Foi um dia extraordinário, com meteorologia excecional e ondas quase recordistas — sem esquecer relógios Tudor e um triunfo português ao sabor das ondas gigantes na Praia do Norte.
Foi mais um daqueles dias que contribui para a lenda da Nazaré, o maior santuário mundial do surf em ondas gigantes. Sempre com o emblemático farol vermelho como ex-libris, os mais destemidos surfistas do planeta cavalgaram muralhas de água e cerca de meio milhar de espetadores encheram as arribas desde o amanhecer — assistindo a um espetáculo de coragem, compromisso e tow-in surf de alto risco. Tudo perfeitamente enquadrado no mote ‘Born to Dare’ que a Tudor adotou há quase uma década. Sim, porque também houve relógios. A Tudor é mesmo title sponsor do Nazaré Big Wave Challenge e dispõe de um espaço exclusivo no sopé do farol com vista privilegiada para o palco marinho onde a ação decorre.

E, no final, os embaixadores da Tudor Nic Von Rupp (Portugal) e Clément Roseyro (França) venceram o prémio de Melhor Performance por Equipa pela segunda vez consecutiva, enquanto Lucas ‘Chumbo’ Chianca (Brasil) arrecadou a Melhor Performance Masculina, e Justine Dupont (França) conquistou, também pelo segundo ano consecutivo, a Melhor Performance Feminina. Num dia glorioso a todos os níveis, a segunda ronda da competição foi anulada devido a problemas de segurança relacionados com falhas no sistema de comunicações.

Como sempre, a prova foi marcada com muito pouca antecedência. O alerta verde pode surgir a qualquer altura — é essa a aleatoriedade das ondas gigantes. Mas a temporada 2025/2026 do Tudor Nazaré Big Wave Challenge começou da melhor maneira e neste próximo fim-de-semana esperam-se mais ondas gigantes, um fenómeno peculiar associado a uma característica geográfica especial: um profundo desfiladeiro subaquático cria ondulações gigantescas que acumulam energia em alto mar e, devido à sua topografia submarina única, direcionam a energia para a Praia do Norte. É lá que já foram registadas as maiores ondas do mundo. E o promontório que divide a Praia da Nazaré da Praia do Norte transformou-se numa autêntica meca do surf, um santuário onde são venerados os destemidos heróis das pranchas.

A jornada começou com uma densa neblina que cobriu o Farol da Nazaré na durante a madrugada, enquanto as falésias se iam enchendo com gente de todo o mundo disposta a ver os melhores surfistas de ondas gigantes a enfrentar as maiores vagas — que, desta vez, andaram pelos 18 a 25 metros de altura. Depois de o nevoeiro se dissipar, entraram em cena os heróis das pranchas e dos jet-skis que os transportam, recolhem e salvam.
Herói do mar
Entre os especialistas, Nicolau Von Rupp destaca-se por ser português e residente na Nazaré; o seu profundo conhecimento dos padrões de ondulação ajudou-o, a ele e ao seu colega Clément Roseyro, a escolher as ondas exatas que lhes davam a melhor hipótese de vencer a competição. A chave é escolher a maior onda que seja segura o suficiente para enfrentar e dominar. E, juntos, voltaram a chegar ao título por equipa. Ambos com um Tudor no pulso, tanto no mar como no pódio.

O surf de ondas gigantes é incrivelmente perigoso e não é raro os surfistas sofrerem lesões ou mesmo acontecer uma tragédia. Desta vez não aconteceu nada e todos saíram incólumes. Nic Von Rupp e Clément Roseyro brilharam em perfeita sintonia, cada qual surfando épicas ondas — e houve mesmo um momento épico durante a competição, quando Nic Von Rupp desapareceu completamente em 20 metros de espuma violenta, para emergir seguidamente após uma longa pausa. A multidão que encheu o promontório foi à loucura. Clément Roseyro rebocou Nic Von Rupp para uma das maiores ondulações do dia e, mesmo estando em cena há apenas alguns anos, o francês consolidou a sua reputação como vedeta em ascensão.

Juntos, Nic Von Rupp e Clément Roseyro terminaram com uma pontuação combinada de 45,5, o que lhes valeu a distinção de Melhor Performance de Equipa, considerando a soma das duas melhores notas de cada um dos surfistas da equipa. Durante a manhã, a dupla luso-francesa somou 45,45 pontos na primeira ronda, com ‘Nic’ a contribuir com 23,46 pontos e o gaulês com 21,99 pontos para a renovação do título. Muito perto ficou a equipa dos brasileiros Lucas Chumbo (23,60), que foi o vencedor do título individual, e Pedro Scooby (21,80), que ganharam na Nazaré em 2024, e que fizeram um total de 45,40. A equipa do inglês Andrew Cotton (16,30) e do australiano James Carew (18,74) fechou o pódio, com uma pontuação combinada de 35,04.

No total, o Tudor Nazaré Big Wave Challenge contou com 18 dos melhores big riders do mundo, incluindo surfistas de renome internacional e locais da Nazaré, divididos em nove equipas de dois elementos. Cada elemento das duplas alternou entre surfar as ondas e dirigir o jet-ski. As equipas estavam divididas em três grupos, sendo que cada grupo deveria participar em duas baterias de 40 minutos. Pena que, concluída a primeira sessão, uma série de falhas de energia levou a organização da World Surfing League a cancelar a segunda ronda, já que não haveria condições de segurança (por causa da luminosidade) para completar o evento tal como estava planeado. Assim, os vencedores dos três prémios em disputa (melhor performance masculina, melhor performance feminina e melhor performance por equipas) ficaram definidos com os resultados alcançados na primeira ronda.

O triunfo de Nic Von Rupp, segundo consecutivo ao lado de Clément Roseyro, foi mesmo o seu terceiro no Tudor Nazaré Big Wave Challenge por equipas (em 2022, sagrou-se campeão ao lado de Lucas Chianca); o português de 35 anos destacou as condições extremas que os surfistas enfrentaram na Praia do Norte: «A Nazaré hoje mostrou os seus dentes. Foi a maior ondulação dos últimos sete ou oito anos, e a melhor desde 2014. É um prazer enorme ganhar em equipa, até porque este é um desporto de equipa. É um orgulho vencer e representar Portugal. Estamos muito felizes. Tivemos algumas ondas com um tamanho muito próximo dos recordes do mundo e ganhar nestas condições é especial», sublinhou, sem esquecer o forte apoio dos milhares de pessoas que assistiram ao vivo ao evento.

Nic Von Rupp confessou também a sua preferência pelo Pelagos, que tem usado frequentemente quando surfa ou simplesmente no dia a dia. Mas disse que gostaria que a Tudor fizesse uma versão especialmente dedicada ao surf, acrescentando que a sua escolha cromática andaria pela combinação entre o vermelho e o preto (que, afinal de contas, são as cores corporate da Tudor).
Azul e rosa
A sua namorada de Nic Von Rupp, a atriz e modelo Matilde Reymão Nogueira, declarou a sua preferência pelo Black Bay 54 Lagoon Blue tão evocativo do azul aquático e estreado no passado verão, já depois das novidades da marca apresentadas no Watches and Wonders de abril. Quanto a Clément Roseyro, tem uma preferência pelo rosa: surgiu na cerimónia da entrega de prémios com um Black Bay Chrono Miami Pink e um boné de tonalidade a condizer.

Na competição feminina, a francesa Justine Dupont, que fez par com o compatriota Éric Rebière e também venceu a última edição do evento (em fevereiro), ganhou a melhor prestação feminina com 19,87 pontos, seguida pela brasileira Michelle des Boullions (17,50), acompanhada pelo ‘canarinho’ Ian Cosenza, e pela inglesa Laura Crane (11,93), que teve como parceiro de equipa o português António Laureano. O brasileiro Lucas ‘Chumbo’ Chianca venceu o prémio de Melhor Performance Masculina, mesmo após sofrer quedas muito violentas; foi salvo in extremis pela equipa de segurança junto às rochas, após um wipeout brutal.

Do lado da organização, Francisco Spínola, presidente da WSL para a Europa, Médio Oriente e África (EMEA), elogiou o desempenho dos surfistas: «Tivemos a oportunidade de fazer este evento numa das maiores ondulações, e os atletas superaram o desafio, competindo nas melhores ondas do dia. Foi um dia de desempenhos incríveis», destacou. «Fomos forçados a acabar o evento depois da primeira ronda devido a dificuldades técnicas e à aproximação do pôr do sol, mas era imperativo não comprometer a integridade da competição e tomávamos a melhor decisão para a segurança dos surfistas. A vitória mais importante é quando os surfistas chegam em segurança à área dos atletas, e foi isso que aconteceu, em condições muito pesadas. Foi um dia épico de surf e todos os competidores estão de parabéns».

Esperam-se mais edições épicas do Tudor Nazaré Big Wave Challenge e vale a pena estar com atenção para saber quando, na atual temporada de ondas gigantes entre dezembro e janeiro, haverá vagas para uma visita inesquecível ao santuário mundial das ondas gigantes. Para além disso, é sempre bom aproveitar a gastronomia local assente em peixe e marisco, ou mesmo tirar wristshots — seja o relógio um Tudor ou putro qualquer!





