Não é totalmente inesperado, mas é sempre uma notícia que abala o mundo relojoeiro pela força da personagem na indústria do setor: Jean-Claude Biver, que cumpre hoje 69 anos, vai-se afastar dos cargos de liderança que vinha assumindo nos últimos anos para começar a gozar a sua reforma e resolver os seus problemas de saúde. Diz que vai “deixar de cortar cebolas”, mas sempre mantendo um olho no que se vai passando…
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É uma das figuras incontornáveis da indústria relojoeira nas últimas quatro décadas e encarado como um mago do marketing com grandes responsabilidades pelo renascimento em força da relojoaria mecânica tradicional. Jean-Claude Biver é praticamente uma lenda-viva e um exemplo de sucesso idolatrado por muitos; é também um líder aglutinador que conhece profundamente a indústria e com ideias muito definidas sobre o seu futuro. Teve um papel marcante na Blancpain e na Omega, depois pegou na Hublot para a transformar num caso de sucesso e vendê-la à LVMH em 2008 – tornando-se pouco depois responsável do polo relojoeiro do grupo com influência direta na gestão da própria Hublot, da TAG Heuer e da Zenith.
Jean-Claude Biver completa hoje 69 e celebrou mais um aniversário na companhia dos seus executivos. Ao longo do presente ano não tem revelado aquela omnipresença que lhe é tão caraterística, viajando de um lado para o outro para reforçar a importância dos eventos das marcas do grupo LVMH com a sua carismática presença. Problemas de saúde, que já no passado o forçaram a diversas ausências, requereram maiores cuidados e menos stress. E, com o avançar da idade, a sua sucessão tornou-se inevitável.
A Reuters avança hoje com a notícia de que Jean-Claude Biver confirmou pessoalmente à agência que renunciava às suas responsabilidades operacionais precisamente devido a motivos de saúde. “Abandono as minhas responsabilidades operacionais, mas mantenho-me presidente não executivo da divisão relojoeira da LVMH e das suas três marcas Zenith, Hublot e TAG Heuer”, declarou. “Já não vou cortar cebolas e chorar de manhã na cozinha. Vou chegar mais tarde para ver se já estão prontas…”.
Jean-Claude Biver tornou-se no patrão do pólo relojoeiro da LVMH em 2014 e revolucionou a TAG Heuer e a Zenith com as suas ideias vanguardistas e estratégia de comunicação. Será substituído por Stéphane Bianchi, antigo dirigente da Yves Rocher e membro do conselho de administração do grupo suíço Maus (proprietário da Lacoste, entre outras marcas) – com a grande novidade de ter o jovem Frédéric Arnault a ajudá-lo enquanto diretor de estratégia e comunicação digital da TAG Heuer. Frédéric Arnault, de apenas 23 anos e com formação politécnica, é o filho do patrão do grupo, Bernard Arnault, e já trabalhava na marca há cerca de um ano (era o responsável pelo departamento dos Connected Watches), mas assume agora uma posição de maior destaque na sequência das reformas diretivas causadas pela reforma – ou semi-reforma – de Jean-Claude Biver.
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