A Espiral do Tempo apresentou Jorn Werdelin a amigos da revista e a aficionados da relojoaria no segundo encontro de 2020 promovido pela nossa publicação no restaurante-bar Infame. O cofundador da Linde Werdelin falou sobre os desafios das companhias independentes, sobre a singularidade da sua própria marca e sobre o estado da indústria relojoeira numa noite muito bem passada.
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As marcas independentes sempre gozaram de grande simpatia entre os aficionados da relojoaria puros e duros e algumas delas conseguem mesmo alcançar estatuto de culto. A Linde Werdelin, de raízes dinamarquesas que se estendem a Londres e com ramificações industriais na Suíça, é uma delas — e também uma das mais originais. O seu cofundador, Jorn Werdelin esteve em Portugal para mais uma iniciativa da Espiral do Tempo junto dos seus leitores e amigos.
Depois do mestre Karsten Fraessdorf no final do ano passado e do designer e CEO da Singer Reimagined, Marco Borraccino, na primeira quinzena de 2020, o mais recente encontro promovido pela Espiral do Tempo voltou a ter como palco o ambiente sofisticado mas descontraído do restaurante-bar Infame, a escassas centenas de metros do quartel-geral da revista na Avenida Almirante Reis. O primeiro contacto dos aficionados com Jorn Werdelin e os seus relógios deu-se no bar.
Uma interessante seleção de relógios
O cofundador da Linde Werdelin trouxe com ele uma interessante seleção representativa do atual catálogo, com destaque para duas novidades absolutas divulgadas na véspera através das plataformas digitais da marca mas apresentadas pela primeira vez ao vivo: o SpidoLite Arktis Blue e o SpidoLite Summit Green, que se juntaram ao SpidoSpeed Arktis, ao 3-Timer Rock, ao 3-Timer Rock Gold com bracelete metálica e ao Oktopus Volkano. Ainda houve mais dois modelos Linde Werdelin a circular: um Oktopus Titanium da primeira geração, pertencente ao autor destas linhas, e o SpidoLite Gold 3D Movement do próprio Jorn Werdelin.
Os relógios Linde Werdelin têm um design singular e uma estrutura completamente distinta do que é habitual ver-se, pelo que foi notório o entusiasmo revelado pelos amigos da Espiral do Tempo que pela primeira vez estavam em contacto com as peças. Essa paixão surpreendeu deveras Jorn Werdelin e é possível de constatar através das muitas imagens recolhidas desde o final da tarde até à despedida — sendo que várias das muitas imagens recolhidas e aqui publicadas na reportagem sobre o evento são precisamente pertencentes aos convidados, alguns dos quais com especial talento para a fotografia.
O peculiar design e a estrutura da caixa são da autoria do outro cofundador, Morten Linde; desde o início que a caixa foi pensada para ser acompanhada de um adereço que complementava o binómio relógio mecânico+instrumento eletrónico que esteve na génese da marca em 2002. Obviamente, todos os relógios Linde Werdelin à disposição apresentavam o já típico design integrado dotado de abas laterais com discretas reentrâncias que permitem a fixação do módulo eletrónico quando o utilizador o desejasse. E também estiveram disponíveis para fotografar dois instrumentos, o maior The Reef (para mergulho) e o mais pequeno The Rock (para montanha/ski).
O SpidoLite Arktis Blue e o SpidoLite Summit Green receberam particular atenção, visto tratar-se de uma estreia mundial — mas não só por essa razão: os tons do mostrador e o perfil esqueletizado da caixa em titânio de grau 5 foram particularmente apreciados pelos aficionados.
Também o Oktopus Volcano foi especialmente escrutinado devido ao aturado trabalho de gravação/decoração da caixa com a assinatura de Johnny Dowell; as reentrâncias do desenho da gravação são preenchidas com ouro para dar a ideia de lava evocativa do tema que dá nome a tão notável peça; só pode ser adquirida mediante pedido e com algum tempo de antecedência, já que Johnny Dowell — também conhecido por King Nerd — só executa uma gravação por mês!
O SpidoLite Gold 3D Movement que foi a escolha de pulso de Jorn Werdelin na viagem a Portugal espantou pelo seu mostrador openworked com uma perfeita vista para o movimento desenvolvido pelo mestre Jean-François Mojon. A caixa esqueletizada em ouro com a luneta em cerâmica preta e a tecnicidade bem à vista constituem uma combinação especialmente do agrado dos aficionados.
Os participantes também puderam testar o rápido sistema de troca de braceletes e correias. A fixação da bracelete (ergonómica e com uma inserção metálica interior) na caixa é feita através de parafusos que permitem uma troca rápida e confortável — todos os modelos da marca e respetivas variações de caixa existentes desde os primórdios podem receber todo o tipo de braceletes, sejam elas metálicas, em cauchu ou correias de pele (couro impermeabilizado, avestruz ou crocodilo).
A bracelete metálica que acompanhou um dos modelos 3-Timer também suscitou a admiração de todos, devido à sua construção original — numa era em que tantas braceletes metálicas se parecem umas com as outras e são reminiscentes de famosos modelos dos anos 70 — e à sua perfeita integração na caixa.
Oktopus com Octopus
E depois da azáfama fotográfica do bar passou-se para a mezanine do restaurante, onde Jorn Werdelin foi apresentado de modo mais formal aos presentes. Curiosamente, tendo em conta que uma das três linhas da coleção da Linde Werdelin se chama Oktopus, o prato mais escolhido do menu especialmente preparado pelo chef do Infame, Nuno Bandeira de Lima, foi… o Octopus Garden. Polvo. Obviamente que teve de se tirar a inevitável fotografia com os dois modelos Oktopus disponíveis…
No final do jantar houve a já tradicional sessão de perguntas e respostas. Foram cerca de 30, as questões escritas pelos convidados; Jorn Werdelin respondeu-as a todas, abordando os mais diferentes assuntos — desde a opção da sua marca em sair de Baselworld quando percebeu antecipadamente que o conceito da feira já não estava a funcionar até ao nascimento da marca, passando pelos movimentos utilizados e ao anúncio de que a aposta nos instrumentos eletrónicos estava por enquanto parada devido à predominância dos relógios na escolha do cliente Linde Werdelin muito devido ao advento de outras soluções (incluindo o aparecimento dos smartphones e respetivas aplicações).
«O relógio perfeito para mim é um relógio com um toque algo desportivo, bem construído e com um design inovador que possa aguentar o teste do tempo», disse Jorn. «A Linde Werdelin tem relógios com um design cuidado e são feitos para todas as ocasiões. Gostamos de pensar que o nosso trabalho e o que fazemos possa contribuir, juntamente com outras marcas independentes, para um novo capítulo na relojoaria».
A Espiral do Tempo também promoveu um encontro de Jorn Werdelin no Porto com alguns bem conhecidos aficionados nortenhos de relojoaria, à semelhança do que já havia sucedido duas semanas antes com Marco Borraccino.
Em Lisboa, e após o serão no Infame, tornou-se obrigatória a fotografia ‘de família’ que encerrou mais um capítulo dos Encontros Espiral do Tempo. Em breve haverá mais!
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