A estreia da Tudor no Watches and Wonders fez-se acompanhar de um conjunto de novidades que satisfazem os aficionados mais exigentes e farão aumentar a sua reputação. Com um modelo especial em grande destaque: o Black Bay Pro.
Desde que entrou numa nova era da sua história, em 2010, que a Tudor se tornou numa marca incontornável dos grandes certames relojoeiros internacionais. A estreia da marca no Watches and Wonders, juntamente com a Rolex, ficou marcada pelo lançamento das novidades estratégicas para 2022 (possivelmente com a adição de um ou outro modelo ‘especial’ ao longo do ano); entre essas novidades, os dois novos modelos dotados de função GMT assumiram protagonismo e um deles foi mesmo um dos melhores relógios da feira. Na minha opinião e na de mais alguns colegas.
Mas vou ainda mais longe nessa minha opinião e dizer que o novo Black Bay Pro pode mesmo ser… o melhor Tudor de sempre. É uma declaração arriscada, até porque há vários relógios excelentes na história da marca que são candidatos a esse estatuto, mas a impressão causada pelo Black Bay Pro (de 39mm de diâmetro) foi mesmo forte; o novo Black Bay GMT S&G (de 41mm de diâmetro) também agradou aos aficionados. Com uma nota associada: ambos os modelos apresentam pontos de contacto com o universo Rolex.
Na senda da sua sister company Rolex, a Tudor afirmou-se ao longo da última dúzia de anos como uma marca reputada pelos seus tool watches — indo mesmo um pouco mais longe na inspiração vintage (dos Heritage Chrono aos Black Bay), no experimentalismo (o P01) e na vestimenta (as braceletes de tecido feitas na fiação Julien Faure). O trilho seguido fez com que a Tudor saísse da sombra da Rolex e ganhasse a aura que fez dela um case study da relojoaria contemporânea, mas ocasionalmente estabelecem-se pontos de contacto que são um autêntico piscar de olho a um passado comum. Afinal de contas, ambas as marcas foram fundadas por Hans Wilsdorf e desde sempre tiveram uma bem definida filosofia que não é nada dissonante.
No décimo aniversário da linha Black Bay que lhe deu tantos galardões e prémios por esse mundo fora, aqui ficam os destaques da Tudor no Watches & Wonders.
O protagonista
Desde o lançamento do primeiro Black Bay Fifty-Eight que os aficionados pedem uma versão GMT, como a que já existia na caixa regular Black Bay de 41mm. Entretanto foi lançado um segundo Black Bay Fifty-Eight em aço (o Blue) e novas variantes em prata, ouro e bronze. Seria inevitável que, mais cedo ou mais tarde, surgisse a adição de um Black Bay Fifty-Eight GMT. Foi o que aconteceu este ano, com o denominado Black Bay Pro.
O Black Bay Pro é o paradigma do tool watch, que se pode usar sem preocupações em qualquer lado; a função GMT torna-o ideal para relógio de viagem/férias. É aquele relógio que fica bem em qualquer coleção, apresentando múltiplos códigos rétro — sobressaindo uma luneta em aço com escala de 24 horas reminiscente dos modelos vintage Rolex Explorer Ref. 1655 (também apelidados ‘Steve McQueen’). Essa influência declarada denota a ligação entre as marcas e é bem aceite por alguns e criticada por outros. Qualquer que seja o veredito, o relógio está esteticamente muito bem conseguido.
Alguns puristas acham que a espessura de 14mm é excessiva, mas trata-se de uma corrente obcecada com diâmetros pequenos e modelos planos que acaba por contradizer a essência de um verdadeiro tool watch: um relógio que seja dotado de grande robustez e ótima legibilidade. Exatamente o que o Black Bay Pro oferece, sendo um digno sucessor dos modelos utilizados pela British North Greenland Expedition que passou dois anos nos gelos do Ártico na década de 50. Mas o que a indicação da espessura não revela de imediato é que esses 14 milímetros parecem muito menos devido a uma reformulação da arquitetura da caixa, com asas mais ergonómicas e um vidro do tipo glass box.
Outro pormenor diferente é a ligação da coroa à caixa, sem o tubo que se pode entrever nos restantes modelos. É também através da coroa (com três posições diferentes) que se acertam as horas, a data e o ponteiro angular ‘Snowflake’ suplementar (em tom amarelo), que dá uma volta completa ao mostrador a cada 24 horas e indica o segundo fuso horário na escala da luneta.
A hora local é indicada por outro ponteiro ‘Snowflake’, mais curto e ajustável através da função de horas saltantes, em ambos os sentidos. A data, exibida numa janela às 3 h, é apresentada juntamente com a hora local — de forma que, ao acertar-se a hora e aquando da passagem da meia-noite em retrógrado, salta instantaneamente para o dia anterior. Essas valências técnicas são proporcionadas Calibre MT5652 com função GMT integrada desenvolvido pela Tudor para o Black Bay Pro e dotado de uma arquitetura evolutiva, com o calibre de base a poder incluir novas funções sem ter de adicionar novos módulos. A reserva de corda é de cerca de 70 horas.
Outra caraterística de monta: os marcadores de horas no mostrador são feitos em cerâmica monobloco luminosa; para além de reforçarem os códigos estéticos/técnicos do Black Bay Pro, os indexes elaborados dessa maneira aumentas consideravelmente a superfície luminosa dos marcadores e reforçam a tal condição de tool watch. Como já foi sublinhado, o Black Bay Pro é mesmo o paradigma do tool watch e um companheiro para todos os dias e todas as circunstâncias.
O Black Bay Pro está disponível, como habitual na Tudor, em bracelete de aço, correia (no caso, uma combinação de pele preta em padrão tecido com cauchu) ou bracelete têxtil confecionada na tecelagem Julien Faure — mas é o look 100 por cento metálico que melhor faz sobressair o espírito do relógio. E até a bracelete apresenta um aperfeiçoamento: o novo fecho com sistema de microajuste rápido ‘T-fit’ é fácil utilização, não requerendo ferramentas para possibilitar cinco posições diferentes; o utilizador pode ajustar facilmente o fecho até 8 mm, função muito útil quando se ganha algum peso ou naqueles dias em que a temperatura faz inchar o pulso.
O ator secundário
O ‘outro’ grande destaque das novidades da Tudor foi sem dúvida o Black Bay GMT S&G, que vem complementar o inaugural Black Bay GMT de luneta ‘Pepsi’ com um diâmetro de 41mm numa versão mais sofisticada. Essa sofisticação decorre da utilização do ouro como complemento do aço e de tons quentes, com a inserção de alumínio na luneta a apresentar tonalidades preta e acastanhada muito próximas dos modelos GMT Master II ‘Root Beer’ da Rolex.
Nem todos os relógios bicolores (ou bimetálicos, com associação entre aço e ouro) se podem considerar de bom gosto. Mas a Tudor tem-se esmerado nos seus modelos S&G, utilizando muito bem o ouro amarelo como complemento estratégico para um visual mais dressy.
O Black Bay GMT S&G surge disponível nas habituais três opções da Tudor, que funcionam igualmente bem — sendo claramente mais vistosa a bracelete metálica, com os seus elos centrais revestidos de uma capa dourada. O Calibre MT5662 com certificado de precisão COSC é o mesmo do Black Bay Pro, com 70 horas de reserva de corda e a função GMT com hora saltante.
Black Bay Chrono S&G
A temática bicolor que este ano dominou parcialmente as novidades da Tudor também surgiu bem vincada no novo Black Bay Chrono S&G de 41mm, dotado de um mostrador em tons champanhe com acabamento radial e totalizadores negros contrastantes. O mostrador é ligeiramente convexo, promovendo melhor os efeitos do acabamento radial consoante a incidência de luz.
O Calibre MT5813, resultante de uma colaboração da Tudor com a Breitling, é o mesmo utilizado nas mais recentes versões do cronógrafo Black Bay — sendo dotado de roda de colunas, embraiagem vertical e espiral em silício resistente aos campos magnéticos. A disposição de dois submostradores às 3 e às 9 horas com janela para a data às 6 é considerado o mais puro lay-out pelos aficionados dos cronógrafos clássicos.
Está também disponível com bracelete em aço de elos centrais em ouro, correia militar em couro ao estilo Bund e bracelete de tecido elaborada na secular fiação Julien Faure.
Black Bay 31/36/39/41 S&G
A temática bicolor estendeu-se também aos Black Bay de primeiro preço e caraterísticas mais ‘civis’, sem escala na luneta e movimento genérico. Todos os tamanhos — e são quatro: 31, 36, 39 e 41mm —dispõem agora de uma alternativa S&G (Steel & Gold). Todos com o emblemático ponteiro ‘Snowflake’ e certificação COSC.
Para além disso, há também versões dos tamanhos 31, 36 e 39 com lunetas de diamantes. As braceletes metálicas assentam num design de cinco elos, diferente das braceletes de três elos dos modelos Black Bay com luneta rotativa.
Royal Mother of Pearl
Por último, a linha Royal surge agora dotada de uma versão com mostrador em madrepérola nos tamanhos de 28 e 34 milímetros. O Tudor Royal, com o seu design integrado, evoca claramente a tipologia tão em voga nos anos 70 que ultimamente regressou à ribalta e tem sido um modelo alternativo na coleção da marca que tem ganhado cada vez mais adeptos. O facto de optar por algarismos romanos dá uma sofisticação complementar ao conceito de relógio sport-chic.
A sofisticação torna-se ainda maior com o recurso à madrepérola e diamantes em quatro variantes, porque tanto no tamanho de 28 como no de 34 milímetros há também a escolha entre o aço e o aço/ouro.