As histórias podem contar-se das mais variadas formas: por escrito, verbalmente, por vídeo, por representação cénica. Aqui, vamos falar de histórias mecânicas, de histórias contadas por máquinas através da articulação automática das suas peças. Certamente a forma mais cativante de contar histórias, pelo menos para um amante de relojoaria.
Imagem de abertura: Van Cleef & Arpels Pont Des Amoureux | © Van Cleef & Arpels
Exclusivo na edição impressa | Era uma vez uma alavanca que na ponta tinha um martelo muito bem polido. Por vezes, a alavanca deslizava sobre os discos empilhados em forma de coluna. Eram discos descentrados, com formas onduladas. Sempre que o martelo e a alavanca percorriam os discos, moviam outras alavancas que moviam outras alavancas que moviam outras alavancas que moviam, por fim, um braço de menino. Era um menino sentado, com uma folha em frente e uma caneta na mão. O braço movia, inicialmente, a caneta até ao depósito de tinta, trazia-a de volta à posição original e, de seguida, acontecia algo já esperado por esta altura, mas completamente inacreditável; o menino mecânico começava a escrever um nome, com uma letra perfeita: Jaquet Droz. Era o nome do seu criador. Todos os seus movimentos eram comandados por uma roda de colunas, cada coluna tinha uma letra escrita e, através da alteração da posição das letras, era possível que o menino escrevesse outros nomes, ou mesmo frases completas. Em frente ao menino passaram reis, rainhas, príncipes, princesas e muitas outras pessoas, todas fascinadas pela história que as suas peças contavam. Esta é uma história verdadeira. Trata-se de um autómato e pode ser visto no Musée d’Art et d’Histoire de Neuchâtel.
Leia o artigo completo no número 81 da Espiral do Tempo (inverno 2022).