A.Lange & Söhne: um imperador e quatro escudeiros

A histórica manufatura germânica A. Lange & Söhne entrou em ‘modo Avatar’: acabou de lançar cinco relógios que exaltam a tonalidade azul, com a nova edição limitada Handwerkskunst a atingir padrões estratosféricos e a ser bem secundada por quatro modelos que vêm complementar a coleção regular.

1815 Rattrapante Perpetual Calendar Handwerkskunst
A.Lange & Söhne 1815 Rattrapante Perpetual Calendar Handwerkskunst. © A.Lange & Söhne

Há já alguns anos que a cor azul se tem tornado incontornável no mundo da relojoaria, com cada vez mais marcas a complementarem os seus modelos de mostrador branco/prateado e preto com versões de mostrador azul – seja nas coleções regulares, seja sob a forma de edições limitadas ou especialmente idealizadas para as respetivas boutiques da marca. A tendência é recente mas é mais do que uma moda, uma vez que o azul é um dos tons mais dominantes e sempre um eterno favorito; a própria A. Lange & Söhne já chegou a ter modelos azuis no seu catálogo em finais da década de 90 e está muito longe de ser uma companhia que siga modas relojoeiras, mas achou por bem recuperar a popular tonalidade para a aplicar em quatro modelos da sua coleção regular e exaltar a sua caraterística celestial em mais uma extraordinária edição limitada sob a chancela Handwerkskunst.

O labéu Handwerkskunst só é aplicado a criações relojoeiras muito exclusivas com elevado virtuosismo artístico
O labéu Handwerkskunst só é aplicado a criações relojoeiras muito exclusivas com elevado virtuosismo artístico. © A.Lange & Söhne

O azul é uma cor que tem estado muito presente desde os primórdios da humanidade, seja devido à tonalidade do céu limpo ou da água dos mares, dos lagos e dos rios. Sempre foi uma cor especial que inspirou artistas e intrigou cientistas. Leonardo da Vinci descreveu a cor do céu e a sua vastidão como uma amálgama de luz e escuridão; o tom ultramarino extraído do lápis lazúli era tão raro e precioso que Albrecht Dürer o chegou a considerar como equivalente a ouro puro… e só no início do século XVIII é que se tornou possível produzir um pigmento sintético com uma tonalidade azul escura não existente na natureza. Essa descoberta do chamado azul Prussiano desencadeou uma revolução nas belas artes, sem a qual obras como as Trinta e Seis Vistas do Monte Fuji de Hokusai, o Período Azul de Picasso e A Noite Estrelada de Van Gogh nunca teriam sido criadas. Na relojoaria, nem sempre foi possível conseguir a cor azul ideal…

1815 Rattrapante Perpetual Calendar Handwerkskunst

A.Lange & Söhne 1815 Rattrapante Perpetual Calendar Handwerkskunst. © A.Lange & Söhne
A.Lange & Söhne 1815 Rattrapante Perpetual Calendar Handwerkskunst. © A.Lange & Söhne

Dos cinco modelos azuis desvelados pela A. Lange & Söhne nesta segunda quinzena de setembro, um vai muito para além do mostrador ‘simplesmente’ azul ou de qualquer outro relógio, mesmo excecional, lançado pela manufatura saxónica: o labéu Handwerkskunst só é aplicado a criações relojoeiras muito exclusivas com elevado virtuosismo artístico – e é o que acontece no 1815 Rattrapante Perpetual Calendar Handwerkskunst: o mostrador e o fundo de tampa são concebidos em ouro branco revestido de esmalte azul e decorados com finas gravuras em relevo, complementando toda a excelência técnica de um movimento que associa um cronógrafo com rattrapante a um calendário perpétuo com indicação das fases da Lua.

Para além da janela das fases da Lua no mostrador, a temática lunar surge reforçada na tampa de dobradiças que cobre o fundo da caixa em vidro de safira. © A.Lange & Söhne
Os quatro submostradores rebaixados em ouro branco prateado contrastam com o fundo azul, mas condizem com o anel circundante em tom prateado da escala dos minutos ao estilo caminho de ferro. © A.Lange & Söhne

A base da nova edição limitada é bem conhecida e traz consigo um acentuado pedigree: aquando do seu lançamento em 2013, o 1815 Rattrapante Perpetual Calendar ganhou dois troféus no Grand Prix d’Horlogerie de Genève – tanto na categoria de Grande Complicação como na Escolha do Público, sem esquecer todos os inúmeros outros galardões recebidos um pouco por esse mundo fora. Quatro anos depois, tornou-se na plataforma para a sexta edição exclusiva sob a chancela Handwerkskunst, cuja designação em alemão implica uma decoração particularmente artística do movimento, do mostrador e da caixa. Limitado a somente 20 exemplares, o 1815 Rattrapante Perpetual Calendar Handwerkskunst elevou os padrões decorativos que constituem apanágio da manufatura saxónica a uma outra dimensão.

Para além da janela das fases da Lua no mostrador, a temática lunar surge reforçada na tampa de dobradiças que cobre o fundo da caixa em vidro de safira. © A.Lange & Söhne
Para além da janela das fases da Lua no mostrador, a temática lunar surge reforçada na tampa de dobradiças que cobre o fundo da caixa em vidro de safira. © A.Lange & Söhne

A primeira conclusão a retirar é a de que se trata do primeiro modelo Handwerkskunst a combinar a arte de esmaltagem e da gravura no mostrador. Uma placa em ouro branco maciço serve de base ao esmalte azulado, com as estrelas a surgirem recortadas em relevo; a tonalidade dos algarismos árabes aplicados combina com os ponteiros em ouro branco rodinados para o tempo e para as indicações de calendário, tal como o ponteiro indicador da reserva de corda. Por sua vez, o tom azul do esmalte também se pode encontrar no disco lunar e no aço azulado do ponteiro do totalizador dos minutos. Os quatro submostradores rebaixados em ouro branco prateado contrastam com o fundo azul, mas condizem com o anel circundante em tom prateado da escala dos minutos ao estilo caminho de ferro.

Para além da janela das fases da Lua no mostrador, a temática lunar surge reforçada na tampa de dobradiças que cobre o fundo da caixa em vidro de safira. A tampa, ou cuvette, mostra a deusa Luna numa gravura em relevo com acabamento em tremblage e com todos os seus atributos caraterísticos: o véu diáfano, o diadema com lua crescente e uma tocha com a qual a divindade personificadora da Lua na mitologia da antiguidade clássica ilumina a escuridão. O medalhão é circundado por um relevo de estrelas e nuvens em esmalte azul.

1815 Rattrapante Perpetual Calendar Handwerkskunst
A força decorativa do 1815 Rattrapante Perpetual Calendar Handwerkskunst estende-se ao calibre de manufatura L101.1 de 631 componentes. © A.Lange & Söhne

Toda a força decorativa do 1815 Rattrapante Perpetual Calendar Handwerkskunst estende-se ao calibre de manufatura L101.1 de 631 componentes que vive no seu interior da sua caixa em ouro branco de 41,9mm de diâmetro e que tem uma reserva de corda de 42 horas: acabamento em textura granular na ponte da rodagem, gravuras em relevo e com tremblage tanto no mecanismo e pontes do cronógrafo como nos galos do balanço e do rattrapante que evocam o mesmo motivo celestial patente no mostrador. Para além da parte artística, o conjunto é caraterizado pelo virtuosismo técnico de um cronógrafo dito de recuperação (ou rattrapante; permite a cronometragem de tempos intermédios e tempos consecutivos) controlado por duas rodas de colunas associado a um mecanismo de calendário perpétuo regulado até 2100 e indicação das fases da Lua calibrada para 122,6 anos.

Quarteto azulado

A.Lange & Söhne Lange 1 Blue Series. © A.Lange & Söhne
A.Lange & Söhne Lange 1 Blue Series. © A.Lange & Söhne

Se a nova edição Handwerkskunst está limitada a 20 exemplares rapidamente absorvidos por ávidos colecionadores (apesar do seu preço igualmente exclusivo!), os aficionados Lange fascinados pela cor azul também se podem dar por satisfeitos noutro âmbito. Após um curto período em que a manufatura lançou uma versão azul do Lange 1, há cerca de uma década, a Lange & Söhne decidiu declinar dois modelos de corda manual e outros dois de corda automática pertencentes à sua coleção regular com mostradores num tom azul profundo – o Lange 1, o Lange 1 Daymatic, o Saxonia e o Saxonia Automatic.

A.Lange & Söhne Lange 1 Daymatic Blue Series. © A.Lange & Söhne
A.Lange & Söhne Lange 1 Daymatic Blue Series. © A.Lange & Söhne

Ponteiros polidos e indexes aplicados em ouro de acabamento rodinado acentuam o contraste com o fundo azulado e combinam com as caixas em ouro branco. Correias em pele de aligátor azul escura cosida à mão e fivelas em ouro branco maciço completam o visual de cada um dos quatro modelos.

A.Lange & Söhne Saxonia Blue Series. © A.Lange & Söhne
A.Lange & Söhne Saxonia Blue Series. © A.Lange & Söhne

Cada um dos quatro modelos da denominada Blue Series é alimentado por um calibre próprio de manufatura que evidencia todos os padrões de qualidade do estilo Lange, desde o acabamento à mão de todos os componentes do movimento até ao tradicional processo duplo de montagem. Mesmo as partes que não são sequer visíveis através do fundo em vidro de safira são delicadamente acabadas e decoradas; as arestas de todas as platinas, pontes e galos são chanfradas e depois polidas com um acabamento espelhado. E o galo do balanço é gravado à mão, caraterística que faz com que cada relógio A. Lange & Söhne seja uma obra de arte singular porque a gravação tem o padrão decorativo único do artesão que a faz.

A.Lange & Söhne Saxonia Automatic Blue Series. © A.Lange & Söhne
A.Lange & Söhne Saxonia Automatic Blue Series. © A.Lange & Söhne

Com a adição de um imperador de excecional mérito técnico-artístico e quatro dignos escudeiros, a Lange & Söhne reforça o seu portefólio – e comprova uma vez mais que o azul é decididamente o novo preto em relojoaria.

Consulte o site oficial da A.Lange & Söhne para mais informações.

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