Dubai Watch Week: 5 ilações para o mundo

Já era considerada o melhor evento relojoeiro do planeta em múltiplos aspetos e pelos mais variados líderes de opinião. A partir deste ano, a Dubai Watch Week cimentou mesmo a sua posição enquanto melhor evento mundial de relojoaria. Eis as principais ilações a retirar de uma semana… das Arábias.

Foi mesmo uma semana em grande. Se a Dubai Watch Week já era vista como o melhor evento relojoeiro no plano cultural e idealmente formatado para os aficionados da relojoaria, a sua sétima edição catapultou o certame para um patamar ainda mais alto — sendo que passou a rivalizar diretamente com o salão Watches and Wonders no que diz respeito à representatividade de marcas (congregando ainda mais: 93!) e à afluência de pessoas (houve 49.000 visitantes registados). Mas uma coisa é provavelmente certa: nunca antes se viram no mesmo local tantos relógios excecionais… e nem se trata dos relógios em exibição nos stands das marcas: o nível dos relógios que os visitantes traziam no pulso (ou nos dois pulsos) foi verdadeiramente excecional e houve muitos que andaram por lá com peças de milhões sem qualquer preocupação de segurança.

Uma cena noturna na Dubai Watch Week, mostrando lojas luxuosas como Tudor e Rolex. Há várias pessoas na área, algumas conversando e outras caminhando, enquanto edifícios altos de Dubai iluminam o fundo. Pessoas vestidas em trajes formais e tradicionais árabes estão interagindo com outras pessoas vestindo roupas mais casuais. O ambiente moderno é iluminado com luzes quentes.
As jornadas nas Dubai Watch Week só acabavam perto da meia-noite | Foto: Miguel Seabra/Espiral do Tempo

Se o Watches and Wonders é um evento primariamente vocacionado para profissionais do setor (distribuidores, lojistas, imprensa) com entrada paga para o público nos últimos dois dias, a Dubai Watch Week tem entrada gratuita mediante subscrição. Logo aí fica a ganhar…

À esquerda, a imagem de um relógio com mostrador azul e numerais romanos, usado no pulso de uma pessoa com camisa de manga comprida. À direita, uma escultura de mão gigante, situada em frente ao Burj Khalifa, com a bandeira dos Emirados Árabes Unidos ao fundo.
O novo De Bethune DB25 Perpetual Sky e o céu do Dubai | Fotos: Miguel Seabra/Espiral do Tempo

Para além disso, conseguiu feitos notáveis: fez com que o CEO da Rolex, Jean-Frédéric Dufour, falasse num fórum público pela primeira vez na história da marca da coroa; persuadiu quatro CEOs de grandes marcas a participar de uma mesa redonda para discutir tarifas e o estado da indústria; atraiu CEOs de grandes marcas que nem sequer participaram no evento; contou com a adesão de conceituadas marcas (como a Audemars Piguet, a Breitling, a Greubel Forsey) que nem sequer participam no Watches and Wonders; fez com que jornalistas de outros continentes pagassem a onerosa viagem do seu próprio bolso para não perderem a ocasião; e atraiu meia centena de milhar de pessoas. Sem esquecer o impacto mediático à escala global. O segredo do sucesso? O espírito dinâmico do Dubai e a visão da família Seddiqi, promotora do evento.

Público e palestrantes no evento Dubai Watch Week. No palco, um painel de discussão com cinco participantes, e o público na frente está tirando fotos e prestando atenção.
Os fóruns promovidos ao longo da semana tiveram sempre lotação esgotada | Foto: DWW

Para qualquer amante da relojoaria, a Dubai Watch Week é o evento ideal. Bem organizado e ainda melhor frequentado, mais aberto e menos pretensioso Aqui ficam as notas do rescaldo.

1. De bienal a anual

Se a Dubai Watch Week é por muitos considerado o melhor evento relojoeiro do mundo, a periodicidade bienal pode ser um óbice à consagração absoluta. Não será fácil passar a ser realizada anualmente — mas, atendendo à trajetória de crescimento do evento e ao modo convincente como se afirmou, esse passo pode ser dado num futuro próximo.

Vista do Burj Khalifa ao fundo, com instalações da Dubai Watch Week em primeiro plano, incluindo um pavilhão da TAG Heuer e uma grande escultura branca de uma mão fazendo um gesto com três dedos levantados.
A sétima edição realizou-se no parque contíguo ao famoso arranha-céus Burj Khalifa | Foto: DWW

Atualmente, a organização tem promovido um Horology Forum itinerante nos anos intercalares; numa ótica de promoção ainda maior do Dubai, essas visitas a metrópoles internacionais (as últimas edições do Horology Forum realizaram-se em Londres, Nova Iorque e Hong Kong) podem ser dispensadas e os custos canalizados para ‘casa’.

2. Grandes marcas e novidades

Para expor no Dubai Watch Week, todas as marcas são encorajadas a criar experiências interativas para o público e têm obrigatoriamente de apresentar uma nova linha ou uma edição limitada. Houve mesmo 20 lançamentos de destaque à escala global, a começar pela nova geração Ranger da Tudor, que já destacámos anteriormente — para além de um trio muito especial da Bell & Ross, H. Moser & Cie, e Louis Erard x Konstantin Chaykin ou do duo ‘digital’ Chronoswiss e Bremont.

À esquerda, um close-up de um relógio com mostrador cinza e pulseira de couro verde, posicionado sobre uma superfície de madeira. À direita, duas pessoas discutem sobre relógios em uma loja, com uma exibição de relógios em uma caixa de armazenamento ao fundo.
O novo relógio de Kari Voutilainen e a conversa entre Marco Borraccino (Singer Reimagined) e o visitante José Miranda (Isotope) | Fotos: Miguel Seabra/Espiral do Tempo

Houve mesmo marcas que, embora não tivessem um pavilhão ou um stand propriamente dito, participaram em atividades — como a organização de masterclasses por parte da Hermès.

Um homem participa de uma masterclass na Dubai Watch Week, trabalhando em um relógio com ferramentas precisas. Ele usa óculos de aumento e está concentrado no trabalho. Ao fundo, uma luz neon exibe a palavra "MASTERCLASS", e há uma planta ao lado.
As clínicas organizadas pelas marcas levaram os participantes ao âmago da arte relojoeira | Foto: DWW

A Audemars Piguet construiu um enorme pavilhão em cima de um morro artificial e fez dele um museu vivo dedicado aos 150 anos da marca, trazendo raras peças do seu acervo histórico. O extraordinário pavilhão da Van Cleef & Arpels é dez vezes maior do que o da Watches and Wonders.

3. Paraíso para aficionados

Na base da Dubai Watch Week esteve um conceito educativo sobre o que é a alta-relojoaria, num processo de evangelização que começou entre os colecionadores locais e que se internacionalizou — quando, aquando da primeira edição, em 2016, o mercado estava excessivamente virado para a comercialização.

Uma apresentação interativa durante a Dubai Watch Week, com uma mulher vestida com um vestido azul estampado com relógios, interagindo com um grupo de crianças e adultos. O cenário inclui uma grande caixa de relógio com números e uma cortina vermelha. Pessoas estão saindo de seus assentos para participar da atividade.
De pequenino se torce o pepino: houve sessões especiais de educação relojoeira para os petizes | Foto: DWW

A família Seddiqi funcionou como a família Medici, que no Renascimento patrocinaram artistas que revolucionaram a história da arte; o investimento nos grandes mestres e nas marcas independentes deu excelentes frutos e a enorme apetência atual por relógios de François-Paul Journe, Kari Voutilainen, Rexhep Rexhepi e marcas como a MB&F ou a H. Moser & Cie é um reflexo dessa ação educativa.

Pessoas interagindo em uma loja de relógios de luxo durante a Dubai Watch Week. Um homem está segurando um relógio dentro de uma caixa enquanto outros observam com interesse. A cena mostra uma mistura de pessoas vestindo roupas formais e tradicionais árabes, com um ambiente sofisticado ao fundo, com exibição de relógios.
François-Paul Journe passou os dias a dar autógrafos e a tirar fotografias copm os aficionados | Foto: Miguel Seabra/Espiral do Tempo

Todos eles se mantêm fiéis à Dubai Watch Week e fazem questão de marcar presença — e os colecionadores sentem-se como numa Disneylândia relojoeira, aproveitando todas as hipóteses para tirar selfies com os seus ídolos. Os grandes mestres e os CEOs correspondem de bom grado… mesmo aqueles que, noutras circunstâncias e outras paragens, nunca se revelariam tão acessíveis.

4. Colaborações em foco

A Dubai Watch Week é também um excelente palco para exaltar colaborações — e, mesmo que haja quem diga que há já demasiadas parcerias a saturarem o mercado, qualquer relógio colaborativo assume redobrado interesse mediático e tem uma história suplementar para contar. Niels Eggerding, CEO da Frederique Constant, confessou mesmo que há três anos convocou uma reunião geral para avaliar o estado da marca e qual o caminho a seguir para a tornar mais sexy e irreverente… e que a conclusão foi precisamente a de apostar em colaborações.

Um evento na Dubai Watch Week com uma apresentação acontecendo no palco. O público está sentado em cadeiras baixas de madeira, assistindo aos palestrantes. Há um grande painel de fundo com uma imagem e dois oradores no palco. Pessoas estão filmando e tirando fotos, enquanto a sala é bem iluminada e moderna.
Apresentação da edição colaborativa Louis Erard x Konstantin Chaykin | Foto: DWW

O certo é que a fórmula dá certo; na Dubai Watch Week, apresentou uma edição do cronógrafo Highlife em parceria com a Bamford (o estúdio criativo londrino de George Bamford) especialmente atraente. Mas houve mais: a nova associação entre a Louis Erard e Konstantin Chaykin deu origem ao Unfrogettable e a parceria de peso entre cotadas marcas como a Ulysse Nardin e a Urwerk resultou no UR-Freak de 100 mil euros. Sem esquecer que a marca própria da família Seddiqi, denominada Vyntage, passou a ter o aconselhamento de Rexhep Rexhepi, que supervisionou a criação do novo Strata de design integrado.

5. Micromarcas em crescendo

A popularidade das micromarcas tem caraterizado a presente década e o fenómeno não deixou indiferente Hind Seddiqi, a diretora da Dubai Watch Week. Houve um espaço multimarcas dedicado a esses relógios de preço mais acessível mas suficientemente apelativos para serem cobiçados mesmo pelos mais abastados colecionadores. A Beda’a, a Atelier Wen e a Kurono são algumas das marcas que estiveram presentes e que foram adotadas pelos aficionados, tal como a Studio Underd0g — que até teve um espaço alargado com um estúdio de design a fomentar grande interatividade com os visitantes.

A imagem mostra a entrada do evento Dubai Watch Week, com o icônico Burj Khalifa ao fundo. A entrada é uma estrutura moderna com um design intrincado, exibindo o nome "DUBAI WATCH WEEK" em letras grandes e elegantes.
Um evento como nenhum outro, agora na companhia do Burj Khalifa | Foto: DWW

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