Em Nyon — A Hublot reforçou a sua capacidade industrial com a inauguração de um novo edifício em Nyon; batizado Hublot 2, representa uma adição de 8.000m² à infrastrutura de uma marca que não tem parado de crescer desde que o ‘mago’ Jean-Claude Biver a revitalizou a partir de 2004. Como não podia deixar de ser, o evento contou com algumas vedetas — Pelé, Bar Refaeli, Lapo Elkann — e falámos com o CEO, Ricardo Guadalupe.
Fundada em 1980 por Carlo Crocco, a Hublot distinguiu-se logo pela inspiração náutica (Hublot quer dizer ‘escotilha’) e pelo facto de apresentar a primeira bracelete de borracha natural — sendo a primeira marca dita de luxo a ousar utilizar uma tal matéria. Volvidos 35 anos, é comum verem-se modelos de alta-relojoaria equipados com braceletes de cauchu, mas entretanto a história da Hublot sofreu algumas alterações dignas de registo; a mais relevante delas foi a entrada a bordo de Jean-Claude Biver, assumindo o estatuto de CEO em maio de 2004 e estreando a linha Big Bang na edição de 2005 de Baselworld.
A linha Big Bang representou mesmo um Big Bang para a Hublot. Uma dezena de anos depois, as vendas continuam a ser multiplicadas a cada ano, foram inauguradas 73 boutiques em todo o mundo e pelo meio — em 2008 — foi adquirida pelo grupo de luxo LVMH (Louis Vuitton Möet Hennessy, que também integra a Bvlgari, a TAG Heuer e a Zenith, entre outras). Uma fortíssima política de patrocínios e de edições limitadas deu ainda mais visibilidade à marca, através de embaixadores e de parcerias; de Pelé à Ferrari, passando por Bar Refaeli e os Los Angeles Lakers, muitos sucumbiram ao carisma de Jean-Claude Biver, que entretanto passou para a liderança do polo relojoeiro da LVMH e para a presidência da TAG Heuer, deixando Ricardo Guadalupe na direção da Hublot. Dez anos após a apresentação do Big Bang, a inauguração do novo edifício de manufatura personificou uma década de Hublot: fama, glamour, modernismo, ousadia tecnológica.
Primeiro, a fama e o glamour. Perante cerca de 300 convidados, o discurso sempre positivo e contagiante de Jean-Claude Biver incluiu as suas habituais palavras-chave — ‘Amor’, ‘Magia’, ‘Eternidade’, ‘Alma’ — com algumas tiradas a fazerem recordar versos de canções dos Beatles. Ricardo Guadalupe a funcionar pelo mesmo diapasão. E a posar com eles estavam lá o ‘Rei’ Pelé, a bela Bar Refaeli e o dandy Lapo Elkann — um dos herdeiros do império Agnelli que é também um ícone internacional da moda e que recentemente contribuiu para mais uma edição limitada da Hublot que se revelou um tremendo sucesso: o conjunto muito ‘azzurro’ Big Bang Unico Italia Independent, com óculos de sol a condizerem com o relógio em Texalium (fibra de vidro e alumínio anodizado).
«É esta a magia dos nossos relojoeiros, eles são os artesãos, eles são os pais da alma do relógio e é por isso que as pessoas são viciadas na Hublot», discursou enfaticamente Jean-Claude Biver. «Não comprem um. Tenham cuidado porque vão ficar viciados. Depois compram um segundo e depois um terceiro e assim vamos ter de construir mais um edifício para a manufatura!». E, como grande sacerdote da relojoaria, comparou a Hublot a uma religião com os seus indefetíveis seguidores, mesmo que a marca produza alguns relógios que não mostram o tempo… como os Big Bang completamente negros que tornam difícil a leitura das horas para quem tem a vista cansada. O discurso de Ricardo Guadalupe foi mais sóbrio mas igualmente entusiasta.
Ao som de cornetas dos Alpes e de badalos bovinos, houve também lugar a uns pontapés na bola e golos numa baliza Hublot – para além das incontornáveis vacas autografadas e do omnipresente queijo suíço produzido por Jean-Claude Biver… a fanfarra parece justificada: apesar do abrandamento do negócio da relojoaria mecânica, a marca apresentou em 2015 uma progressão de dois dígitos…
Quanto ao novo edifício propriamente dito, tem a assinatura da firma local Coreta e apresenta um total de 8.000m² de superfície. Ou seja, num plano de desenvolvimento de seis anos e orçado em 20 milhões de francos suíços, a Hublot duplicou o seu espaço de manufatura; a nova infraestrutura é uma réplica arquitetónica maior e mais moderna da primeira inaugurada em 2009 e à qual fica ligada por uma ponte sobre a linha férrea muito ao estilo da Fórmula Um – a disciplina rainha do desporto motorizado que tem sido palco de intervenção da marca, primeiro como cronometrista oficial e depois concentrando-se exclusivamente na Ferrari.
Com 100 novos postos que irão alavancar a força local de trabalho da marca até aos 400 trabalhadores nos próximos anos, o processo de fabrico fica mais agilizado – tal como a área de pesquisa e desenvolvimento, o espaço dedicado à montagem e ainda o departamento de pós-venda. O novo edifício destina-se sobretudo à produção de caixas segundo o seu mote ‘Arte da Fusão’ (muitas delas em materiais vanguardistas e com combinações de materiais exclusivos: Texalium, Magic Gold, ouro cristalizado, cerâmica pigmentada e outros) e também ao fabrico de componentes para os movimentos.
A intenção imediata é fazer saltar a produção das caixas em fibra de carbono, cerâmica, Magic Gold e outros materiais vanguardistas das 10.000 para as 20.000 unidades, referiu Ricardo Guadalupe. No primeiro piso funcionam 17 máquinas CNC — designação para as máquinas ‘Computer Numerical Control’ de multi-eixos capazes de cortar componentes/peças com precisão mais do que cirúrgica.
Mas também houve a oportunidade de visitar o edifício Hublot 1 e de conversar um pouco com Mathias Buttet, o genial relojoeiro que lidera o departamento de Pesquisa e Desenvolvimento da marca e que lhe deu toda a dimensão tecnológica de alta-relojoaria. E tivemos a oportunidade de tirar uma fotografia com o seu relógio, uma peça única que faz acompanhar o turbilhão de parte envidraçadas inspiradas nos vitrais das catedrais.
Quanto à entrevista que fizemos a Ricardo Guadalupe no âmbito da inauguraçãoo da manufatura… fica para uma próxima ocasião!
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