Franck Muller Vanguard: reinterpretar para o futuro

EdT48/em Watchland (Genthod) — Com o recente lançamento do Vanguard, a Franck Muller misturou os seus códigos estéticos tão peculiares, para os redistribuir numa linha relojoeira mais depurada e metropolitana, que pretende catapultar a marca para o futuro próximo. Eis a história por trás do processo de criação dos novos modelos da manufatura sediada em Genthod.


Na linha Vanguard, os caraterísticos algarismos Franck Muller surgem mais retilíneos e masculinos © Espiral do Tempo / Nuno Correia
Na linha Vanguard, os caraterísticos algarismos Franck Muller surgem mais retilíneos e masculinos © Espiral do Tempo / Nuno Correia

Serão os clássicos mesmo eternos? O Porsche 911 continua pujante, os Ray-Ban Aviator permanecem na moda – dois conhecidos exemplos com mais de meio século de sucesso. Na verdade, as linhas desses dois ícones do design podem parecer imutáveis… mas um olhar mais atento revela que houve mudanças mais ou menos significativas no sentido de os adaptarem ao sabor dos tempos, no tal processo que se convencionou apelidar ‘evolução na continuidade’.

A Franck Muller, em comparação com outras manufaturas seculares, é uma companhia relojoeira relativamente jovem, mas desde muito cedo deixou o seu cunho na perceção contemporânea da alta-relojoaria. E alguns dos seus primeiros modelos mantêm-se no catálogo, como as várias interpretações do Cintrée Curvex e do Casablanca. São esses os clássicos da marca fundada no início da década de 1990 pelo arrojado mestre relojoeiro do mesmo nome e sediada na localidade de Genthod, nas imediações de Genebra. Face à natural evolução estética, aos gostos mais urbanos associados a tons escuros e materiais inovadores, a Franck Muller criou entretanto outros modelos para alargar a sua oferta a um âmbito mais vanguardista. Há cinco anos, arrancou com um novo Conquistador mais colorido e desportivo. Em 2013, lançou um produto completamente novo e de espírito verdadeiramente metropolitano: o Vanguard, que começa a surgir em força este ano, em várias versões, e que tem uma excelente margem dedesenvolvimento.

Franck Muller Vanguard
Franck Muller Vanguard © Franck Muller

Um novo espírito

O Vanguard não é propriamente uma adaptação do traçado clássico associado à Franck Muller. É uma reinterpretação dos códigos estéticos da marca num relógio estruturalmente novo no design e na conceção, que personifica o lado mais avant-garde dos ateliers criativos instalados em Watchland. Com o efervescente Jean-François Ruchonnet a liderar o departamento de inovação, esperam-se muitas mais novidades; para já, o Vanguard é uma importante aposta da casa e Jean-Loup Glenat é o designer que tem acompanhado o estabelecimento da nova linha no seio da coleção, frisando bem o carácter de ponta que lhe está destinado: «O desenvolvimento da linha Vanguard é uma reinterpretação do que a Franck Muller é hoje em dia através dos respetivos relógios e visa transportar esse espírito para um futuro próximo. Antecipámos todas as evoluções que estavam por trás do primeiro desenho, sendo importante termos deixado alguma liberdade e abertura para as próximas evoluções da linha».

Franck Muller Vanguard
A linha Vanguard personifica o lado mais vanguardista dos ateliers Franck Muller © Espiral do Tempo / Nuno Correia

E como é que se baralha e volta a dar as cartas sob a forma de um novo relógio que seja simultaneamente diferente mas tão vincadamente Franck Muller? «A reinterpretação passa pelos elementos de estilo mais reconhecíveis e também os mais expressivos – que são as linhas da caixa típica Franck Muller, linhas vincadamente curvas. O truque foi encontrar a melhor maneira de utilizar as curvas. Trabalhámos as formas arredondadas, as formas orgânicas. A reinterpretação no âmbito da linha Vanguard é feita de modo um pouco mais desportivo, mais dinâmico, talvez um pouco mais jovem e mais contemporâneo».

Os materiais, usados de maneira muito industrial no seu estado quase puro, acompanham esse pendor modernista e vão desde o titânio, nos modelos mais ‘comuns’, até ao ouro rosa nas variantes destinadas a clientes que desejem algo mais precioso, passando por modelos em ergal vermelho com uma vocação mais desportiva. E a caixa apresenta uma construção do tipo sandwich, com uma ranhura lateral a separar a parte de cima com o mostrador e o fundo.

Franck Muller Vanguard
Caixa tipo sandwich. © Espiral do Tempo / Nuno Correia

A importância da integração

O toque de modernidade encontra-se também na adaptação arquitetónica da famosa caixa de formato tonneau para uma estrutura sem as tradicionais asas que prendem a correia. «A integração da correia foi algo de muito importante para o novo visual. A correia ‘sai’ da caixa, parece um prolongamento da caixa», refere Jean-Loup Glenat. Em vez do habitual recurso às molas entre as asas, a correia é acoplada à caixa através de dois parafusos que não se veem». A própria conceção da correia/bracelete é diferente e acompanha os últimos desenvolvimentos no setor: trata-se de uma base em cauchu que lhe dá resistência e perenidade com uma inserção em pele de crocodilo para uma aparência mais sofisticada.

Franck Muller Vanguard
A correia integrada parece um prolongamento da caixa. © Espiral do Tempo / Nuno Correia

A par da caixa tonneau, também os algarismos sobredimensionados constituem um elemento fundamental do visual sobre o qual a Franck Muller se estabeleceu. «São um aspeto muito importante e era absolutamente necessário reutilizar os nossos algarismos, que são muito expressivos no seu grafismo – mas tentámos conceber algarismos que tivessem contornos muito mais retilíneos, muito mais estritos, muito mais masculinos, para podermos entrar precisamente num universo mais desportivo e contemporâneo». Os algarismos, cuidadosamente polidos e escovados à mão, são aplicados ao mostrador para lhe dar maior profundidade e estão correlacionados com a caixa: são feitos da mesma matéria.

Franck Muller Vanguard - algarismos
Os algarismos aplicados dão profundidade ao mostrador © Espiral do Tempo / Nuno Correia

Claro que são as formas da caixa e do mostrador que criam mais rapidamente um maior impacto no observador. Mas o conteúdo não foi descurado e a linha Vanguard irá albergar os últimos desenvolvimentos mecânicos da manufatura em versões futuras. Para já, estão disponíveis os habituais modelos de três ponteiros e com cronógrafo. «Os modelos da linha são dotados a 100 por cento de movimentos automáticos. Por enquanto, temos uma versão com horas, minutos e segundos, a par de uma versão cronógrafo. Mas trabalhamos atualmente numa versão turbilhão, e em movimentos com complicações que serão muito interessantes, na linha da totalidade do projeto».

Franck Muller Vanguard
Tal como os algarismos, também os contadores do cronógrafo são em relevo. © Espiral do Tempo / Nuno Correia

Caraterizada pelas suas dimensões generosas, a linha Vanguard promete estar na vanguarda da Franck Muller e já está rodeada de grandes expetativas respeitantes à sua evolução – a começar por um futuro modelo equipado com o fascinante hipnótico Carrossel, um diferente turbilhão já desvelado pela marca. A margem de progressão é larga. E aliciante!  ET_simb

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