Há quem considere ‘O Padrinho’ como o melhor filme de todos os tempos. A Jacob & Co prestou homenagem ao 50.º aniversário da película de culto de Francis Ford Coppola com uma complicação relojoeira carregada de simbolismo e um preço de meio milhão de euros.
Em Taormina | Comemora-se este ano o 50.º aniversário de um dos mais marcantes filmes de todos os tempos — O Padrinho, longa metragem baseada num romance de Mario Puzo que depois teve uma prequela (1974) e uma sequela (1990). Com três Óscares em dez nomeações e cinco Globos de Ouro em sete nomeações, a primeira película da trilogia ítalo-americana de Francis Ford Coppola apresenta um notável currículo e em 2014 foi mesmo apontado pela revista Hollywood Reporter como o melhor filme de sempre, mas há outros bem mais oscarizados que, no entanto, não ficaram na memória. O Padrinho perdura, como várias outras obras-primas cinematográficas de uma década de 70 polvilhada de filmes que marcaram emocionalmente toda uma geração e que merecem ser vistos pelas gerações seguintes — como Apocalipse Now, O Caçador, Taxi Driver ou O Homem da Maratona.
O Padrinho foi um filme que também me marcou e recordo vivamente as duas ocasiões em que o vi, já nos anos 80 — a segunda das quais num dia que se tornaria determinante para a minha vida. Foi também um filme que marcou tremendamente a família Arabov, que transitou do Uzbequistão para a América no final da década de 70. «Quando chegamos aos Estados Unidos, em 1979, tinha 14 anos e não falávamos inglês. Trabalhamos duramente e levei dois anos a juntar dinheiro para ir ao cinema. Estavam a repor O Padrinho e foi o primeiro filme que vi», recorda Jacob Arabo. O fundador da Jacob & Co melhorou o seu inglês a ver repetidamente o filme e mais tarde tornar-se-ia num joalheiro de sucesso que depois estendeu a sua área de atividade à relojoaria; o seu fascínio pel’ O Padrinho tinha de se materializar de algum modo…
Após dois modelos iniciais, o mais recente relógio dedicado a O Padrinho foi desvelado na passada semana com vários eventos na região de Taormina, na Sicília, para comemorar com pompa e circunstância o 50º aniversário do filme — associando uma caixa de música a um turbilhão volante tri-axial num mostrador rotativo e vários outros extraordinários detalhes alusivos à película… porque Jacob Arabo conhece mesmo o filme de trás para a frente e de cima para baixo. O novo Opera Godfather 50th Anniversary é um fascinante parque temático da lendária longa metragem que junta a tridimensionalidade mecânica ao som, numa autêntica obra-prima de meio milhão de euros.
A apresentação foi feita no prestigiado Grand Hotel Timeo de Taormina, uma pérola turística da Sicilia; as cenas d’O Padrinho filmadas na maior ilha do Mediterrâneo tiveram como palco localidades não muito distantes de Taormina — como Savoca, nas montanhas, onde o refugiado Michael Corleone conheceu Apollonia, se casou com ela e a viu morrer numa explosão do carro que devia ser ele a conduzir, ou o Castello degli Schiavi, a chamada Villa Corleone. Tudo ambientes condizentes para a exaltação de um filme extraordinário e de um relógio não menos excecional, que também acaba por representar idealmente a diversidade da alta-relojoaria: uma tal peça provavelmente nunca seria possível sem Jacob Arabo ou uma marca como a Jacob & Co.
Tal como O Padrinho resultou numa trilogia, também o novo Opera Godfather50th Anniversary é o terceiro modelo da Jacob & Co. dedicado ao filme — o que diz bem do fascínio contínuo de Jacob Arabo pela película de Francis Ford Coppola. Mas é o mais complexo, pleno de referências alegóricas a O Padrinho e carregado de ainda maior simbolismo. Uma caixa musical permite tocar o inconfundível tema composto por Nino Rota sempre que se deseja, assente em dois cilindros rotativos que estão preenchidos com 13 famosas citações do filme (entre as quais, as famosas «I’m gonna make him an offer he can’t refuse», «Leave the gun, take the Cannoli» e «It’s not personal, it’s business»); o flanco da caixa em ouro branco é ilustrado com gravações de 13 cenas emblemáticas do filme com recurso a nano e femtotecnologia; o mostrador inclui no centro uma rosa como a que Don Corleone usou na lapela no casamento da filha; um piano com a imagem de Don Corleone (magistralmente interpretado por Marlon Brando) está associado a um dos cilindros musicais; há também o logo da marioneta que passou da capa do livro de Mario Puzo para o poster do filme. Tudo num carrossel permanente, porque o mostrador é rotativo.
Se o Opera Godfather 50th Anniversary está carregado de simbolismo, o plano técnico também eleva o relógio a um patamar muito elevado: a peça levou quatro anos a ser concretizada e é o pináculo criativo da Jacob & Co, que já conta no seu currículo com alguns relógios notáveis — como os recentes modelos Chiron, da associação à Bugatti. «Queríamos criar uma reprodução cinematográfica, gráfica e musical do clássico filme de culto de Francis Ford Coppola que fosse bem além das duas edições anteriores», recorda Benjamin Arabov, filho de Jacob Arabo e o novo CEO da marca. «Em Junho de 2021 tivemos longas discussões com a Paramount Pictures para encontrar a melhor maneira de celebrar condignamente as Bodas de Ouro do filme e uma vertente que queríamos concretizar era a reprodução de cenas emblemáticas; decidimos então colocá-las no flanco da caixa».
Essa reprodução é um feito técnico ímpar, alcançado em colaboração com a firma DM Surfaces de St. Imier, na Suíça: as imagens são incrivelmente nítidas e contêm 256 tonalidades de cinzento graças a um processo de vanguarda assente na tecnologia femtolaser; a gravação foi feita com incrementos a partir de um bilião de segundo! Limitado a 50 exemplares, o Opera Godfather 50th Anniversary tem um diâmetro de 49mm e é alimentado pelo calibre JCFM04 com 634 componentes e abrilhantado por um turbilhão volante de eixo triplo, para além da caixa musical. Mas o relógio não é tudo: é o protagonista de um conjunto que inclui um estojo de madeira, uma caneta igualmente alegórica concretizada em parceria com a Montegrappa e uma garrafa de whisky. E viva Don Corleone!
O Padrinho foi também o filme que reabilitou a carreira de Marlon Brando (ganhou o Óscar de Melhor Ator, mas não o aceitou e enviou uma nativa americana discursar) e o relançou para outros grandes êxitos nos anos 70; serviu igualmente de catapulta para um conjunto de jovens atores que se tornariam gigantes da Sétima Arte — a começar por Al Pacino (Michael Corleone), com James Caan (Sonny Corleone), Robert Duvall (Tom Hagen, o Consiglieri) e Diane Keaton (Kay Adams) igualmente em excelente plano. Gianni Russo, que interpretou Carlo Rizzi (o estróina que casou com a filha de Don Corleone e depois atraiçoou Sonny Corleone), esteve presente em Taormina e revelou muitos segredos do filme… para além de contar muitas outras histórias que têm surgido nos seus livros tornados best sellers e de cantar o tema d’O Padrinho — afinal de contas, diz ele, Frank Sinatra ensinou-o a cantar, Marlon Brando ensinou-o a representar e Marilyn Monroe ensinou-o a ser um homem aos 16 anos.