Montblanc Villeret Tourbillon Cylindrique Geosphères Vasco da Gama

Edição impressa – O Montblanc Villeret Tourbillon Cylindrique Geosphères Vasco da Gama foi um dos modelos que despertou a curiosidade e admiração da imprensa na edição de 2015 do Salon International de la Haute Horlogerie Genève (SIHH), tanto pela impecável execução de alta-relojoaria, como pelo design inovador no seio da coleção da Montblanc.

Por Dody Giussani

Artigo original publicado em italiano na L’Orologio e publicado em português no número 56 da Espiral do Tempo

L'Orologio

As duas cúpulas em relevo decoradas com a técnica da micropintura não passaram, com efeito, despercebidas no Montblanc Villeret Tourbillon Cylindrique Geosphères Vasco da Gama. Além disso, completam a tridimensionalidade do mostrador oferecida pelo turbilhão com ponte convexa, que abre espaço à espiral cilíndrica do balanço, unindo os dois sistemas mais eficazes para neutralizar os efeitos do deslocamento do centro de gravidade do sistema balanço-espiral durante a oscilação deste último. Quando o centro de gravidade se desloca da posição central, coincidente com o eixo de rotação do balanço, de facto — seguindo a expansão e a contração da espiral —, a força de gravidade pode interferir no próprio centro (numa posição do relógio diferente da posição horizontal), acelerando ou abrandando o circuito do balanço-espiral e, assim, reduzindo ou aumentando a amplitude de oscilação deste último. A consequência é uma variação de marcha do relógio e uma menor precisão. A mola espiral cilíndrica, com o seu movimento de expansão e contração concêntrico, reduz este problema. A montagem do balanço-espiral num turbilhão de um minuto permite também compensar e reduzir ao mínimo o deslocamento do centro de gravidade, graças à soma algébrica no arco de um minuto, entre antecipação e atraso, que reporta a uma média correspondente a um desperdício quase nulo da marcha ótima.

Montblanc Villeret Tourbillon Cylindrique Geosphères Vasco da Gama
Montblanc Villeret Tourbillon Cylindrique Geosphères Vasco da Gama. © Montblanc

Estamos, portanto, perante um relógio que nasce para fornecer a maior precisão possível. Como referiu Jérôme Lambert, CEO da Montblanc, durante um recente encontro: «Dizer que um relógio já não serve para ler o tempo, porque temos outros instrumentos, do telefone ao computador, é uma falta de respeito pelos relojoeiros que dedicam o seu tempo a tornar um relógio o mais preciso possível.» A precisão é o primeiro objetivo de um relojoeiro. A isto une-se, pois, a criatividade e a imaginação, para dar vida a complicações originais como a que encontramos no Villeret Tourbillon Cylindrique Geosphères Vasco da Gama. Neste relógio, a ideia de base é fornecer as horas do mundo relativamente aos dois hemisférios do globo terrestre, com leitura imediata do dia e da noite nas duas metades do Planeta — a norte e a sul do Equador. O relógio disponibiliza, assim, a leitura da hora local no mostrador principal, da hora de casa (nas 12 horas) e, no submostrador às 6 horas, das horas do mundo, nos dois globos simétricos, unindo a indicação dia/noite nas 24 horas. Todas as indicações estão sincronizadas, mas podem ser acertadas de forma independente. A ideia e todo o projeto nasceu no atelier Montblanc de Villeret, onde o relógio é realizado.

Montblanc Villeret Tourbillon Cylindrique Geosphères Vasco da Gama. © Montblanc
Montblanc Villeret Tourbillon Cylindrique Geosphères Vasco da Gama. © Montblanc

Voltamos a Lambert para ilustrar esta peculiaridade: «A manufatura de Villeret, antes Minerva, é especializada em grandes complicações e na perfeita execução de alta-relojoaria. É, naturalmente, muito diferente da nossa manufatura de Le Locle no que diz respeito à organização do trabalho. Em Villeret, a execução artesanal é de altíssima qualidade inventiva e permite a personalização do produto com um serviço bespoke. Se pensarmos que um relojoeiro em Villeret trabalha em três ou cinco relógios num ano, então não é difícil pedir e obter uma personalização do modelo encomendado. Cada relógio é especial e necessita de, pelo menos, dois meses para ser montado. Falamos, assim, de uma produção extremamente limitada, de apenas 30 relógios por ano, que permanece como tal. Se optarmos por produzir mais relógios, teremos de mudar a organização e perderemos a riqueza que faz de Villeret aquilo que é hoje. Vamos mantê-la como é.»

Uma galeria com alguns pormenores técnicos:

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 Mas, por outro lado, «Villeret é antes um sítio produtivo onde há logo um projeto de novos calibres, com cinco criadores e puros construtores, a uma dimensão quase ao nível da Lange, no que respeita ao desenvolvimento de movimentos. Para trinta relógios ao ano, pode imaginar o que significa em intensidade de trabalho. Em Le Locle, falamos de apenas um criador e de uma pessoa que se divide entre aquela atividade e aquele desenho. Portanto, decidimos transferir inteiramente o desenvolvimento de movimentos de Le Locle para Villeret, para empregar tanto a perfeição de execução, como a linguagem de alta-relojoaria que se utiliza naquela manufatura. O objetivo, na ótica de fazer crescer a Montblanc no setor da alta-relojoaria, é de manter as pessoas juntas para conduzir ao conhecimento. O criador que trabalha em grandes complicações em Villeret é aquele que tem a ideia. Pode suceder que, trabalhando numa lista de ideias interessantes sobre um tema, como o GMT ou horas do mundo, surja uma ideia triunfante para o produto em estudo e outra que seja de alguma forma utilizável, partilhando-a com os outros. Eu aprovo assim a ideia que considero boa para o modelo Villeret, enquanto as outras permanecem à disposição para outras criações». Uma questão que está no coração dos colecionadores é aquela que guarda o nome Minerva, que desapareceu da coleção Montblanc Villeret. Responde Lambert: «Montblanc Villeret Minerva era um nome um pouco longo para uma coleção, pelo que acordámos o nome Montblanc Villeret. Todavia, enquanto for eu a decidir, estará sempre inscrito o nome Minerva no movimento.»

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