Encontro Espiral do Tempo e cinco factos sobre a Maurice Lacroix

Cumprindo uma tradição outonal, a Espiral do Tempo organizou mais um Encontro — desta vez em parceria com a Maurice Lacroix, que cumpre este ano meio século de vida. Uma ocasião para rever amigos, conhecer a estratégia atual da marca de Saignelégier e destacar cinco aspetos da sua história.

A década de 70 foi extraordinariamente revolucionária em todos os sentidos, mas particularmente marcante no que diz respeito à indústria relojoeira: foi nos anos 70 que nasceu o relógio moderno, cuja arquitetura integrada cortou com o design assente em asas tradicionais, e que se deu a chamada crise do quartzo, provocada pela rápida inundação do mercado por parte de relógios mais baratos e precisos vindos do oriente que pareceram então tornar obsoletos os movimentos mecânicos. Mas, no meio de uma tempestade que meteu milhares de trabalhadores no desemprego e ditou a falência de tantas empresas do setor, também nasceram algumas marcas — e a Maurice Lacroix foi uma delas.

relógios na mão e pessoas à porta no Encontro Espiral do Tempo x Maurice Lacroix no Cascavel Bar em Lisboa
As últimas criações da Maurice Lacroix estiveram sob escrutínio no Cascavel Bar | Fotos: José Zenha e Elsa Henriques

A Maurice Lacroix foi fundada em 1975, pelo que está a cumprir agora o seu 50.º aniversário. Surgiu então como uma marca nova adaptada ao novo contexto relojoeiro e aos novos gostos da altura. Meio século depois, continua forte e independente — com um interessante catálogo e apetecíveis modelos com um preço mais acessível do que muitas outras companhias relojoeiras do seu segmento. Tem também a partir deste ano um novo distribuidor em Portugal (a Watchers), pelo que a reintrodução da Maurice Lacroix no mercado nacional foi um excelente pretexto para a organização de mais uma reunião com a nossa chancela: o Encontro Espiral do Tempo x Maurice Lacroix.

muitas pessoas no Cascavel bar em Lisboa durante o Encontro Espiral do Tempo x Maurice Lacroix:, com Gabriel Bonnet, Louis Millet, Cesarina Sousa e Miguel Seabra
Para conhecer melhor a Maurice Lacroix, estiveram presentes cerca de três dezenas de aficionados | Foto: José Zenha

O local escolhido foi o Cascavel Gastro Bar, na pitoresca zona de Santos. E o Encontro Espiral do Tempo x Maurice Lacroix teve a participação de três dezenas de amigos da Espiral do Tempo, que puderam ver modelos da coleção atual da marca de Saignelégier, alguns modelos históricos e ainda modelos que serão lançados num futuro próximo ou a médio prazo. Um privilégio. Para além da confraternização com dois representantes suíços da Maurice Lacroix, que puderam responder às questões dos presentes e apresentar devidamente tanto as valências da coleção como o espírito por trás da firma relojoeira para a qual trabalham.

1. Raízes no… século XIX!

quatro pessoas numa sala do Cascavel bar em Lisboa durante o Encontro Espiral do Tempo x Maurice Lacroix: Gabriel Bonnet, Louis Millet, Cesarina Sousa e Miguel Seabra
A Espiral do Tempo com Louis Millet e Gabriel Bonnet, da Maurice Lacroix (ao centro) | Foto: José Zenha

Apesar de celebrar 50 anos em 2025, as raízes da Maurice Lacroix remontam a… 1889, com a fundação da companhia Desco Von Schulthess, especializada na importação e distribuição de seda e que cresceu para se tornar numa holding em 1933 — passando a representar e distribuir também marcas relojoeiras como a Jaeger-LeCoultre e a Audemars Piguet, para além de chegar mesmo a ser dona da Girard-Perregaux. Em 1961 foi criada uma empresa sob o nome de Tiara, que começou por funcionar como private label em Saignelégier, uma pequena localidade de 2.500 habitantes no extremo norte da zona relojoeira do Jura. Em 1975 surgiu a ideia de lançar uma marca própria e foi escolhido o nome de um dos seus diretores.

imagens do Cascavel Bar em Lisboa durante o Encontro Espiral do Tempo x Maurice Lacroix
O encontro Espira do Tempo x Maurice Lacroix teve lugar no Cascavel Bar em Lisboa | Fotos: José Zenha

Nos anos 80, a Tiara passou a fabricar relógios exclusivamente para a marca própria e adquiriu o fabricante de caixas Queloz SA. Nos anos 80, a Maurice Lacroix começou também a apostar em movimentos mecânicos, ajudando à recuperação da relojoaria tradicional e tornando o seu catálogo mais completo. A linha Les Mécaniques surgiu em 1986 e seduziu imediatamente os amantes da bela relojoaria tradicional. Em 2011, a Maurice Lacroix passou da Desco Von Schulthess para o grupo relojoeiro DKSH de Zurique e adquiriu a Manufacture des Franches Montagnes para produzir movimentos próprios.

2. Calypso inspirou Aikon

relógio Maurice Lacroix Aikonic Automatic Skeleton com mostrador esqueletizado num expositor
O Aikonic Automatic Skeleton da Maurice Lacroix com mostrador esqueletizado | Foto. José Zenha

Qualquer marca relojoeira almeja criar um ícone — ou seja, um relógio que seja imediatamente identificável e que prima pela diferença. O Calypso nasceu em 1990 e tornou-se imediatamente no best-seller da Maurice Lacroix, sendo caraterizado pelas seis ‘garras’ na luneta. A primeira versão de mostrador esqueletizado surgiu em 1993, explorando um visual que a Mauric Lacroix já tinha investido em 1987 no âmbito da linha Les Mécaniques.

imagens do Cascavel Bar em Lisboa durante o Encontro Espiral do Tempo x Maurice Lacroix
Muita animação no Cascavel Bar, em Lisboa, no Encontro Espiral do Tempo x Maurice Lacroix | Fotos: José Zenha

Acessível e esteticamente marcante, a linha Calypso foi desmultiplicada em inúmeras variantes de diversos tamanhos até sair do catálogo em 2003. Em 2016, a sua estética serviu de inspiração ao lançamento do Aikon — que rapidamente se tornou na trave mestra do catálogo da marca através de múltiplas interpretações (incluindo materiais diferenciados) e que este ano recebeu a notável ramificação Aikonic.

3. Da Les Mécaniques à Masterpiece

A linha Les Mécaniques foi satisfazendo a crescente procura por parte de saudosistas da relojoaria mecânica entre as décadas de 80 e 90, através de criações que salientavam a indústria relojoeira tradicional. O modelo Five Hands (cinco ponteiros, indicando a data e o dia da semana através de ponteiros datadores de eixo central) tornou-se extremamente popular graças também ao seu centro de mostrador em guilloché e luneta decorada com nervuras. A partir de 1992, a marca adotou a designação Masterpiece para englobar todos os seus modelos dotados de mecânica exclusiva e direcionados para um público mais conhecedor e adepto das especialidades mecânicas, recorrendo também a calibres clássicos especificamente preparados.

relógio na mão e relógio no pulso no Encontro Espiral do Tempo x Maurice Lacroix no Cascavel Bar em Lisboa Miguel Seabra e Cesarina Sousa
Uma das últimas criações da Maurice Lacroix em destaque | Fotos: José Zenha

Em 2008, a linha Masterpiece representava 10.000 exemplares entre a produção anual de 80.000 relógios. Entre as peças revolucionárias e concetuais lançadas nessa altura encontra-se o cronógrafo ML 106 Mémoire, com 537 componentes. A partir de 2010 surge o incomparável Square Wheel e em 2013 o Mysterious Seconds (nota de destaque: nessa altura, entre 2014 e 2016, a marca teve um nome de grande impacto mundial como embaixador: Roger Federer). Desde então, a linha Masterpiece tem sido enriquecida com criações especiais e há grandes novidades a serem anunciadas brevemente.

4. Pontos e os novos 1975

Em ano de Bodas de Ouro, a Maurice Lacroix lançou a coleção 1975 sob o lema ‘o relógio vintage para os dias de hoje‘. Trata-se de uma coleção elegante, de modelos aparentemente simples mas que surgem carregados de pequenos detalhes alusivos à história da marca e à região de Saignelégier em que se insere.

relógio Pontos Diver num expositor com bracelete laranja no Encontro Espiral do Tempo x Maurice Lacroix no Cascavel Bar em Lisboa
O Pontos S Diver foi uma das propostas mais elogiadas no Encontro Espiral do Tempo x Maurice Lacroix | Foto: José Zenha

Já a linha Pontos, que durante muito tempo (até à afirmação do Aikon) foi a gama mais conhecida e procurada da Maurice Lacroix, mantém todo o seu peso institucional no catálogo — com modelos redondos, modelos mais simples, cronógrafos, variantes de submostradores descentrados e o popular Pontos S de vocação desportiva que inclui cronógrafos e modelos de mergulho.

5. A assinatura

relógios redondos e retangulares num expositor relógio Pontos Diver num expositor no Encontro Espiral do Tempo x Maurice Lacroix no Cascavel Bar em Lisboa
Um dos expositores patentes no Encontro Espiral do Tempo x Maurice Lacroix | Foto: José Zenha

Uma das marcas distintivas da Maurice Lacroix desde os seus primórdios é a inclusão do logótipo (uma estilização das iniciais do nome) na maior parte das correias e braceletes. Esse logótipo pode surgir acoplado, embutido ou desenhado. Mas é praticamente omnipresente e dá uma aura muito especial a qualquer modelo da marca.

A comunidade Espiral do Tempo

No Cascavel Bar estiveram presentes muitos dos amigos da Espiral do Tempo, entre assinantes históricos da revista e habitués dos nossos eventos promovidos em parceria com marcas relojoeiras ou com personalidades relevantes da indústria. Gabriel Bonnet e Louis Milliet responderam com grande eloquência a várias questões colocadas pelos convidados, que assim ficaram a conhecer bem melhor a Maurice Lacroix e os destaques da sua coleção.

revista numa mesa e representantes da Maurice Lacroix no Cascavel bar em Lisboa durante o Encontro Espiral do Tempo x Maurice Lacroix:, com Gabriel Bonnet, Louis Millet
Louis Milliet e Gabriel Bonnet durante o Encontro Espiral do Tempo x Maurice Lacroix | Fotos: José Zenha

Gabriel Bonnet e Louis Milliet aproveitaram ainda para convidar os presentes a visitar as instalações da Maurice Lacroix em Saignelégier, uma pequena vila localizada no coração das Franches-Montagnes — 170km a norte de Genebra, na transição para a zona germânica da Suíça e a cerca de 80 km de Basileia. Uma área caraterizada por tradicionais paisagens montanhosas da Suíça; a beleza natural da região influenciou mesmo pormenores nalguns relógios, como os representantes da marca fizeram questão de salientar.

pessoas a ver relógios num expositor no Encontro Espiral do Tempo x Maurice Lacroix no Cascavel Bar em Lisboa
O expositor dedicado às linhas Aikon e Aikonic foi especialmente concorrido no Encontro Espiral do Tempo x Maurice Lacroix | Fotos: José Zenha

Alguns dos convidados aproveitaram para trazerem os seus próprios relógios Maurice Lacroix, para os mostrarem orgulhosamente aos amigos e aos representantes da marca. Viram-se sobretudo modelos Pontos da década passada, alguns deles dotados de uma das complicações mais associadas à Maurice Lacroix: as indicações com ponteiros retrógrados.

relógio no pulso no Encontro Espiral do Tempo x Maurice Lacroix no Cascavel Bar em Lisboa
Houve participantes que trouxeram o seu próprio relógio Maurice Lacroix para o evento no Cascavel Bar | Foto: José Zenha

Quanto ao local escolhido para o Encontro Espiral do Tempo x Maurice Lacroix, o Cascavel Gastro Bar revelou-se um excelente anfitrião e os cocktails especiais da casa — sobretudo uma variante muito especial do Moscow Mule — contribuíram para matar a sede e fomentar a boa confraternização que se verificou ao longo das quatro horas da reunião.

Num futuro próximo, a Espiral do Tempo anunciará qual o novo evento a partilhar com a sua comunidade. Fiquem atentos!

imagens de um relógio redondo e um relógio retangular da Maurice Lacroix no pulso durante o Encontro Espiral do Tempo x Maurice Lacroix no Cascavel Bar em Lisboa
No pulso: relógios Fiaba redondo e retangular da Maurice Lacroix | Fotos: José Zenha

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