após a impressionante vitória na primeira ronda, mas o infortúnio familiar deixou o torneio órfão de tão querido campeão. E não houve muitas mais hipóteses de o ver com o seu Rolex Air King.
O Rolex Air King também foi usado (embora sem patrocínio) ao longo da semana pelo espanhol David Marrero, finalista de pares. E a Rolex é, indubitavelmente, muito popular entre os tenistas. O semifinalista e ex-top 10 mundial Kevin Anderson usa um Explorer II. O veterano francês Paul-Henri Mathieu, um dos maiores aficionados de relógios do circuito, trouxe para Portugal o novo Daytona com luneta de Cerachrom e mostrador branco; também tem um Jaeger-LeCoultre Reverso Squadra Hometime e um Lange & Söhne Lange 1 Moon Phase, que deixou em casa: “para os torneios trago sempre algo mais desportivo”, confidenciou. E tirámos uma fotografia juntos durante a Launch Party do torneio – ele com o seu Daytona, eu com um Reverso Squadra Hometime igual ao dele mas com mostrador branco (o dele é preto). Essa fotografia ainda está por aparecer…
Como esta edição do Millennium Estoril Open não teve relógio oficial (o que é surpreendente, porque o Return On Investment do evento é tão elevado que já mereceu um prémio do ATP World Tour por isso mesmo), fiz uma brincadeira com o meu Reverso Squadra Hometime: colei um logotipo do torneio no verso da caixa reversível para surpreender muito boa gente… aqui fica o resultado final, destacado na fase terminal deste resumo vídeo de uma das sessões noturnas do torneio. Vale a pena ver até ao fim, porque até ao ‘truque’ do Reverso há jogadas espetaculares:
E os obrigatórios wristshots….
Como não podia deixar de ser, tirei vários wristshots ao longo da semana. E aqui ficam alguns deles – começando pelo Oris Divers Sixty-Five de mostrador verde ‘personalizado’ com uma bracelete NATO inspirada no circuito europeu de terra batida que desenhei em conjunto com a marca Maurice de Mauriac.
Também tive a oportunidade de fotografar o Tudor Heritage Black Bay Bronze do meu amigo Ian Klineberg, que veio de Leeds para passar uma semana de férias em Cascais e ver o torneio. Diz que é o melhor torneio ATP World Tour do escalão 250 do mundo… aqui está ele, fotografado em sessão noturna numa altura em que eu esperava a conclusão de mais um encontro para ir entrevistar o vencedor ao court.
Também tenho um Tudor, o Heritage Black Bay Blue, mas emprestei-o logo no início do torneio ao meu amigo alemão Christian Zillig (que integra uma empresa co-proprietária do evento, a U.Com) e só o tive de volta no fim. Porque ele não queria largá-lo. Mas ainda lhe tirei um wristshot a ele…
Como a nossa farda da direção – estilizada pela Mike Davis – tinha blazer azul, também usei o meu Cvstos Challenge Chronograph II Power Reserve ‘Blue’. Aqui está um wristshot e mais uma fotografia tirada num dos topos do court central.
Também aproveitei para tirar algumas fotografias com dois Rolex – o meu Explorer e o Milgauss de um amigo, o também alemão Dirk Glittenberg. A Rolex é a marca mais presente nos circuitos profissionais de ténis masculino e feminino, sendo relógio oficial da grande maioria das principais competições individuais (dois dos quatro Grand Slams, Wimbledon e Open da Austrália, torneio dos mestres, eventos Masters 1000 e vários outras provas) e coletivas (Taça Davis, Fed Cup).
No dia da final, que era também dia de eleições presidenciais francesas, escolhi um Maurice de Mauriac Chronograph Modern ‘Le Mans’ por ter precisamente as racing stripes tricolores da bandeira francesa. Aqui fica mais um wristshot perante o estádio cheio na final (a lotação de domingo ficou esgotada uma semana antes do torneio!) e a derradeira imagem, no court e após a cerimónia da entrega de prémios, tirada durante a entrevista dada pelo campeão aos media internacionais.
Claro que o Reverso Squadra da Jaeger-LeCoultre ‘personalizado’ com a insígnia do torneio fez sensação. Dei muitas vezes a volta à caixa reversível para ver a suspresa estampada na cara das pessoas…
Para o ano há mais relógios no Clube de Ténis do Estoril, mas até lá voltaremos a publicar mais histórias de ténis nalguns dos maiores torneios da modalidade… e despedimo-nos com uma combinação vintage e neo-vintage na exposição da História do Ténis em Cascais patente até ao final do mês (vale a pena visitar) na Casa Sommer, em Cascais: uma fotografia tirada com a raquete original de 1902 do Rei D. Carlos I e a reinterpretação moderna do Divers Sixty-Five da Oris.
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