Seiko Prospex Black Series LE: uma boa companhia

Num mundo em grande mudança e determinado por medidas de confinamento e precaução face à Covid-19, como é que vai a nossa paixão pelas rodas dentadas? Deste lado, posso dizer que a minha paixão vai de boa saúde. E acabei por já em Estado de Emergência receber em casa o meu Seiko Prospex Black Series SPB125J1 Limited Edition, aka ‘SUMO’. E tem sido uma boa experiência.

Por António Martins

Covid 19. Confinamento.

O mundo está em grande mudança: esta pandemia determinou uma nova etiqueta respiratória e uma nova forma de nos relacionarmos com os outros, nomeadamente através de um difícil distanciamento social. A lavagem das mãos é intercalada com toda e qualquer ação que levemos a cabo, ou seja, de repente, tudo mudou… ou será que não? Como é que vai a nossa paixão pelas rodas dentadas? Por aqueles medidores do tempo, numa altura em que o tempo (precisamente) agora parece abundar em determinados contextos quando anteriormente era escasso? Não vos vou falar sobre a dimensão do tempo, da sua relatividade ou de uma qualquer abordagem mais metafísica. Vou antes falar de outras coisas.

Seiko_Black_Prospex_SPB125J1. © António Martins
Seiko Black Prospex SPB125J1 Limited Edition © António Martins

Vejamos: perante todo o difícil cenário que estivemos ou que ainda estamos a viver, a aquisição de mais uma peça relojoeira parece, de facto, ser uma das nossas menores preocupações e  estaria eventualmente relegada para uma lista sem fim de outras preocupações, bem mais importantes.  Mas, para mim, não foi bem isto que aconteceu. Porquê? Porque neste confinamento, acabei por manter bem viva a chama da minha paixão pela relojoaria e acabei mesmo por adquirir mais um relógio. Será isto uma situação assim tão invulgar?

Chama acesa

Todos os manuais do confinamento referem o espaço que, nesta altura, devemos dar a nós próprios para mantermos uma certa sanidade mental e a importância de nos dedicarmos a coisas que nos dêem prazer e de quebrar o isolamento social, falando com amigos ainda que de uma forma digital. A videoconferência entrou abruptamente nas nossas vidas e, de repente, todas as nossas bibliotecas e coleções de lombadas passaram a fazer parte de um cenário frequente na nossa nova forma de comunicar. Bebe-se um copo de uma Lourinhã envelhecida, quem fuma retoma as suas habilidades e brinca com o fumo, mas o mais importante neste contexto é que se fala da nossa paixão como se não houvesse amanhã! A atualidade relojoeira invade os nossos grupos de WhatsApp, como nunca, tratando-se de uma atividade de higiene mental que nos permite estar em contacto com os outros a falar daquilo que nos agrada, saber das tricas desta indústria, ou aprofundar e fazer cenários sobre o futuro da indústria no pós-Covid-19. Isto faz-nos sentir vivos e a rolar!

Seiko_Black_Prospex_SPB125J1. © Seiko
Seiko Black Prospex SPB125J1 Limited Edition © Seiko

E a verdade é que, mesmo neste confinamento, há quem tenha adquirido relógios. Sim, Culpado! Como disse, acabei por adquirir mais uma peça relojoeira: o Prospex Black Series SPB125J1, uma edição limitada a 7000 peças da Seiko que estava prevista para fevereiro de 2020. Assim que soube que iria sair este modelo, coloquei-me em campo, pois numa anterior edição da Seiko — o Black Turtle ( SRPC49K1 ) — só me apercebi da sua existência já passado algum tempo, e como tal já não fui a tempo… desta vez nem a pandemia me desmobilizou, tendo este chegado pelo correio já em pleno Estado de Emergência.

Seiko Prospex Black Series SPB125J1 Limited Edition

Seiko_Black_Prospex_SPB125J1. © Seiko
Black Prospex SPB125J1 Limited Edition © Seiko

Passando à minha aquisição propriamente dita, o Seiko Prospex é um relógio de mergulho, talvez uma das minhas opções favoritas de relógio — os Diver. Este modelo é conhecido pelo cognome de ‘SUMO’. A caixa é de aço inoxidável, com uns generosos 45 mm de largura onde é aplicado um revestimento rígido preto. Muito prático para o uso diário, com uma legibilidade fantástica e uma luminescência Lumibrite única da Seiko, este relógio apresenta, em vez do mais tradicional branco, os marcadores de uma cor mais bege que lhe dá um toque mais vintage, um aspeto mais envelhecido. Distingue-se ainda pelo ponteiro dos minutos ser cor de laranja, o que lhe confere uma identidade muito própria — de um verdadeiro desportivo. Também a luneta de alumínio com os 20 minutos a cinza e o restante a preto conferem-lhe uma distinção muito apetecível. Por fim, destaque para o vidro de safira e uma aconchegante bracelete em silicone. Lá dentro da caixa está uma máquina automática (o calibre 6R35) com uma autonomia de cerca de 70 horas. Este modelo é de edição limitada a 7000 peças, com a gravação individual na tampa.

Seiko_Black_Prospex_SPB125J1. © António Martins
Seiko Black Prospex SPB125J1 Limited Edition © António Martins

No pulso

As primeiras impressões do uso são fantásticas, aliás é o único relógio que tenho usado desde que o adquiri. É super confortável e equilibrado no pulso, muito devido ao formato da caixa que antecipa qualquer movimento do pulso. Os ‘pequenos críticos′ aqui de casa também deram um veredicto bastante positivo sobre a estética da peça. Por ser um relógio todo preto acaba por ser suficientemente discreto para uso mais tradicional, mas num uso meramente casual e desportivo é quando mais se destaca.

Realmente, as coleções lançadas pela Seiko denominadas Black Series têm tido um sucesso inquestionável, pelo menos nas variantes mecânicas de cada trilogia. O Black ‘Ninja’ (2018) está esgotado desde quase o seu lançamento; segundo apurei, seriam 1000 peças, não consegui confirmar e hoje aparece no mercado por valores muito superiores aos 450 euros indicados para PVP à data.

Seiko_Black_Prospex_SPB125J1. © António Martins
Seiko Black Prospex SPB125J1 Limited Edition © António Martins

Já do Black ‘SUMO’ foram feitas 7000 peças com um PVP a rondar os 900 euros e está igualmente esgotado. Os dois relógios são de gamas um pouco diferentes, sendo que o Black ‘Ninja’ vinha equipado com um calibre 4R36. Na última trilogia, do qual o ‘SUMO’ faz parte, ainda havia um outro modelo SLA035J1, mas para um PVP acima dos 3000 euros limitado a 600 exemplares, digamos da gama dos Marine Master 300.

Sobre a possível valorização destas peças, tudo aponta para que se mantenha uma grande procura, até porque existe uma grande legião de fãs da Seiko por todo o mundo. Na verdade, só me apercebi dessa realidade há relativamente pouco tempo, quando andei a pesquisar um Seiko ‘Captain Willard’ — mas isso poderá ficar para outra história…

Outras leituras