Nesta época natalícia, altura em que os olhos brilhantes de expetativas dos mais pequenos nos devolvem um pouco da nossa própria ingenuidade infantil, fomos procurar sonhadores. Como editores especializados, privamos, por vezes, com criativos que têm a capacidade invulgar de traduzir em palavras as suas visões.
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«Pensas que eu sou um caso isolado /
[…]
Não, não sou o único, /
Não sou o único a olhar o céu.»*
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Nesta época natalícia, altura em que os olhos brilhantes de expetativas dos mais pequenos nos devolvem um pouco da nossa própria ingenuidade infantil, fomos procurar sonhadores.
Como editores especializados, privamos, por vezes, com criativos que têm a capacidade invulgar de traduzir em palavras as suas visões. Conseguem vislumbrar a passagem da ideia para o objeto físico. Materializar uma imagem, ou, noutras palavras, sonhar acordado. Outros ‘fazedores‘ canalizam as suas energias para levar equipas mais longe, para um território que só eles antevejam. Onde os mais conservadores vêm teimosia, a sua fé inquebrável é notável. Afinal, ninguém para uma pessoa determinada!
Tendo em conta esta temática, optamos por destacar na capa a mais recente grande complicação da Grande Maison Jaeger-LeCoultre. As alternativas eram, de facto, muitas. Porém, a equipa resolveu escolher um relógio de exceção enquanto símbolo do percurso da fábrica LeCoultre –como é ainda chamada no Vale de Joux, embora seja mais conhecida no setor como a «fábrica das fábricas relojoeiras» — que forneceu, durante décadas, praticamente todas as grandes marcas relojoeiras e formou o primeiro grupo industrial no início do século XX. Um documento de um valor inigualável redigido pelo historiador François Jequier ** revela o papel determinante de Jacques-David LeCoultre, neto do fundador Antoine. Figura central na ambição industrial da Grande Maison, lançou as bases de um grupo, sem o qual muitas das marcas relojoeiras atuais não teriam sobrevivido às duas guerras mundiais.
Voltando aos dias de hoje, e para fazer a ponte entre história e atualidade, iniciamos esta revista com um desafio lançado aos proprietários e gestores da algumas das mais belas histórias de sucesso da alta-relojoaria atual: partilhar, em exclusivo, com os leitores da Espiral do Tempo, os seus sonhos atuais e futuros. Nestas respostas, desde as mais profissionais a outras mais intimistas, revelam, em poucas palavras, muitas das convicções de cada um. Praticamente todos responderam a tempo de esta revista ser impressa, comprovando o caminho percorrido pela nossa revista ao longo das últimas quase duas décadas.
Em nome de toda a equipa editorial e dos seus colaboradores, desejo a todos umas maravilhosas festas de fim de ano. Que todos os ‘sonhadores acordados’ possam inspirar o nosso quotidiano!
Saudações relojoeiras,
Hubert DE HARO
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* Será mesmo preciso recordar a origem destas palavras? Música «Não sou o único», Xutos & Pontapés, do álbum Circo de Feras, data de lançamento: 1987.
** Convido todos os leitores interessados no assunto a ler este livro de François Jequier, publicado em 1983: De la forge à la manufacture horlogère (XVIIIe–XXe siècles): Cinq générations d’entrepreneurs de la vallée de Joux au coeur d’une mutation industrielle.
O número 65 da Espiral do Tempo (edição de inverno 2018) pode também ser folheado aqui, no nosso site.
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