Um dos acontecimentos mais relevantes associados ao Geneva Watch Days foi o relançamento da Favre Leuba — uma histórica marca suíça cuja fundação remonta a 1737 e que apresentou três novas linhas sob a batuta de Patrik Hoffmann.
Era um regresso anunciado e mais ou menos aguardado nos bastidores da relojoaria há já alguns meses: a Favre Leuba voltava a entrar em ação sob a direção de um novo CEO e enveredando por uma via bem distinta daquela que apresentou aquando de um primeiro relançamento em meados da década transata. Por volta de 2017, e pela mão de Patrick Kury (responsável técnico da Eterna e da Porsche Design que depois chegou a CEO), apresentou relógios interessantes mas demasiado volumosos para a crescente apetência por um estilo vintage mais elegante. Que, oito anos volvidos, foi a direção tomada por Patrik Hoffmann.
Patrik Hoffmann foi anteriormente CEO da Ulysse Nardin e depois consultor com uma participação na Chronoswiss, sendo também responsável pelo departamento europeu da WatchBox. A Favre Leuba é o seu novo projeto e trabalhou longamente na preparação da coleção apresentada agora durante o Geneva Watch Days e que representa uma base ideal para o que futuramente há-de vir. Uma coleção que arranca com três linhas que misturam herança com modernidade e passado com presente, traduzidas por um total de 22 referências posicionadas numa faixa de preço entre 2.250 e 4.375 francos suíços — e com mais algumas linhas na calha, que serão estreadas dentro de sensivelmente um ano.
O plano de relançamento foi estudado ao pormenor e embarca várias etapas que prometem fazer jus ao estatuto de uma das mais antigas marcas relojoeiras, com um início oficialmente reconhecido (porque há muitas com uma longevidade suspeita…) que remonta a 1737. A primeira etapa engloba a estreia das linhas Chief, Deep Blue e Sea Sky, de nomenclatura e estilização inspiradas nas décadas de 60 e 70 sob a supervisão dos designers Antoine Tschumi e Laurent Auberson. A equipa de profissionais inclui outros elementos de comprovada experiência no setor e o objetivo é que a Favre Leuba esteja já a carburar em pleno e com uma produção de milhares de exemplares no espaço de três anos. Para já, os novos modelos foram muito bem recebidos pela crítica e pela comunidade relojoeira.
«A Favre Leuba não é apenas mais uma marca relojoeira; é um símbolo de resiliência e inovação para toda a indústria do setor. Honramos o nosso passado e a nossa herança coletiva ao mesmo tempo que abraçamos o futuro, concebendo relógios que personificam o espírito pioneiro dos nossos fundadores», refere Patrik Hoffmann. «O relançamento da Favre Leuba representa uma extraordinária transformação. Com uma equipa de experimentados especialistas e uma ambiciosa visão estratégica, estamos determinados a restaurar uma tão lendária marca para que volte a ocupar o seu lugar merecido no panorama relojoeiro».
O CEO da Favre Leuba confessou-nos também que o emblemático Bivouac, o relógio dotado de altímetro e barómetro que acompanhou montanhistas e exploradores na década de 60, será relançado no final de 2025: «Temos de esperar porque precisa de um desenvolvimento específico do movimento; o projeto arrancou há alguns meses e está no bom caminho». O Bathy, um relógio de mergulho dotado de profundímetro lançado em 1968, é outro icónico modelo da marca que, mais cedo ou mais tarde, estará na forja — se não é que já está.
Deep Blue
Durante o Geneva Watch Days, Patrik Hoffmann escolheu usar no pulso o novo Deep Blue Revival — uma vez que comemora este ano 60 anos de vida, tendo em conta que foi lançado em 1964. E o seu relançamento respeita o original para fazer as delícias dos saudosistas que gostam do caraterístico estilo dos anos 60 e do visual dos tool watches dessa década tão importante na descoberta de recantos do planeta nunca antes explorados. Nessa altura, o Deep Blue tornou-se popular pelo seu design robusto e estanqueidade até 200 metros, pouco habitual para a altura. O renascimento do Deep Blue oferece à Favre Leuba uma linha de mergulho clássica e divide-se entre o Deep Blue Revival e o Deep Blue Rennaissance, comercializados a um preço entre os 2.200 e os 2.300 francos suíços.
O Deep Blue Revival é uma reedição fiel do original destinada a comemorar o seu 60.º aniversário, com 39mm de diâmetro e 12,75mm de espessura. Uma versão única de mostrador cinza raiado e alimentada pelo Calibre G100 automático da La Joux-Perret que é estanque a 300 metros, ultrapassando a estanqueidade do original (200 metros). Já o Deep Blue Rennaissance tem 40mm de diâmetro e é uma reinterpretação do original disponível com bracelete em aço ou cauchu; é alimentado pelo mesmo movimento do Deep Blue Revival, mas apresenta outras cores de mostrador: azul forte, verde intenso e cinza antracite com efeito gradiente do centro para a periferia. Em ambas as vertentes, é usada uma luneta em cerâmica e janela redonda para a data.
Sea Sky Chronograph
O Sea Sky Chronograph também é um exercício revivalista que redundou num robusto cronógrafo com três totalizadores opalinos contrastantes com as três cores disponíveis: preto, azul e castanho. Assenta numa caixa redonda de 40mm de diâmetro em aço 316L de acabamento alternadamente polido e escovado que proporciona a tal aura vintage de elegância casual que os aficionados tanto apreciam, reforçada por uma escala dupla (taquímetro para medir velocidade e telémetro para calcular distância) na periferia do mostrador.
É motorizado pelo Calibre L112 de corda automática desenvolvido pela La Joux-Perret e dotado de 60 horas de autonomia, visível com a sua massa oscilante em ouro através do fundo transparente em vidro de safira. O preço situa-se nos 3.950 francos suíços.
Chief
Uma linha que contempla duas variantes de três modelos cada: o Chief Date de três ponteiros e data com 40mm de diâmetro, e o Chief Chronograph de 41mm de diâmetro. É inspirada no Chief de formato cushion lançado na década de 70, mas estilizada de modo contemporâneo — uma reinterpretação moderna com um perfil sport chic que é sobretudo diferente nos flancos da caixa.
«O Chief é o pilar do relançamento da Favre Leuba», salienta Patrik Hoffmann; «o cronógrafo original que inspirou a nova linha é de 1970 com movimento Valjoux 23 de corda manual e tinha uma caixa quadrada de contornos encurvados nos quatro cantos. O nosso objetivo é desenvolver o Chief numa gama completa que incorporará diversos movimentos de diversos tamanhos para que represente o potencial do renascimento da marca com elegância e inovação».
O cronógrafo apresenta uma configuração de mostrador bicompax com escala taquimétrica na periferia e a alternância de acabamentos em todos os elementos dá-lhe profundidade e sofisticação, a par de excelente legibilidade, sendo alimentado pelo Calibre L113 da La Joux-Perret com 60 horas de autonomia e roda de colunas. Está disponível em três cores: azul, azul pálido (ice blue) e preto. Com uma bracelete metálica formada por elos em H (4.375 francos suíços) ou uma bracelete integrada em cauchu (4.300).
O Chief Date é ligeiramente mais pequeno (1mm, mas um milímetro é muito em relojoaria!) e tem uma espessura de somente 10,8mm, transferindo a estrutura escultural do Chief Chronograph para um relógio essencial e que pode servir um espectro mais alargado de pulsos. O mostrador texturado apresenta uma espécie de tapeçaria assente em ampulhetas — o símbolo da Favre Leuba — estilizadas. E o movimento utilizado é o Calibre G100 da La Joux-Perret, com 68 horas de reserva de marcha. Está disponível nos tons de mostrador azul, verde e preto; o preço vai dos 2.300 francos suíços (bracelete de cauchu) aos 2.375 (bracelete metálica).
Museu à vista
Fundada em 1737 na zona montanhosa do cantão de Neuchatel, em Le Locle, a Favre Leuva tem agora a sua sede em Grenchen, no cantão de Solothurn, onde irá também criar um museu destinado a prestar homenagem à sua história — que foi criteriosamente estudada por arquivistas e designers na preparação para o relançamento efetuado agora no verão de 2024.