Depois da entrada no capital da F.P.Journe em 20%, no passado mês de setembro, a Chanel anunciou a aquisição de uma participação na Kenissi, uma nova fabricante suíça de movimentos e componentes relojoeiros.
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A Chanel anunciou ter adquirido 20% de participação na Kenissi, uma nova fabricante suíça de movimentos e componentes relojoeiros com o objetivo bem claro de “continuar a reforçar a sua posição enquanto player na relojoaria de prestígio”, num processo que tem vindo a ser levado a cabo há já alguns anos.
Lembramos que, antes de ter avançado para a F.P.Journe e de ter adquirido participação na Kenissi, a Chanel era já dona da G&F Châtelain, uma produtora de braceletes e caixas para marcas de alta-relojoaria, especializada em cerâmica, e estendia já os seus tentáculos até duas companhias exclusivamente relojoeiras de excelente reputação – com uma participação no capital da Bell & Ross e da Romain Gauthier.
Por isso, tal como já dissemos, basta olhar para os últimos 30 anos para percebermos que a marca francesa não pretende ser encarada apenas como uma marca de moda que também produz relógios. Muito pelo contrário. Ao longo de três décadas, vimos nascer relógios pioneiros como o J12 cujas caixas em cerâmica se tornaram ícones, batemos palmas aos diferentes modelos equipados com movimentos de exceção que nasceram nos ateliers da Renaud et Pappi, nomeadamente, o J12 Rétrograde Mystérieuse Tourbillon, e ficámos a conhecer três calibres de manufatura, em que o mais recente equipa mesmo o recém-galardoado Boy.Friend Squelette.
Project Gemini
Quanto à Kenissi, é referenciada pela Chanel como uma “nova manufatura suíça de movimentos automáticos que oferece uma gama de calibres de alta performance e de grande robustez” e que irá mudar-se, em 2021, para uma nova instalação em Le Locle. E, de facto, o Le Temps recorda que, no passado mês de novembro, a Kenissi surgiu associada à confirmação de que o grupo Rolex iria levar a cabo um projeto de construção, em Le Locle, de uma nova fábrica de cerca de 15o metros de comprimento – um projeto denominado “Project Gemini” – em que metade se destina à Tudor e a outra metade à Kenissi.
(Vale a pena ler o artigo no qual esta informação é bem explicada)
Ainda de acordo com o Le Temps, o acionista maioritário e fundador da Kenissi é “um misterioso industrial independente que fornece vidros de safira a uma grande parte dos grupos relojoeiros”, mas será Jean-Paul Girardin, antigo vice-presidente da Breitling, o responsável pela gestão da nova unidade de produção. Já no site SJX acrescenta que outro dos diretores da Kenissi Holding SA é Eric Yvon Pirson, da Tudor e o terceiro nome associado como diretor é Philippe Jacques Dalloz, diretor de várias companhias industriais especializadas na produção e acabamentos de componentes relojoeiros.
O Le Temps refere que esta novidade concretiza uma aproximação entre dois dos mais importantes players independentes da indústria mundial do luxo – pelo facto de a Tudor integrar o grupo Rolex. Perante esta realidade, o site de informação avança ainda que a Kenissi poderá assim vir a ser um concorrente direto para outros fabricantes suíços de movimentos.
Mas, até lá, a grande surpresa passa pelo facto de que, já na próxima Baselworld, em março, a Chanel pretende apresentar uma nova criação equipada com movimento produzido pela Kenissi.
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