A Christie’s está de boa saúde e recomenda-se! O único leiloeiro a conseguir acompanhar, embora para já a alguma distância, a Phillips sob a orientação de Aurel Back e Livia Russo, preparou um catálogo variado e com peças interessantes que mantiveram o público num permanente sai e entra da sala consoante os lotes se adequavam aos seus interesses ou não.
Coube ao lote 17 a tarefa de concentrar a atenção dos presentes com um relógio de bolso da Patek Philippe. Tratava-se de um cronómetro repetição de minutos que, curiosamente, fora encomendado em 1883 pelo comendador Fernand Lagarrigue, o consul de Portugal em Nice. A peça, com caixa em ouro e ebauche possivelmente da autoria de Victorin Piguet, apresentava um estado de conservação notável tendo sido adquirida por 55.000 francos.
Os lotes 48 e 49 representavam dois raros Patek Philippe Ref. 5004R com a particularidade de o primeiro ter mostrador negro, e o segundo mostrador branco com ponteiros centrais e de cronógrafo negros. A configuração peculiar deste último terá sido um pedido específico do proprietário original, o que torna este modelo num exemplar possivelmente único. Os modelos saíram respectivamente por 180.000 e 150.000 francos.
O lote 78 estava associado ao Breguet nº1608 “Montre Repétition à Ponts”. Um relógio de bolso em ouro com repetição de quartos que foi vendido em 1806 à princesa Caroline Murat, a irmã mais nova de Napoleão Bonaparte. A importância relojoeira e histórica da peça, assim como a proveniência real, não foram suficientes para entusiasmar o grupo de compradores presentes, maioritariamente focados na relojoaria de pulso vintage, pelo que o Breguet não ultrapassou os 22.000 francos.
O lote 108 estava associado a um cronógrafo Patek Philippe Ref. 130 com mostrador de dois tons bastante atraente. Os 160.000 francos pelos quais o modelo foi vendido encontravam-se entre o mínimo e máximo estimado pelo leiloeiro para este modelo.
Entre os lotes disponibilizados por um importante colecionador europeu, encontrava-se um raro exemplar de um Cartier “Tortue à Pattes”, um cronógrafo “monopoussoir”, em ouro amarelo, datado de cerca de 1929. O excelente estado do modelo, com o número de lote 117, estava avaliado pela Christies com um mínimo de 40.000 e um máximo de 60.000 francos. A peça acabou por ser adquirida por 50.000 francos via telefone.
A ref. 3448 “Senza Luna” em ouro branco da Patek Philippe, tinha gerado alguma expectativa e interesse nos dias que antecederam o leilão. Um efeito que impulsionou o modelo que é considerado uma lenda e um caso de estudo por parte de quem investiga a relojoaria da Patek Philippe, para um valor bastante acima do mínimo de 300.000 francos estimado pela Christie’s. O lote 135 acabou por ver o martelo cair aos 800.000 francos num lance comissionado antecipadamente.
A provável ressaca da venda do Rolex Daytona Paul Newman “Paul Newman” em Nova Iorque, algumas semanas antes, deu origem a resultados medianos para os modelos similares propostos pela Christies, quando se esperava precisamente o contrário. Exceção dada ao último lote da noite, com o nº 217, uma ref. 6241 em ouro amarelo de 14 kt, configuração “John Player Special” e marcas de importação francesas, que mereceu o lance de 610.000 francos via telefone.
Nota: A todos os preços descritos acresce a comissão de leiloeiro.
Consulte o site oficial da Christies para mais informações.
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