MIMU: o instrumento do tempo que venceu o prémio Time to Watches 2025

Entre o gesto e o enigma, o MIMU propõe uma relação com o tempo mais intimista, mais sensível e menos literal. Concebido pela jovem sul-coreana Suan You, o projeto foi distinguido com o prémio Time to Watches 2025. Uma escolha que revela não apenas um talento emergente, mas também uma abordagem reflexiva da relojoaria.

Criado em 2022, o Time to Watches é um evento dedicado à relojoaria, que decorre em Genebra paralelamente ao Watches and Wonders. Pensado originalmente como uma plataforma aberta e dinâmica, tem como objetivo promover o encontro entre marcas, profissionais, colecionadores, imprensa e apaixonados por relógios, de forma informal e acessível. Durante os dias do evento, é possível contar com novidades e propostas de criadores estabelecidos e talentos emergentes, sempre com foco na autenticidade e na excelência dos produtos apresentados.

Suan You recebe o prémio Time to Watches 2025 numa cerimónia oficial em Genebra
Suan You, vencedora do prémio Time to Watches 2025, ao lado de um dos membros do júri na cerimónia de entrega | Foto: Time to Watches

É neste contexto que surge o prémio Time to Watches, atribuído anualmente em colaboração com a HEAD – Haute École d’Art et de Design de Genève. A distinção reconhece o melhor projeto de graduação (licenciatura ou mestrado) em design de relojoaria, numa lógica de valorização da criatividade, do rigor conceptual e da sensibilidade no modo como se pensa e como se representa o tempo. Este ano, a jovem designer sul-coreana Suan You foi a grande vencedora da iniciativa com um instrumento do tempo que foge por completo do convencional.

MIMU: a poesia do tempo

Várias peças do relógio MIMU dispostas entre seixos, evocando a sua forma orgânica
MIMU, o projeto premiado, apresenta uma abordagem lúdica ao tempo e tem uma forma inspirada num seixo | Foto: Time to Watches

O MIMU é um instrumento do tempo que se destaca pela forma «como conjuga poesia, emoção e uma identidade singular», como se refere em comunicado. À primeira vista, não parece um relógio. Escondido no interior de uma peça suave e colorida que remete para um seixo polido, o tempo vai-se revelando através do gesto e do contacto pessoal, num pequeno puzzle deslizante que convida ao toque e à descoberta.

Neste sentido, o MIMU é parte joia e parte escultura, mas é relógio também porque existe para contar o tempo | Foto: Time to Watches

A inspiração remonta ao passado, a uma época em que as mulheres, não tendo acesso ao tempo estruturado e linear reservado aos homens, acabavam por ter com ele contacto através de objetos simbólicos e de diversas formas. Neste sentido, o MIMU é parte joia e parte escultura, mas é relógio também porque existe para contar o tempo. Ainda assim pode ser encarado mais como um objeto que convida ao silêncio e que propõe a um momento de pausa e contemplação.

De acordo com a informação disponibilizada, na língua coreana, a palavra mimu evoca algo difícil de definir/ elusivo, mas fácil de sentir e foi precisamente essa subtileza que também convenceu o júri.

Além do relógio

O MIMU não é propriamente um relógio no sentido purista, é antes um instrumento do tempo que convida à contemplação | Foto: Time to Watches

Como vimos, o MIMU não é um relógio no seu sentido mais purista, mesmo tendo sido projetado enquanto instrumento do tempo. Ainda assim, pode ser arrumado num conceito mais vasto de relógios que mais o que indicar a passagem do tempo, convidam antes à sua contemplação ou até à própria reflexão. Existem os relógios filosóficos, existem os relógios lúdicos, existem os relógios secretos e todos eles se afastam da noção convencional para nos oferecer experiências relojoeiras de âmbito mais emocional e até focado na vertente mais intimista de cada um. Este tipo de relojoaria é fascinante e levanta questões face ao facto de um relógio ter de ter necessariamente (ou não) uma função concreta.

O MIMU pode ser usado também como porta-chaves ou relógio de bolso, de acordo com a pessoa que o escolha usar | Foto: Time to Watches

Porém, sabemos bem, que desde que o tempo se vulgarizou e passou a estar acessível em cada canto através de dispositivos tecnológicos eficientes e com elevado nível de precisão, que o lado funcional e prático dos relógios tem margem para não ser sempre o foco ou a base da sua criação. Hoje em dia, podemos usar num pulso um relógio no qual o processo de leitura do tempo não é imediato, foge das convenções e torna-se um desafio. Porque às vezes é preciso mesmo parar para contemplar quando o mundo não pára.

O MIMU faz mesmo isto e faz do tempo algo de único, porque se torna um tempo pessoal. Com a particularidade de, apesar de tudo, se inspirar também no passado. E se há algo transversal ao mundo da relojoaria é o passado como fonte de inspiração.

Visite o site oficial do Time to Watches para mais informações.

Ampulheta de vidro com areia apenas na parte inferior

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