Já temos connosco a edição de primavera da Espiral do Tempo. O número 70 da nossa revista sai numa altura complicada, mas não deixará de chegar às casas dos nossos leitores. Como relógio de capa escolhemos o F.P.Journe Invenit et Fecit Astronomic Souveraine por ser uma obra-prima da micro-mecânica que se encaixa na perfeição no tema que nos guiou: ‘(Para o Infinito) E mais além’. Por outro lado, uma foto do próprio François-Paul Journe com a sua invenção no pulso fez-nos quebrar com os conceitos de capa que temos vindo a adotar nos últimos tempos. E, ainda assim, não temos dúvidas de que continuamos fiéis ao nosso conceito enquanto Espiral do Tempo.
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Os tempos não estão fáceis. Todos sabemos disso. De repente, o nosso mundo ficou virado de cabeça para baixo e por mais que tentemos acreditar que tudo vai ficar bem, há sempre momentos em que nos questionamos e pomos tudo em causa. Mas o número 70 da Espiral do Tempo, a nossa primeira edição deste matreiro ano de 2020, foi uma das coisas que para nós nunca esteve em causa. O tema estava estabelecido há muito tempo e, depois de uns meses bem recheados, a revista acabaria por ficar finalizada a tempo e a horas de seguir para as casas de quem nos segue.
A verdade é que o atual panorama não abalou o nosso ânimo em torno desta edição. Numa altura em que é fundamental pensar ‘mais além’, roubámos a popular expressão da personagem Buzz Lightyear, da saga Toy Story, para nos lançarmos no desafio de explorar alguns dos diversos sentidos que ela pode ter no mundo da relojoaria. De facto, por mais tempo que passe, não deixamos de considerar como fora de série aquele lado quase mágico da criação relojoeira – que tanto pode partir da ambição de querer indicar as horas da forma mais minimalista possível, como de querer fazer de um relógio mecânico um verdadeiro universo de pulso. Neste campo, os limites para a relojoaria são limites desafiantes: decorar com a máxima perfeição um movimento sabendo que ninguém o vai ver, fazer de um mostrador uma obra de arte em miniatura, conceber mecanismos cuja ínfima espessura se aproxima da espessura de uma moeda, deambular pelas possibilidades de incluir num só calibre o máximo número de complicações ou fazer de um relógio mecânico um exemplo de resistência.
Para uns, ir mais além significa desafiar os limites e regras estabelecidos, para outros significa ir além dos lugares de todos os dias e para muitos mais significa simplesmente uma superação – seja ela física, cultural, intelectual, de perceção ou entendimento. Mas, no fundo, trata-se de alcançar algo que nunca antes se alcançou. E se o mundo da relojoaria mecânica parece encaixar tão bem em qualquer destes sentidos possíveis, o F.P. Journe Astronomic Souveraine que selecionámos para a capa é um exemplo perfeito daquilo que acontece quando a relojoaria desafia os seus próprios limites, propondo-se superar-se a si própria e a ir mais longe do que alguma vez poderíamos pensar. Pela sua complexidade, engenharia e beleza, este relógio é a súmula de tudo isto e poder fotografá-lo no pulso de quem o criou – François-Paul Journe – foi uma grande oportunidade.
Vivemos tempos complicados, é certo, e todos sabemos que estar recatado, neste momento, é o melhor que cada um de nós pode fazer por si e pelos outros. Esperamos, assim, que o lado incrível da relojoaria que procurámos abordar em cada página desta primeira edição do ano contribua de alguma forma para fazer das horas extra passadas em casa umas horas um pouco mais especiais.
O número 70 da Espiral do Tempo (edição de primavera 2020) começa em breve a chegar às casas dos nossos leitores.
Para mais informações e assinaturas, entre em contacto connosco através do seguinte endereço de email: costa.dias@companyone.pt
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