Lange & Söhne Triple Split

Em Genebra | Estrela maior na constelação de novidades apresentadas pela Lange & Söhne no Salon International de la Haute Horlogerie, o poderoso Triple Split é o primeiro cronógrafo mecânico do mundo capaz de calcular tempos intermédios e de referência até 12 horas – graças a ponteiros de recuperação adicionais nos totalizadores das horas, dos minutos e dos segundos. 14 anos depois, o Double Split foi finalmente ultrapassado…

Pocket shot © Espiral do Tempo/ Miguel Seabra
Pocket shot © Espiral do Tempo/ Miguel Seabra

Numa altura em que Baselworld está quase aí à porta, vale a pena destacar um dos mais relevantes relógios do primeiro trimestre de 2017: o Triple Split da A. Lange & Söhne, único cronógrafo com rattrapante do mundo a poder medir tempos de referência e comparativos até uma duração de doze horas. Já se sabe que a estrela da companhia surge sempre em grande formato à entrada do stand da manufatura germânica no Salon International de la Haute Horlogerie e este ano não foi exceção, com o Triple Split a assumir o devido protagonismo – mas uma nuance muito peculiar: era o fundo do relógio a revelar o mecanismo que estava virado para a entrada, em vez do mostrador.

O responsável pela equipa de pesquisa e desenvolvimento de produto da Lange & Sòhne, Ton de Haas, com a réplica gigante do Triple Split © Espiral do Tempo/ Miguel Seabra
O responsável pela equipa de pesquisa e desenvolvimento de produto da Lange & Sòhne, Ton de Haas, com a réplica gigante do Triple Split © Espiral do Tempo/ Miguel Seabra

Não admira. O novo calibre L132.1, formado por 567 componentes, apresenta-se como uma fascinante galáxia mecânica merecedora da mais atenta apreciação. Claro que todos os movimentos da Lange & Söhne são cuidadosamente acabados e decorados, pelo que todos os relógios que foram escolhidos como protagonista das novas coleções anualmente apresentadas no salão eram merecedores de mostrar o ‘traseiro’ ao público – mas a opção sempre foi a mais natural, a de mostrar o rosto. Mas não em 2018. E a construção dessa réplica do Triple Split em tamanho gigante foi mesmo merecedora de um espetacular vídeo.

Mas porque razão o Triple Split mereceu esse protagonismo e tem sido tão falado desde a sua apresentação? Porque vem ultrapassar o já de si lendário Double Split, que em 2004 possibilitou a primeira medição comparativa de tempos com uma duração agregada de 30 minutos e que desde então se tinha mantido como o único cronógrafo a conseguir fazê-lo… até ao advento do seu sucessor. Graças a um totalizador de minutos com ponteiro rattrapante saltitante e um totalizador das horas com ponteiro rattrapante deslizante, o Triple Split multiplica o espectro de medida da função rattrapante por um fator de 24 – permitindo-lhe cobrir muitas mais aplicações interessantes e diversificadas: desde os tempos de dois concorrentes numa corrida de Fórmula 1, numa etapa da Volta à França ou numa maratona até tempos de eventos que comecem consecutivamente, como os voos de ida e regresso de longa distância. Também é possível adicionar os tempos de acontecimentos que demorem várias horas, como a duração de cada uma das disciplinas individuais do Ironman. Por sua vez, durante a cronometragem de tempos adicionais podem ser medidas parcelas de tempo adicionais.

Três pares de ponteiros cronográficos © Lange & Söhne
Três pares de ponteiros cronográficos © Lange & Söhne

Até ao Double Split, mesmo os cronógrafos mecânicos mais sofisticados eram dotados ‘somente’ de um ponteiro rattrapante (de recuperação) suplementar para os segundos. O Double Split estreou dois ponteiros suplementares com função rattrapante, um para os segundos (ao centro) e outro para os minutos (no respetivo totalizador), entrando para a história dos cronógrafos mecânicos – na qual a Lange & Söhne já tinha o Datograph, pela sua excelência mecânica e arquitetura do respetivo movimento, desde 1999 (sem esquecer todas as suas variações, mais o Tourbograph). O Triple Split veio elevar ainda mais a fasquia, com um terceiro ponteiro suplementar de recuperação que requereu desenvolvimentos técnicos muito específicos.

Um relógio fenomenal © Lange & Söhne
Um relógio fenomenal © Lange & Söhne

O calibre de manufatura L132.1 que equipa o Triple Split é um movimento totalmente novo que foi desenvolvido para se distinguir significativamente do calibre L001.1 que equipa o Double Split. Comparativamente, o indicador da reserva de carga foi deslocado para baixo com o objetivo de abrir mais espaço para o totalizador das horas com ponteiro rattrapante na parte superior do mostrador. Apesar da sua maior gama de funções, os engenheiros foram tão bem sucedidos na integração dos componentes suplementares no movimento que não foi preciso aumentar o tamanho da caixa em comparação com as dimensões apresentadas no Double Split. Uma vista de olhos ao fundo transparente em vidro de safira – o tal que foi orgulhosamente destacado à entrada do stand no SIHH – permite apreciar o calibre cronográfico acabado e decorado segundo os mais elevados padrões da Lange, tal como a fascinante interação de rodagens, alavancas, molas e embraiagens que ilustra a extraordinária complexidade do projeto. A tiragem é de uma exclusividade condizente com a inovação: apenas 100 exemplares em ouro branco, somente ao alcance de uma pequena elite de aficionados.

Triple Split © Espiral do Tempo/ Miguel Seabra
Triple Split © Espiral do Tempo/ Miguel Seabra

O Triple Split está igualmente dotado de uma função flyback que atua sobre os três pares de ponteiros do cronógrafo. Graças a essa função de retorno instantâneo, os ponteiros do cronógrafo podem ser recolocados a zero e reiniciados instantaneamente ao pressionar-se o botão inferior mesmo durante uma cronometragem em curso. Um indicador de reserva de corda baseado na tradicional indicação Up/Down da Lange revela qual a autonomia remanescente de um total de 55 horas de reserva de corda. A cor do mostrador cinzento bem estruturado em prata maciça combina cromaticamente de modo ideal com a caixa em ouro branco de 18 quilates e com 43,2 milímetros de diâmetro. Tanto os ponteiros afetos à apresentação do tempo como os indicadores aplicados das horas em bastão são feitos em ouro rodinado. Os ponteiros das horas e dos minutos são dotados de revestimento luminescente. Os três ponteiros rattrapante em aço azulado destacam-se claramente dos ponteiros rodinados do cronógrafo.

Triple Split. © Lange & Söhne
Triple Split. © Lange & Söhne

E como funciona esse triunvirato que dá nome ao Triple Split? Em modo de repouso, os três pares de ponteiros correspondentes – ponteiros de segundos ao centro e ponteiros dos minutos e das horas em submostradores – estão sobrepostos, colocados um por cima do outro. Logo que a cronometragem se inicia, todos os ponteiros avançam em simultâneo até que o botão da função rattrapante é pressionado para calcular parcelas de tempo intermediárias. Os três ponteiros azulados param de modo a indicar esses tempos intermediários enquanto os outros ponteiros dos segundos, dos minutos e das horas continuam a avançar de modo a registar o tempo total de cronometragem. Uma segunda pressão no botão da função rattrapante permite aos três ponteiros, que entretanto haviam sido parados, recuperar e entrar novamente em sincronização com os outros ponteiros que prosseguem na sua cronometragem da duração do acontecimento.

O novo calibre © Lange & Söhne
O novo calibre © Lange & Söhne

O desenvolvimento de um mecanismo triplo de rattrapante que controla os três pares de ponteiros de modo sincronizado ou independente proporcionou à equipa de engenheiros da Lange um conjunto de enormes dificuldades técnicas. Mesmo o mais simples mecanismo rattrapante dispõe de dois ponteiros associados a eixos interligados. No caso do mecanismo triplo de rattrapante, essa complexidade técnica é naturalmente multiplicada por três – a começar nos dois ponteiros cronográficos de segundos, devidamente complementados por dois pares de ponteiros presentes tanto no totalizador dos minutos como no das horas. A configuração peculiar do complicado mecanismo e os seus múltiplos eixos requerem dos mestres relojoeiros não só a mais apurada destreza como também uma extrema paciência na afinação do sistema.

Pormenor do movimento © Lange & Söhne
Pormenor do movimento © Lange & Söhne

A arquitetura muito específica do movimento assegura que nem a cronometragem dos tempos intermédios e nem o avançar do ponteiro em saltos precisos no totalizador dos minutos têm um efeito negativo sobre a estabilidade do funcionamento. A normalmente inevitável perda de amplitude é reprimida por um mecanismo de desengrenagem desenvolvido e patenteado pela A. Lange & Söhne. Sem esse recurso técnico, as perdas decorrentes da fricção aconteceriam sempre que a função rattrapante fosse acionada. O totalizador das horas não necessita de um tal dispositivo, uma vez que os respetivos ponteiros fazem a sua a rotação de modo lento e contínuo.

Poderoso, mas não grande demais © Espiral do Tempo/ Miguel Seabra
Poderoso, mas não grande demais © Espiral do Tempo/ Miguel Seabra

O poderoso Triple Split sublinha a aspiração da Lange em enriquecer a relojoaria de precisão com inovações úteis. E as suas valências fazem com que, entre todos os cronógrafos mecânicos com função de recuperação (rattrapante), seja o único que teria conseguido registar com precisão os tempos em horas, minutos e segundos do vencedor e do segundo classificado na histórica prova do triatlo de longa distância em 17 de julho de 2016 – quando alemão Jan Frodeno conseguiu um novo recorde do mundo no incrível tempo de sete horas, 35 minutos e 39 segundos para 3,8 quilómetros a nado, 180 quilómetros em bicicleta e 42,2 quilómetros em corrida. O segundo classificado, o britânico Joe Skipper, demorou mais 20 minutos e 44 segundos para cortar a meta de chegada…

Ton de Haas na apresentação do Triple Split © Espiral do Tempo/ Miguel Seabra
Ton de Haas na apresentação do Triple Split © Espiral do Tempo/ Miguel Seabra

Visite o site oficial da A.Lange & Söhne para mais informações sobre o novo Triple Split.

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