Este ano, a Hermès volta a apresentar o conceito ‘Le Temps Suspendu’, tanto na renovada coleção Arceau como, pela primeira vez, na irreverente coleção Cut. Neste sentido, a marca francesa, convida à libertação das amarras do relógio e a abraçar o tempo como um bem pessoal e precioso.
No Watches and Wonders Geneva 2025
Há relógios que nos dizem as horas. E depois há relógios que nos fazem pensar sobre o que fazemos com elas. Por aqui, somos particularmente fãs daqueles que desafiam a lógica convencional do tempo — sobretudo quando o fazem com engenho técnico e, porque não, um toque de poesia. É precisamente isto que a Hermès propõe com o conceito Temps Suspendu, apresentado pela primeira vez em 2011 na linhagem Arceau, e que foi desenvolvido em cooperação com o mestre Jean-Marc Wiederrecht da Agenhor.
A ideia base é simples, mas profundamente simbólica: nos modelos equipados com esta complicação, o tempo pára aos nossos olhos — literalmente. Por regra, os ponteiros das horas e dos minutos estão alinhados com tempo regular, mas é possível parar a sua marcha na zona das 12h, para dar uma folga ao tempo que passa. Basta pressionar um botão na lateral da caixa e os ponteiros posicionam-se às 12 horas. Depois, uma nova pressão leva-os para o seu devido lugar. Caso queiramos voltar a esquecer o mundo lá fora, basta uma nova pressão e o tempo volta a parar. Uma experiência divertida, quase meditativa também, que apetece repetir, sempre que possível.
Na prática, o conceito Le Temps Suspendu vai muito além da relojoaria — é uma filosofia de vida. Neste sentido, a marca francesa, convida à libertação das amarras do relógio e a abraçar o tempo como um bem pessoal e precioso. Não é a primeira marca a sugerir um esquecimento do tempo, mas consegue fazê-lo de uma maneira muito própria.
Em 2025, a Hermès volta assim a apresentar esta complicação tão especial, tanto na renovada coleção Arceau como, pela primeira vez, na coleção Cut, apresentada no ano passado.
Arceau Le Temps Suspendu
Herdeiro direto do modelo original com o mesmo nome, o novo Arceau Le Temps Suspendu surge agora com uma estética renovada, mais contemporânea, mas fiel ao ADN da linha. A caixa de 42 mm, disponível em ouro rosa ou ouro branco, mantém o seu perfil elegante, com asas diferentes entre si na parte superior e na parte inferior da caixa, que criam uma curvatura subtil e fazem com que o relógio assente confortavelmente, mesmo em pulsos mais pequenos.
Ainda assim, no novo modelo, o destaque vai para o mostrador com zona central esqueletizada que permite ver o sofisticado módulo Temps Suspendu em funcionamento, bem como para os numerais em itálico e ponteiros em forma de folha. Na parte inferior, destaque ainda para a data, numa indicação em meia lua, com acabamento granulado.
No interior, vive o movimento de manufatura Hermès H1837, com uma frequência de 4Hz e reserva de marcha de 50 horas, mais do que suficiente para quem alterna entre usar e suspender o tempo. O fundo transparente revela ainda mais detalhes mecânicos, pelo que vai ser difícil não ficar vidrado sempre que olhar para este relógio de pulso.
As versões em ouro branco estão disponíveis com mostrador em tom cinzento/acastanhado e vermelho escuro, tom de vinho; já a versão em ouro rosa está disponível com mostrador azul profundo. Os três relógios de pulso são complementados por correias em pele de aligátor, fabricadas nas oficinas da Hermès, a condizer com as cores do mostrador. No pulso, o relógio revela-se marcante, mas acima de tudo consegue transmitir uma sensação visual de leveza e de sofisticação. Uma boa surpresa, em especial na distinta versão com mostrador tom de vinho.
O preço dos novos relógios ainda não foi divulgado.
Hermès Cut Le Temps Suspendu
Lançada em 2024, a coleção Hermès Cut revelou-se um verdadeiro statement de design contemporâneo. Com linhas vincadas, proporções bem definidas e uma versátil e confortável caixa de forma, os relógios desta coleção surpreenderam mesmo pela positiva, graças à sua estética casual, mas elegante também, sem complicações e com apontamentos ligeiramente disruptivos. Agora, em 2025, a coleção foi enriquecida com a tal nova dimensão emocional e técnica através do conceito ‘Le Temps Suspendu’.
Diferente dos modelos em aço ou aço/ouro rosa apresentados no ano passado, o novo Cut é apresentado apenas com caixas em ouro rosa de 39mm, com uma forte componente de acabamentos escovados. Depois, o mostrador, em prateado ou vermelho, segue a mesma linguagem visual da coleção, com numerais arábicos bem marcados. A surpresa está então no módulo Temps Suspendu, integrado no Calibre Hermès H1912 de corda automática, um novo movimento também desenvolvido na Agenhor que permite então suspender o tempo.
O impacto visual é evidente por dois motivos: por um lado, às 12 horas destaca-se a zona onde os ponteiros abertos ficam arrumados sempre que a suspensão do tempo é ativada através de um botão localizado às 8 horas; por outro lado, salta à vista o detalhe subtil — mas delicioso — do indicador de funcionamento, às 3 horas, que roda no sentido anti-horário, num percurso que dura 24 segundos. Além disso, os numerais emoldurados nos mesmos tons da caixa continuam a complementar na perfeição as linhas curvas do relógio, ao mesmo tempo que oferecem alguma profundidade e requinte ao mostrador. Os pequenos pontos dourados na escala central são mais um dos imensos pormenores do relógio aos quais se junta ainda a coroa, localizada entre às 1h30.
O conforto é, sem dúvida, outro ponto forte. Com bracelete de três elos em ouro rosa e possibilidade de bracelete em borracha branca, o novo relógio adapta-se bem ao dia a dia, mesmo para quem prefere um estilo mais casual. A versão com mostrador branco/prateado foi aquela que mais nos chamou a atenção: luminosa, elegante, e disponível tanto com diamantes como sem — difícil escolher. Mas a versão com mostrador vermelho revela-se particularmente requintada e vibrante, para quem é amigo de relógios que são feitos para serem bem vistos.
Na nossa perspetiva, este lançamento traduz uma continuidade com coerência, face a um modelo recente que deu que falar desde que foi lançado. Na verdade, podemos dizer que se trata de um complemento interessante de oferta, não sabemos se expectável, mas muito apreciado. Talvez fosse mais evidente o lançamento de versões semelhantes às do ano passado (com três ponteiros), mas em metais precisos. Mas houve aqui uma manobra bem pensada: mais do que abraçar o que se espera, é possível evoluir de forma original e atual, mesmo com a prata da casa.
O preço está sob consulta.
Visite o site oficial da Hermès para mais informações.
