Os Beatles pertencem à eterna tríade do rock and roll. Costuma dizer-se que se os Rolling Stones são a maior banda de rock and roll do mundo, os Led Zeppelin são a melhor. Os Beatles são, sem dúvida, a mais popular. Há um mundo musical pré-Beatles e outro pós-Beatles. São universais, eternos e o seu legado perdurará para sempre. A Raymond Weil continua a explorar a sua ligação aos Fab Four com o lançamento da terceira versão do seu modelo Maestro, que homenageia a banda inglesa.
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One, two. One, two, three, four
O final dos anos 80, início dos 90, em Lisboa, representou o boom musical mais pujante de que tenho memória. Formavam-se tribos baseadas nos gostos musicais, e esses gostos, por seu lado, influenciavam o modo de vestir e de estar. Sabíamos as letras, procurávamos significados ocultos nas mesmas. Defendíamos os nossos amores musicais com unhas e dentes, e desdenhávamos os gostos alheios com a soberba impulsiva própria da juventude.
Eram outros tempos e a música era o elemento que nos unia, mesmo quando entrávamos em desacordo com tribos diferentes. A música não era um produto, era um modo de estar na vida. Melhor: era um modo de usufruir da vida. Os discos rodavam de casa em casa, as cassetes eram gravadas e ouvidas até à exaustão. Se algum amigo conseguisse ir a Londres — oh, Londres —, nesses tempos, tão distante quanto o Butão, a lista de álbuns que lhe era pedida dava para abrir uma pequena loja de discos. Éramos jovens, apaixonados, e a música ajudou a moldar as pessoas em que nos viemos a tornar em adultos. Falar de um relógio de homenagem aos Beatles é, para mim, um exercício de regresso ao passado. Os Fab Four marcaram-me, ainda tenho os discos, ensinei as músicas e, até hoje, são uma das minhas bandas de eleição.
À terceira
Posto isto, vamos, então, ao relógio. O Maestro Beatles Edição III é a terceira declinação do modelo que a Raymond Weil dedica à banda de Liverpool. Incluída na linha Maestro, a versão de 2019 está assente numa caixa de 40 mm, em oposição aos 39,5 mm das duas versões anteriores. Se este pequeno aumento de diâmetro pode parecer insignificante, o mais recente modelo apresenta outras caraterísticas que o tornam radicalmente distinto dos anteriores.
A Raymond Weil optou por lançar esta versão numa caixa em aço com tratamento PVD de ouro amarelo. Os indexes e os ponteiros são também revestidos de ouro amarelo galvanizado. São de destacar os quatro indexes às 4 h, representando, claro, os Fab Four. De todas as versões, esta é a única que vem de origem com uma correia em poliuretano com fecho de dupla segurança e acabamento também em PVD de ouro amarelo. As duas versões anteriores são fornecidas com braceletes em aço.
A primeira versão do Maestro Beatles destacava, às 4 h, as silhuetas dos elementos da banda tal como aparecem no single Help, lançado em 1965, e, em volta do mostrador, estão inscritos os nomes dos 13 álbuns da banda. A segunda versão, esta com um mostrador negro decorado com sulcos que remetem para os discos de vinil, ostenta, também às 4 h, as silhuetas dos Fab Four como surgem na capa do álbum Abbey Road, de 1969, na famosa travessia da passadeira precisamente na rua onde se situavam os estúdios de gravação. Para a versão de 2019, a Raymond Weil inspirou-se no famoso tambor que surge como elemento central na capa do mítico Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band, editado em 1967. Como curiosidade, posso referir que este foi o primeiro long play de uma banda de rock a receber o Grammy de melhor disco. Além deste, recebeu mais três galardões e esteve em primeiro lugar na tabela dos discos mais vendidos em Inglaterra, durante 23 semanas!
Apelo emocional
O Maestro Beatles Edição III é limitado a 3.000 exemplares e tem a indicação «Edição Limitada» no verso da caixa, onde o vidro de safira revela o movimento mecânico de corda automática RW4200.
O estojo do relógio é um detalhe delicioso desta edição e tem um design muito feliz: é inspirado no cromatismo dos fatos que os elementos da banda usaram na capa do disco e nos seus, à data, magistrais bigodes!
Questionei-me acerca das motivações da Raymond Weil para lançar, em três anos, três modelos dedicados ao mesmo tema. Os Beatles são uma paixão, a sua legião de admiradores e colecionadores espalhados pelo mundo inteiro é enorme, e creio que estes modelos apelam muito a essa vertente de colecionismo. São peças mecânicas bem construídas por uma marca que dá todas as provas de confiança e que baseia a sua filosofia numa excelente relação entre qualidade e preço.
«Take your Time»
A Raymond Weil continua fortemente empenhada na realização de edições limitadas dedicadas a figuras ou grupos musicais. Com uma ligação histórica ao universo musical, a marca soube, no entanto, fazer evoluir essa tradição, passando da música clássica para um universo mais apelativo para outras gerações, com a inclusão de edições dedicadas à Gibson, aos AC/DC, aos Beatles, a David Bowie, e com a novidade, também apresentada este ano, de um modelo Freelancer dedicado a Bob Marley.
Tendo sido este artigo publicado originalmente na mais recente edição da ‘Espiral do Tempo’, com o tema «Take your Time», permita-me, caro leitor, dar-lhe uma sugestão: perca-se numa loja de vinis ou numa feira de rua, descubra ou redescubra os discos que poderá ainda ter por casa, usufrua do tempo com musicalidade. Crie a sua própria banda sonora, mas, acima de tudo, reserve tempo para si e para as suas paixões.
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