A Patek Philippe promove, até ao dia 26 de abril, a exposição ‘Rare Handcrafts 2025’ que contempla os 78 relógios que dão vida à sua coleção de alto-artesanato, apresentada por ocasião do Watches and Wonders. Para descobrir nos históricos salões da marca, na rue du Rhône, em Genebra. A Espiral do Tempo teve a oportunidade de fazer uma visita.
Em plena rue du Rhône, coração da alta-relojoaria em Genebra, os históricos salões da Patek Philippe voltam a abrir as suas portas ao público para apresentar a exposição ‘Rare Handcrafts’ que contempla os novos relógios da coleção de alto-artesanato que todos os anos a marca apresenta, paralelamente aos lançamentos da sua coleção regular. O cenário é idílico, já se sabe: afinal, a exposição está patente num dos espaços mais reverenciados do universo da relojoaria suíça.

De facto, a entrada nos salões é, por si só, um momento quase solene. O edifício, que guarda um passado incomparável, serve de palco, durante algumas semanas, para uma coleção que se revela tudo menos convencional: são 78 peças fora de série, incluindo relógios de pulso, relógios de bolso e os clássicos relógios de cúpula, decorados artesanalmente através de técnicas antigas como esmalte cloisonné Grand Feu, pintura em miniatura, marchetaria em madeira, gravação ou guilloché manual.


Não querendo abusar de expressões que são frequentemente utilizadas, mais do que indicar o tempo, estas peças revelam-se objetos de arte com caraterísticas verdadeiramente singulares, devido ao trabalho artesanal que neles é aplicado. Muitos dos relógios apresentados são destinados a coleções privadas, neste sentido, a exposição acaba por ter um caráter verdadeiramente raro, a condizer com o seu nome. Afinal, trata-se de uma oportunidade única para contemplar a coleção completa, antes da sua inevitável dispersão.
Três espaços, três mundos


Tal como nos anos anteriores, a exposição ‘Rare Handcrafts’ deste ano está organizada em três áreas temáticas, cada uma acomodada num espaço muito próprio, decorado a rigor. Depois de entrarmos pelo número 41 da rue de Rhône e de subirmos o elevador, começamos a visita no quarto andar do histórico edifício, onde somos recebidos por doze relógios alusivos aos signos do zodíaco. Estas peças, limitadas a dois exemplares por signo, integram a linhagem Calatrava e têm mostradores trabalhados em esmalte grisaille, cloisonné e paillonné. Os relógios estão expostos de acordo com os quatro elementos nos quais os 12 signos se integram, Terra, Fogo, Ar e Água, num convite à descoberta do relógio correspondente ao signo de cada visitante. O esmalte grisaille consiste na aplicação de camadas de esmalte branco sob esmalte escuro, para um resultado final esfumado e misterioso.


Depois a receção na zona central, seguimos para a ala esquerda, onde a visita guiada já decorria. Neste que é o espaço mais narrativo da exposição explora-se a temática das ‘Grandes Aventuras Humanas’. Os temas que servem de base para a decoração das peças expostas vão da história à literatura, passando pela música, pela arquitetura, pela herança relojoeira, pela vinicultura e pela arte. Um dos relógios de cúpula em destaque recria os dias de glória do esqui nos Alpes suíços, outro presta tributo à arte indiana com detalhes em esmalte e ouro gravado, mas há também homenagens a Dom Quixote, de Cervantes, e às Vinte Mil Léguas Submarinas ou Cinco Semanas em Balão, de Jules Verne, com cenas literárias meticulosamente reinterpretadas em relógios de diferentes dimensões e formatos.


É também neste espaço que podemos contemplar o relógio de mesa com a Ref. 27000M-001, apresentado como uma das grandes novidades 2025 da marca suíça. Inspirado num relógio entregue ao colecionador americano James Ward Packard, bem como num modelo do mesmo tipo vendido em 1927 ao também colecionador americano Henry Graves Junior, e que hoje faz parte do espólio do Museu Patek Philippe, esta peça integra um movimento de corda manual retangular que oferece uma reserva de marcha de 31 dias, uma precisão de +/- 1 segundo por dia e contempla diversas complicações, incluindo calendário perpétuo.


Se vimos um exemplar lado a lado com a peça histórica no stand da marca no Watches and Wonders, também ali este relógio de mesa tem direito a um espaço destacado, graças aos elementos decorativos que contempla. A caixa, em prata de lei, é realçada por painéis em esmalte flinqué Grand Feu verde adornados com um padrão guilloché em espiral. Já o painel superior e a luneta são adornados com um motivo ‘corda’ gravado. Elementos decorativos inspirados no relógio original, como os quatro leões alados nos cantos, sob a forma de apliques de vermeil (prata amarela dourada).



Por fim, atravessamos novamente a ala central para nos dirigirmos para aquela que talvez tenha sido a ala que, este ano, mais gostámos de visitar. Mais iluminada e com a sempre especial vista para o Lago Léman e o seu enorme jato de água, esta zona expositiva presta homenagem à biodiversidade, sob o tema ‘As maravilhas da Natureza’. Somos, por isso, convidados a explorar florestas tropicais e paisagens oníricas, bem como a descobrir pássaros exóticos, animais selvagens e lugares especiais, elementos que ganham vida em relógios de pulso (especialmente Calatrava e Golden Ellipse), relógios de cúpula e relógios de bolso expostos suspensos em suportes. Todos repletos de cores e de muito trabalho artesanal – às vezes com a combinação de diferentes técnicas, como gravação e esmaltagem num mesmo exemplar.


Entre as peças de destaque estão incluídos o Golden Ellipse Ref.5738/50J-001 ‘Yellow-Crested Cockatoo com uma cacatua representada em esmalte cloisonné e pintura em miniatura (que recebe os visitantes em primeiro plano), ou o relógio de mesa ‘Amazon Rainforest’, com quase 17,5 metros de fio de ouro e 59 cores de esmalte, no qual saltam à vista diversos animais e vegetação. Impressionantes são também a Ref.992/138G-001, um relógio de bolso no qual está representado o Parque Nacional Florestal de Zhangjiajie, e a Ref.992/183G-001 Provence, um encantador relógio de bolso no qual uma abelha sobrevoa campos floridos em tons de violeta, numa paisagem evocativa da Provença, através de esmalte Grand Feau cloisonné, flinqué e pintura em miniatura sobre esmalte.
Neste caso, e tal como acontece com quase todos os relógios de bolso expostos, os suportes contribuem ainda mais para sublinhar a beleza da peças, porque muitos deles prolongam os seus elementos decorativos, como se saltassem para a realidade.


A surpresa destas peças passa, acima de tudo, pelo modo como parecem verdadeiras obras de arte que captam com um realismo surpreendente os pormenores da natureza. Arriscamos a dizer até que estamos quase perante um manual científico (quase), no que diz respeito ao conhecimento do mundo e do ambiente natural. Não estamos apenas a contemplar, mas a aprender também. Existe ainda um Golden Ellipse com uma maravilhosa representação de uma píton amarela, mas também um bonito relógio de bolso com uma ‘fotografia’ de um jaguar a beber água. É fácil ficarmos vidrados perante tantos pormenores.
Os bastidores
Para quem gosta de compreender melhor o processo de criação dos relógios ali apresentados, a exposição oferece mais do que vitrinas. Além das peças em si, há demonstrações ao vivo feitas por artesãos especializados em esmaltagem, marchetaria e guilloché, bem como vídeos explicativos e uma seleção de ferramentas em exibição que ilustram a complexidade dos processos envolvidos nas diferentes etapas.


Basicamente, é como se tivéssemos a possibilidade de espreitar os bastidores e perceber melhor o modo como cada um dos relógios em exposição resulta de muito tempo de trabalho, de muita experiência e de muita dedicação também. Experimentar um centenário torno de guilloché, passar alguns instantes a assistir ao corte de pequenas peças em madeira que depois serão montadas como um puzzle às dimensões de um mostrador ou parar junto à banca da esmaltagem a apreciar o trabalho do artesão que ali se encontra ajuda-nos a valorizar ainda mais a riqueza associada a cada um dos relógios. Como quando visitamos um museu.

Não é a primeira vez que assistimos ao processo de criação decorativa artesanal em relojoaria, mas a verdade é que, sempre que temos a oportunidade de o fazer, acabamos por redescobrir cada uma das suas vertentes com o encantamento de uma primeira vez. Cada coleção ‘Rare Handcrafts’ da Patek Philippe começa a ser preparada com quatro anos de antecedência e essa antecipação sente-se bem em cada uma das alas da exposição. Enquanto contemplamos as peças atualmente expostas, há pessoas a trabalhar não apenas na coleção do próximo ano, mas nas coleções dos próximos anos, como um ciclo que recomeça todos os anos.

O que virá a seguir? Que técnicas serão reinventadas? Que temas servirão de inspiração para os próximos relógios? É disto que gostamos: uma visita deste género não se esgota no presente. Permanece antes em nós com uma incrível sede de partilha, ao mesmo tempo que estimula a nossa imaginação das mais diversas formas. Não se trata só de gosto e de admiração, mas também da certeza de que no mundo da alta-relojoaria existem realmente muitos mundos, cada um deles com um lugar muito próprio.
A exposição ‘Rare Handcrafts 2025’ da Patek Pilippe está patente entre os dias 4 e 26 de abril. A entrada é gratuita, mas sujeita a marcação online, através do site da marca.
Deixamos agora uma galeria com alguns dos relógios desta coleção que são destacados pela marca genebrina:
- Relógio de pulso Constellations: Ref. 5177G-040 Gemini; Ref. 5177G-049 Pisces; Ref.5177G-046 Sagitarius; Ref. 5177G-043 Virgo | Fotos: Patek Philippe
- Relógio de cúpula: Ref. 20191M-001 Skiing in Days Gone By | Fotos: Patek Philippe
- Relógio de cúpula: Ref. 21000M-001 Geneva Harbor | Fotos: Patek Philippe
- Relógio de cúpula: Ref. 20171M-001 Nautilus | Fotos: Patek Philippe
- Relógios de pulso: Ref. 5738/50G-032 Dézaley Chemin de Fer; Ref. 5738/50G-033 Horological Gear Trains | Fotos: Patek Philippe
- Relógios de cúpula: Ref. 20187M-001 The Patek Waltz | Fotos: Patek Philippe
- Relógios de pulso: Ref. 5738/150G-001 Blue Leaves; Ref. 5738/50J-011 Yellow Crested Cockatoo | Fotos: Patek Philippe
- Relógio de bolso: Ref. 992/183G-001 Provence | Fotos: Patek Philippe
- Ref. 5177G-050 Vineyards and Châteaux Burgundy; Ref. 5177G-051 Vineyards and Châteaux Bordeaux | Fotos: Patek Philippe
- Relógio de bolso: Ref. 995/125G-001 Jaguar | Fotos: Espiral do Tempo
- Relógios de pulso: Ref. 5738/50J-001 Burmese Albino Python; Ref. 5738/50G-029 Bald Eagle | Fotos: Patek Philippe
- Relógio de bolso: Ref. 20188M-001 Amazon Rainforest | Fotos: Patek Philippe
- Relógios de pulso: Ref. 5738/50G-030 e Ref.5738/50G-034 Forest in the Mist | Fotos: Patek Philippe
- Relógio de bolso: Ref. 992/188G-001 Flowers and Insects | Foto: Patek Philippe
- Relógio de pulso: Ref. 5086R-001 Jules Verne Five Weeks in a Balloon | Foto: Patek Philippe
- Relógio de pulso: Ref. 5278/500G-001 Horse | Foto: Patek Philippe
- Relógio de bolso: Ref. 992/187G-001 Lake Geneva Barque | Foto: Patek Philippe
- Relógio de pulso: Ref. 5077/100R-071 White Swan | Foto: Patek Philippe
- Relógio de bolso: Ref. 992/138G-001 Zhangjajie National Forest Park | Fotos: Patek Philippe
- Relógio de pulso: Ref. 5077/212G-001 Macaw on a Blue Ground | Foto: Patek Philippe
- Relógio de bolso: Ref. 992/160G-001 Rialto Bridge | Fotos: Patek Philippe
- Relógio de pulso: Ref. 5077/100R-066 Vines Rosé Wines | Foto: Patek Philippe _VINES-ROSÉ_WINES
- Relógio de bolso: Ref. 984/101J-001 Eagle and Wolf | Fotos: Patek Philippe
- Relógio de pulso: Ref. 5077/100J-001 Vines White Wines | Foto: Patek Philippe
Tome nota:
Exposição | Rare Handcrafts 2025
Local | Salões Patek Philippe, 41 rue du Rhône, Genebra
Data | De 5 a 26 de abril de 2025 (exceto domingos)
Horário | Das 11h às 18h (última entrada às 17h)
Marcação obrigatória da visita | patek.com