A.Lange & Söhne Lange 1 Moon Phase: cabeça na lua, de dia e de noite

Em Dresden e Glashütte — Na sua habitual reunião anual promovida no início de dezembro, a Lange & Söhne desvelou a nova versão do Lange 1 Moon Phase melhorada com o recurso a uma espécie de Ovo de Colombo — a solução parece fácil, mas primeiro era preciso pensar nela…

Pre-SIHH Lange 1 Moon Phase
© A. Lange & Söhne

Depois de dois anos com muita pompa e circunstância, a Lange & Söhne optou por uma simples mas significativa afinação na tradicional cimeira de inverno em que convida alguns elementos da imprensa mundial e vários colecionadores para uma estadia de três dias em Dresden e Glashütte, dando a conhecer uma novidade relacionada com a coleção e o vencedor do seu prémio de excelência para jovens relojoeiros. Compreendia-se: tanto em 2014 como em 2015 celebraram-se aniversários relevantes e em ambos os casos houve modelos de celebração em edição limitada com o selo de excelência artística Handverkskunst — há dois anos, na comemoração dos 20 anos do emblemático Lange 1, foi lançado o Lange 1 Tourbillon Handverkskunst; no ano passado, para o 200.º aniversário do nascimento do fundador Ferdinand Adolph Lange, apresentou-se o 1815 Tourbillon Handverkskunst. Este ano, não houve turbilhões nem edições artísticas. Houve uma atualização astronómica.

Pre-SIHH Lange 1 Moon Phase
© A. Lange & Söhne

E, como já é tradição, o primeiro pulso a receber a novidade foi o do enviado especial da Espiral do Tempo. Pois é, Ton de Haas, o responsável pelo setor de pesquisa e desenvolvimento de produto da Lange & Söhne, lá colocou o novo Lange 1 Moon Phase no meu pulso para o meu wristshot da praxe — com todos os meus colegas à volta, numa grande azáfama para recolher as melhores ‘primeiras imagens’. Hoje em dia, com o peso das redes sociais, é mesmo assim…

Pre-SIHH Lange 1 Moon Phase
© A. Lange & Söhne
Pre-SIHH Lange 1 Moon Phase
© Espial do Tempo / Miguel Seabra

A Lua em destaque

Em 2016, a A. Lange & Söhne escolheu dar novamente à lua o protagonismo do seu tradicional evento pré-Salon International de la Haute Horlogerie — à semelhança do que já havia acontecido em 2013. Há três anos, introduziu na sua coleção o Grand Lange 1 Moon Phase com um disco sobredimensionado da abóbada celestial deslocado para o submostrador das horas e dos minutos; este ano, fez ‘somente’ uma atualização do seu Lange 1 Moon Phase — mas tantas vezes as simples afinações de modelos existentes se revelam mais importantes do que novos modelos. Sobretudo em marcas de alta-relojoaria que não assentam a sua estratégia na apresentação contínua de novidades para abalar o mercado. De facto, trata-se ‘apenas’ de uma atualização centrada num novo disco de fases da lua com indicação dia/noite — não é uma grande complicação ou um novo relógio ou uma qualquer edição limitada. Sim, estarão na calha mais modelos e possivelmente algo de extraordinário para mostrar no SIHH em janeiro, mas desta feita o CEO Wilhelm Schmid e o seu diretor-técnico Antonie de Haas optaram por pensar no cliente normal e no catálogo regular em vez do grande colecionador e da edição limitada.

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Lange 1 Moon Phase com caixa em platina e mostrador galvanizado. © Espiral do Tempo / Miguel Seabra
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Lange 1 Moon Phase com caixa em ouro branco e mostrador preto. © Espiral do Tempo / Miguel Seabra

Modelos astronómicos

A relojoaria alemã em geral e a de Glashütte em particular sempre estiveram mais focadas na busca da precisão absoluta do que propriamente em complicações cósmicas elaboradas. Mesmo que o Salão da Matemática e da Física no palácio Zwinger apresente excelentes exemplos históricos de instrumentos de medição ou pesquisa astronómica. No século XVI, Augusto — então Eleitor da Saxónia — promoveu a pesquisa astronómica e fundou a Câmara da Arte de Dresden, que depois deu lugar ao Gabinete Real de Instrumentos Físicos e Matemáticos que hoje em dia se apresenta como museu numa das alas do Zwinger. O acervo inclui peças tão importantes como o relógio planetário de Eberhard Baldewein (1568), o globo celestial de Johannes Reinhold e Georg Roll (1586) ou o globo lunar de Ernst Fischer (1875). A Lange & Söhne só começou a desvelar modelos dotados de complicações celestiais mais ou menos complexas a um ritmo constante somente cinco anos após Walter Lange, Günther Blümlein e Hartmut Knöthe terem apresentado publicamente os relógios Lange & Söhne da nova era. O histórico relançamento da marca foi feito a 24 de outubro de 1994 e nenhum dos quatro modelos inaugurais (o Lange 1, que se tornaria na bandeira da marca; o Arkade, o Saxónia e o Tourbillon Pour Le Mérite) apresentava uma qualquer ligação cósmica: o destaque incidia fundamentalmente sobre a qualidade, a precisão, a estética, a inovadora data sobredimensionada ou a transmissão por fuso com correia. O primeiro modelo astronómico da marca foi o 1815 Moon Phase que incluiu fases da lua de grande precisão em 1999, numa edição limitada batizada Emil Lange — o segundo filho do fundador Ferdinand Adolf Lange (o mais extrovertido, ao passo que Richard Lange era o mais técnico).

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Caliber L121.3 que equipa o Lange 1 Moon Phase © A. Lange & Söhne / Ben Gierig

Em 2002, surgiu a variante do Lange 1 com fases da lua e na altura a escolha da abertura no mostrador para a indicação do trajeto do satélite da terra foi o submostrador dos pequenos segundos. Na sequência da afinação recentemente feita ao Lange 1 ‘normal’, a versão lunar recebe agora um novo calibre baseado nessa atualização — passando a apresentar uma nova solução celestial, associando a lunação a um indicador dia/noite. A composição do disco lunar baseia-se num conceito novo e particularmente realista: uma lua separada em ouro maciço segue a sua própria órbita numa posição frontal; por trás dela, o disco astronómico — também ele concebido em ouro maciço — completa uma revolução exata a cada 24 horas. Nesse disco, as diferentes alturas do dia são representadas por distintas tonalidades de azul que ganham vida graças aos efeitos da interferência de luz. Durante o dia, o disco mostra um céu azul brilhante sem estrelas, enquanto que a noite revela um céu mais escuro no qual surgem estrelas contrastantes recortadas com raio laser. Com uma tal solução, a lua orbita sempre sobre um fundo realístico que também funciona como indicador dia/noite quando se ajusta o relógio.

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Lange 1 Moon Phase com caixa em ouro rosa e mostrador prateado. © Espiral do Tempo / Miguel Seabra

O novo Lange 1 Moon Phase é alimentado pelo calibre L121.3, que passa a ser o 20.º movimento da Lange & Söhne dotado de indicação de fases da lua; como foi referido, baseia-se no movimento do Lange 1 rejuvenescido há dois anos e apresenta os mesmos atributos de rendimento — que incluem os habituais tambores de corda gémeos com uma reserva de marcha máxima de 72 horas e indicação sobredimensionada da data com salto de grande precisão. O novo Lange 1 Moon Phase também alberga um sistema de escape dotado de um balanço equipado com uma espiral própria concebida na Lange. Suspenso sob o galo do balanço gravado à mão, bate com uma frequência de 21.600 semi-oscilações por hora e as 70 peças que compõem a indicação das fases da lua foram integradas de tal maneira no calibre L121.3 que o torna pouco mais espesso do que o calibre L121.1 do Lange 1.

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Caliber L121.3 que equipa o novo Lange 1 Moon Phase © A. Lange & Söhne

O inconfundível mostrador assimétrico em prata maciça do Lange 1 Moon Phase serve de palco particularmente harmonioso para os marcadores luminescentes das horas e da reserva de corda, complementados com a data sobredimensionada e a já escalpelizada disposição das fases da lua com indicador dia/noite. O relógio está disponível em três versões: com as seguintes combinações: caixa em ouro branco com mostrador preto, caixa em ouro rosa com mostrador prateado, e caixa em platina com mostrador galvanizado.

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Lange 1 Moon Phase © A. Lange & Söhne

Mas temos mais para contar acerca nossa visita a Dresden e a Glashütte. Nomeadamente uma visita à Ópera de Semper, cujo relógio de 5 minutos (acima do palco) inspirou a data sobredimensionada que a Lange & Söhne apresentou pela primeira vez em 1994 e que revolucionou a indústria relojoeira. Trata-se de um dos mais famosos palcos de espetáculos do planeta e contar-vos-emos a sua história de destruição e redenção (e o modo como influenciou a Lange & Söhne). Destacaremos também a vitória do jovem relojoeiro francês Tanguy Huret no tradicional concurso ‘F.A. Lange Watchmaking Excellence Award’ anualmente promovido pela manufatura saxónica; Wilhelm Schmid afirmou mesmo que o projeto de calendário anual apresentado foi o melhor de todos os submetidos a concurso nos sete anos de existência do galardão. O rescaldo em breve aqui no site da Espiral! ET_simb

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