O Autavia nasceu enquanto relógio de pulso em 1962 e foi o primeiro modelo criado por Jack Heuer na companhia fundada pelo seu bisavô. Na comemoração do seu 60º aniversário, a TAG Heuer lançou três novos modelos.
Em 1969, num dos mais revolucionários anos na história da relojoaria, Jack Heuer deu a conhecer aos seus clientes um trio de cronógrafos motorizado pelo então inovador movimento cronográfico automático Chronomatic/Calibre 11. O triunvirato incluía um modelo completamente novo de aparência radical para a altura, o quadrilátero Monaco, e duas novas estilizações de bem sucedidas referências, o Carrera e o Autavia. Esses três nomes mantêm-se como os mais venerados no historial da TAG Heuer, apesar de populares lançamentos na fase moderna da marca que transformaram o S/EL, o Kirium, o Link e a Série 2000 (depois Aquaracer) em ícones de design e êxitos comerciais entre as décadas de 80 e 90.
Entretanto, o Monaco foi ressuscitado em 1998 e desde então integra o catálogo enquanto especialidade histórica. Por sua vez, o Carrera teve uma primeira reedição em 1996 e rapidamente se tornou no esteio da coleção com múltiplas declinações, incluindo as variantes de pendor contemporâneo com os novos Calibres Heuer 01 e Heuer 02. Já o Autavia teve um retorno intermitente — primeiro em 2003, com a reedição de dois modelos com a caraterística caixa cushion do cronógrafo automático de 1969, depois em 2017 com uma reinterpretação automática de um cronógrafo de corda manual de 1968. E foi precisamente na nomenclatura Autavia que a TAG Heuer resolveu pegar para desenvolver a sua principal novidade de Baselworld em 2019, criando uma coleção que incluiu relógios de três ponteiros (na sua essência, era um cronógrafo) e que neste ano já recebeu mais três referências. Afinal de contas, trata-se do 60º aniversário do Autavia.
A TAG Heuer apresenta uma herança histórica que data de 1860 e é uma marca focada em dar continuidade ao espírito inovador pelo qual sempre se regeu — mergulhando no futuro e puxando pelos galões do acrónimo TAG (Techniques d’Avant-Garde, que integra o seu nome desde 1985) porque está legitimada por um sólido passado. E uma das vedetas do seu passado é o Autavia, primeiramente nascido em 1933 e usado até 1957 enquanto instrumento de bordo (daí a designação Autavia, contração das palavras ‘Automobile’ e de ‘Aviation’), brilhando depois enquanto cronógrafo no pulso de lendários pilotos nas décadas de 60 e 70 até ao seu renascimento através das referidas reinterpretações, lançadas já no presente milénio.
O nome Autavia tornou-se sinónimo de cronógrafo nessa época dourada da Formula 1 e a sua produção incluiu mais de 85 variantes entre 1962 e 1985. Curiosamente, o Autavia foi precisamente o primeiro relógio de pulso que Jack Heuer lançou quando assumiu as rédeas da companhia fundada pelo bisavô, no início dos anos 60; no início do presente milénio, e quando regressou à empresa como presidente honorário, o primeiro projeto foi a reedição do Autavia histórico de 1969.“O Autavia era originalmente um relógio de bordo que equipou aeronaves e carros de corrida durante décadas”, recordou-nos aquando da sua passagem por Portugal. “Depois retomámos essa designação para batizar um cronógrafo de pulso grande e robusto de corda manual em 1962. Em 2003, relançámos o nome com um mostrador de grande beleza e coroa à esquerda como na versão automática de 1969 — no original, o mecanismo cronográfico Chronomatic tornava mais fácil ter a coroa no lado oposto ao dos botões e esse facto diferenciava-o dos outros relógios, para além de mostrar às pessoas que era automático”.
Depois dessas reedições Autavia de 2003 que recuperaram o visual dos lendários Autavia ‘Jo Siffert’ e ‘Orange Boy’ baseados na tal caixa cushion de 1969 com coroa à esquerda, a reedição seguinte do Autavia foi desvelada em 2017 e saiu de uma espécie de torneio virtual em que 16 diferentes cronógrafos Autavia da primeira geração (ou seja, pré-Chronomatic) foram emparelhados de modo a defrontarem-se entre si num mano-a-mano com três rondas de eliminação até à final. Entre modelos de dois contadores e três contadores, na sua esmagadora maioria com combinações ‘Panda’ (contadores pretos em fundo branco) ou ‘reverse Panda’ (contadores brancos em fundo preto), mais de 50 mil votações online estabeleceram a vitória da mítica referência 2446 MK3, conhecida por Autavia ‘Rindt’ por ter sido usado frequentemente pelo malogrado campeão alemão de Fórmula 1 Jochen Rindt.
É mais no estilo dessa reinterpretação cronográfica de 2017 que se baseia a atual coleção Autavia, recentemente enriquecida com dois cronógrafos flyback e um modelo de três ponteiros com GMT.
As novidades
Os três novos modelos utilizam elementos de estilo vincadamente retro — como a forma redonda da caixa e correspondentes asas, o grafismo sobredimensionado dos algarismos para melhor visibilidade e mostradores com nuances vintage.
No que diz respeito aos dois cronógrafos, apresentam ambos uma função suplementar que é pouco usual devido à sua dificuldade de implementação: o flyback permite reiniciar o ponteiro do cronógrafo e iniciar uma nova marcação de tempo sem precisar de parar a contagem primeiro, economizando assim tempo valioso em circunstâncias de alta pressão, tais como o registo de voltas numa pista de corrida. O lançamento dos dois cronógrafos dotados do Calibre Heuer 02 com função flyback e certificação COSC é também um piscar de olhos à rica história da TAG Heuer: na década de 1960, Heuer foi o nome mais associado a um pedido específico da Força Aérea Alemã e a referência 1550 SG — muito popular entre colecionadores — foi especificamente criada como cronógrafo flyback para a Bundeswehr alemã, com o fito de facilitar a tarefa dos seus utilizadores.
Nos dois cronógrafos, a TAG Heuer permanece fiel ao seu DNA, com o revestimento Super-LumiNova dos ponteiros e marcadores de horas — que proporciona uma legibilidade rápida e clara. Nota-se claramente a inspiração na histórica Ref. 73663, que incluía uma variação de mostradores que também apresentavam numerais arábicos luminosos de grandes dimensões. A luneta rotativa bidirecional (uma das características que faz parte do DNA do Autavia) em cerâmica reforça-lhes o visual.
Os dois novos cronógrafos Autavia apresentam um look muito distinto: um apresenta um mostrador prateado com contadores contrastantes e caixa em aço polido (uma alusão aos raros e cobiçados mostradores ‘Panda’, que foram produzidos para o Autavia em quantidades extremamente limitadas na década de 1960), enquanto o segundo modelo representa a associação direta com os exemplares militares Heuer do passado (graças ao mostrador preto e caixa preta com tratamento DLC).
O terceiro modelo apresentado no âmbito do 60º aniversário está equipado com o Calibre 7, também certificado pelo COSC, e é o primeiro Autavia de 3 ponteiros com fuso horário suplementar (função GMT). O visual é impactante, graças ao mostrador escovado azul radiante com padrão raiado e uma luneta em cerâmica preta e azul. A luneta giratória bidirecional realça-lhe o visual desportivo/utilitário, sendo complementada por uma coroa sobredimensionada — que remete diretamente para os relógios e cronógrafos de painel de bordo dos pilotos, cujas coroas eram concebidas num tamanho maior para serem manejadas com luvas. A hélice e o pneu gravados no fundo da caixa de aço inoxidável são uma saudação às raízes da coleção.
O Autavia original também era conhecido por sua excelente legibilidade sob quaisquer condições, pelo que as novas versões do 60º aniversário — todas elas com 42mm de diâmetro — mantêm essa caraterística. Os indexes da hora e os três ponteiros são revestidos em SuperLuminova, enquanto os algarismos sobredimensionados são feitos a partir de blocos do mesmo material luminescente. Os três novos modelos estão disponíveis com uma bracelete em aço ou correia em pele de crocodilo, que facilmente podem ser trocadas devido ao sistema intercambiável. E são dignos da sua lendária história que celebra agora 60 anos.
