Este ano, a Bell & Ross apresentou um conjunto de novidades que solidificam o seu estatuto no cenário relojoeiro. Haverá novos modelos a serem desvelados na segunda metade do ano, mas os que estão a chegar ao mercado já deixam ar na boca — e também já foi revelado o modelo dedicado à associação com o Team Renault de Formula 1. Reportagem entre Basileia e Lisboa.
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Fundada em 1992 por Bruno Belamich e Carlos Rosillo (daí o nome da marca…), a Bell & Ross trouxe desde logo novos códigos estéticos à conservadora indústria relojoeira suíça — combinando grafismos típicos da linguagem da moda e o espírito muito peculiar dos instrumentos militares para estabelecer uma forte identidade que tem sido consolidada e apurada ao longo da última década. O facto de ter a sua sede em Paris e a Chanel como acionista não é alheio a essa sofisticação.
Numa primeira fase, a marca caracterizou-se pela utilização muito parisiense do preto e do branco; depois, e ainda na década de 90, foi das primeiras a criar uma linha vintage (as correspondentes fotografias até foram tiradas no antigo atelier do relojoeiro luso-francês Antoine de Macedo na Rue Madame em St. Germain-des-Près). Ao longo da última dúzia de anos, a criatividade explodiu autenticamente — primeiro com a estreia do emblemático formato quadrado (BR01), depois com a viagem no tempo até ao primeiro grande conflito mundial (WW1) e mais recentemente com a abertura a novas paletes cromáticas.
O conjunto de novidades apresentadas em 2015 já havia sido de grande impacto, com o modular BR-X1 (uma sofisticada evolução do BR-1) a assumir protagonismo. E este ano o BR-X1 voltou a liderar as novidades com novas variações, incluindo a primeira que celebra a associação da marca à escuderia Renault de Fórmula 1 — uma joint-venture francesa, mesmo que os relógios sejam feitos na Suíça e a marca tenha os seus principais ateliers em solo helvético. O modelo especial de corrida foi revelado depois de Baselworld e já com o Campeonato de Formula 1 em andamento; trata-se do BR-X1 RS16 Skeleton Chronograph limitado a 250 exemplares (há também o BR-X1 RS16 Skeleton Chronograph Tourbillon, de apenas 20).
Em Baselworld, tivemos a oportunidade de ver todas as novidades e passa-las novamente em revista aquando de uma apresentação especial feita para a imprensa portuguesa — n’O Purista, na Rua da Trindade ao Chiado, onde a Espiral do Tempo já realizou uma produção no âmbito do número temático dedicado ao espírito vintage. Com alguns modelos ainda sob embargo e que só podem ser revelados no terceiro trimestre e no quarto trimestre, os que já podem ser comunicados são suficientemente aliciantes. A começar pelo meu preferido: o BR-X1 Skeleton Chronograph Hyperstellar.
O director criativo Bruno Bellamich não só investiu na temática dos supercarros como fez saltar a vocação aeronáutica da marca para o espaço sideral; o BR-X1 Skeleton Chronograph Hyperstellar é um cronógrafo tão especial quão espacial, para mais integrando uma cor que sempre gostei de ver utilizada como complemento na relojoaria — o azul. Não me refiro ao azul enquanto cor de mostrador; sempre houve mostradores azuis e agora quase todas as marcas têm relógios de mostrador azul porque está definitivamente na moda. Refiro-me ao azul como cor complementar de outros tons dominantes. Por exemplo, a tradição suíça de relógios desportivos associava sempre o mostrador preto a nuances em vermelho ou amarelo; felizmente que o contributo de designers de gostos mais sofisticados e internacionais abriu mais o espectro de cor na relojoaria.
No BR-X1 Skeleton Chronograph Hyperstellar o azul utilizado é anodizado e utilizado em contraste com a caixa em aço, o cinzento das partes complementares e o mostrador fumado que deixa entrever o movimento (calibre BR-CAL.313 com ponte superior em X). Esse azul está patente no anel de alumínio sob a luneta, no réhaut interior que define o perímetro do mostrador e na delimitação do submostrador. A caixa modular híbrida assegura leveza e rigidez; a construção é resolutamente moderna — ou mesmo vanguardista, digna de ficção científica. A bracelete de última geração apresenta uma resistente base de cauchu com inserção em pele de crocodilo cinzenta.
Um relógio sobredimensionado (45 mm) que é verdadeiramente espectacular, idealizado a partir de uma base modular que também se pode encontrar no ‘escurecido’ BR-X1 Tourbillon Chronograph Carbon Forgé limitado a 20 exemplares.
E também no BR-X1 Tourbillon Chronograph Instrument de Marine, que abre uma nova linha cujos restantes exemplares só podem ser revelados na segunda metade do ano — uma linha particularmente interessante porque adapta de maneira soberba o formato quadrado a relógios de pulso inspirados nos cronómetros de marinha dos séculos XVII e XVIII… que assentavam precisamente em caixas de madeira quadradas! A utilização de madeira convenientemente tratada na estrutura e a combinação com o dourado evoca precisamente esses relógios de mesa de tempos idos que tão importantes foram para o desenvolvimento da navegação e para o cálculo da longitude em mar alto.
Já os modelos BR 03 AeroGt são claramente inspirados na velocidade e no desporto motorizado. Bruno Belamich é apaixonado por jatos, caças e bombardeiros, mas também gosta de correr no asfalto e, juntamente com Carlos Rosillo, apresentou em Baselworld o AeroGT, um Concept Car extremamente desportivo em imagens de síntese. Trata-se de um supercarro fuselado como um jato que inspirou dois relógios: o BR03-92 AeroGT e o BR03-94 AeroGT, uma versão três ponteiros com mostrador transparente e um cronógrafo de características semelhantes. Dois relógios muito ‘mecânicos’ com 42 mm de diâmetro.
A maior parte dos outros modelos também é um desenvolvimento do conceito quadrilátero BR. A começar pelos três modelos Desert Type desenhados para ir ao encontro das exigências da aviação militar a operar em países quentes, precisos e funcionais, com uma ótima legibilidade e cor de areia como os fatos que os pilotos usam durante as missões no deserto — o cronógrafo automático BR 03-94 e o três ponteiros automático BR 03-92, ambos com 42 mm, e o midsize BR S de 39 mm com movimento de quartzo.
A linha BR 03 é complementada por mais três modelos de 42 mm: o BR 03-93 GMT é a adaptação quadrilátera de um mostrador idêntico já revelado há dois anos na linha vintage redonda; o BR 03-97 Reserve de Marche inclui a indicação da reserva de corda e o BR 03-92 Bicolor junta o aço e o dourado a um mostrador creme.
Num formato mais pequeno, de 39 mm (midsize ou feminino) com movimento de quartzo, a grande novidade foi o lançamento do BR S Diamond Eagle e do BR S Diamond Eagle Diamonds — com mostradores azuis polvilhados com uma constelação de diamantes e luneta em aço ou cravejada. Porque os primeiros aviadores navegavam à vista, recorrendo ao sol, sendo que ao cair da noite, eram as estrelas que serviam de ponto de referência para guiar os aviões. Os modelos Diamond Eagle prestam homenagem aos céus noturnos, que sempre ajudaram e fascinaram os pilotos.
Entre as novidades redondas ditas mais convencionais, a única que se pode revelar é o BR 126 Officer Brown — um cronógrafo de 41 mm dotado de um mostrador castanho com contadores brancos contrastantes.
Até ao final do ano serão reveladas as restantes novidades, algumas delas de caraterísticas aeronavais bem apelativas!
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