TAG Heuer Aquaracer: na crista da onda

Edição impressa  — Como esticar as fronteiras de uma coleção? Com uma reputação histórica assente em cronógrafos e na sua associação aos desportos motorizados, a TAG Heuer deu um primeiro mergulho na década de 70 — e hoje em dia a linha Aquaracer não só ocupa uma fatia substancial da sua oferta relojoeira como também é a escolha de Garrett McNamara e dos surfistas do Big Wave Tour.

Reportagem publicada na edição impressa da Espiral do Tempo 51.

Garrett McNamara com um Aquaracer 500M Chronograph
Garrett McNamara com um Aquaracer 500M Chronograph no pulso. © Espiral do Tempo / Paulo Pires

A diversificação de produto é sempre uma tentação — mas nem sempre o desafio é ganho, porque o equilíbrio que determina o ADN de qualquer empresa em qualquer área de intervenção é sempre muito fino e qualquer mudança na perceção pública pode conduzir a uma fatal perda de identidade. Os exemplos no setor da relojoaria não são parcos e há várias marcas que esbanjaram relevantes quotas de mercado na sequência de incursões mal sucedidas; claro que também há histórias de sucesso… e uma delas é a da TAG Heuer, através da sua linha Aquaracer.

Aquaracer 300 M Calibre 5 © TAG Heuer
Aquaracer 300 M Calibre 5 © TAG Heuer

Vocacionada para a cronometragem de eventos desportivos e fabrico de instrumentos de bordo muito cedo no seu historial, a marca da família Heuer cimentou a sua reputação automobilística sobretudo a partir do momento em que Jack assumiu as rédeas da empresa no início da década de 60. Muita gente não o sabe, mas o primeiro projeto em que esteve envolvido estava mais ligado ao universo marítimo do que ao das corridas: a evolução do modelo Mareograph/Seafarer, com o cálculo das marés. Claro que depois vieram o emblemático cronógrafo Carrera, em 1963, e o lendário projeto do primeiro cronógrafo de corda automática que desembocou na apresentação do famoso trio Carrera/Autavia/Monaco, em 1969, seguido da estreita ligação à Fórmula 1 ao longo dos anos 70. Mas foi nessa mesma década do disco sound que surgiu um novo modelo e posteriormente uma nova linha que hoje em dia representam uma ponte entre o presente e o passado da TAG Heuer.

Seafarer, de 1950 © TAG Heuer
Seafarer, de 1950 © TAG Heuer

À prova de champagne

TAG Heuer Serie 2000
Serie 2000, de 1983 © TAG Heuer

O primeiro relógio de mergulho propriamente dito da marca (houve uma versão Diver do Autavia, mas era um cronógrafo) surgiu em 1977 com a referência 844 que evoluiu depois para a referência 980; granjeou êxito entre finais da década de 70 e inícios da de 80 graças ao seu design simples e robusto — com uma variante de 1000 metros caraterizada por uma coroa embutida às 4 horas. A partir de 1983, a nova Série 2000 aproveitou essa popularidade da entretanto batizada Série 100 e 1000 mantendo elementos de estilo em comum através de um produto de maior sofisticação desenhado por Eddy Schopfer, com uma caixa mais elegante dotada de uma coroa exclusivamente colocada às 3 horas e uma bracelete aperfeiçoada; estava disponível em modelos de quartzo e automáticos, com uma versão-base de três ponteiros e a variante de cronógrafo (ambas com luneta de alumínio ou luneta de aço) a ostentarem já os seis pontos de referência que se tornariam depois na filosofia basilar da marca.

TAG Heuer 2000 Aquagraph
2000 Aquagraph © TAG Heuer

Com a passagem do nome Heuer para TAG Heuer em 1985, a Série 2000 manteve-se como sustentáculo da marca no delicado período pós-crise relojoeira e os tais seis pontos de referência (hermetismo pelo menos a 200 metros; coroa de rosca; fecho duplo de segurança; luneta unidirecional; vidro de safira; indicadores luminescentes) começaram a ser publicitados em 1987 numa campanha com a imagem vitoriosa de Ayrton Senna no pódio de garrafa na mão: ‘Resistente ao Champanhe até 200 metros’. A estanqueidade mantinha-se como fulcral e, em 1995, a Série 2000 recebeu o primeiro facelift significativo desde o lançamento em 1982, seguido de nova restruturação em 1998. Sempre com um modelo de mergulho significativo como vedeta da linha, como o 2000 Aquagraph — um cronógrafo manejável debaixo de água com totalizador de minutos a partir de um ponteiro ao centro. E em 2004 surgiu a mais recente renovação que catapultou a nova geração da linhagem, com a adição do nome Aquaracer.

Aquaracer 300M Calibre 16 Automatic Chronograph © TAG Heuer
Aquaracer 300M Calibre 16 Automatic Chronograph © TAG Heuer

Bo, Obama e McNamara

Big Wave Tour
Kay Lenny, Big Wave Tour © 2015 Richard Hallman (Foto cedida por TAG Heuer)

Nos últimos onze anos, a linha Aquaracer desenvolveu-se e diversificou-se; manteve as seis caraterísticas essenciais da TAG Heuer e esticou os seus limites — nas variantes de material, nas versões a partir de calibres distintos (de quartzo ou automáticos, três ponteiros ou cronógrafo, data grande e countdown). O Aquaracer 300M é estanque até 300 metros, o 500M até aos 500 metros e dispõe de válvula de hélio; as dimensões das caixas vão dos 40 aos 44 mm de diâmetro.

Aquaracer 300M Chronograph
Aquaracer 300M Chronograph © TAG Heuer

Os antecessores da linha Aquaracer foram usados pela mulher ‘Nota 10’ e grande sex symbol dos anos 80, Bo Derek, pelos maus da fita no filme Assalto ao Aeroporto e ainda surgem ocasionalmente no pulso do presidente Barack Obama; a nova geração do Aquaracer tem estado oficialmente ligada aos mares, com o patrocínio do Oracle Racing na America’s Cup e a recente associação ao surf com o Big Wave Tour sob a égide da World Surfing League — sem esquecer Garrett McNamara que foi recentemente oficializado amigo da marca em Portugal. ET_simb

Oracle Team USA
America’s Cup, Oracle Team USA © Guilain Grenier (Foto cedida por TAG Heuer)

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