Algumas notas sobre os materiais dos relógios Rolex

A família Yacht-Master da Rolex nasceu em 1992 para reforçar a histórica ligação da Rolex ao universo náutico desportivo. Mas tendo crescido ao longo dos anos, é também uma linhagem que exemplifica bem o tipo de materiais utilizados nos seus relógios. Eis algumas notas sobre o ouro, o aço Oystersteel e a platina produzidos pela marca.

A família Yacht-Master nasceu em 1992 para reforçar a histórica ligação da Rolex ao universo náutico desportivo – associando uma luneta de platina em relevo a uma caixa em aço numa versão de três ponteiros acompanhada de data. No entanto, este modelo só começou a ter maior popularidade a partir de 1997, ano em que, juntamente com os modelos em ouro e aço/ouro, passou também a ser concebido em Rolesium – um termo utilizado pela marca para definir a combinação entre aço 904L e platina 950 que tanto contribuiu para fazer deste um modelo de culto.

Relógio Rolex Yacht-Master 42 em ouro branco deitado.
Yacht-Master 42 em ouro branco | © Rolex

O Yacht-Master II, lançado em 2007, um cronógrafo de contagem decrescente, veio estrear uma inovadora complicação dotada de memória mecânica programável, como também uma caixa de inédito tamanho sobredimensionado na coleção da marca. Mais tarde, em 2015, foi apresentado um Yacht-Master em ouro Everose com bracelete em borracha. Em 2019, uma novidade apresentada na então Baselworld veio retomar os elementos de estilo do modelo de base, numa sofisticada versão em ouro branco.

| © Rolex

Por tudo isto, apesar de simbolizar a ligação da Rolex ao universo náutico desportivo, a família Yacht-Master reflete a variedade de materiais que podemos encontrar no portefólio da marca suíça. Uma das características que faz a diferença nos seus relógios.

Aço Oystersteel

Em 1985, a Rolex começou a usar um aço da família dos 904L para fabrico das caixas de todos os seus relógios em aço – tornando-se na primeira empresa relojoeira a utilizar este material. De acordo com informação disponibilizada pela marca, os aços 904L são superligas com propriedades anti-corrosão comparáveis às dos metais preciosos. E a Rolex optou por controlar todo o processo de criação dos componentes de aço dos seus relógios, ao fabricar nas suas próprias instalações um aço exclusivo denominado Oystersteel – caracterizado por uma elevada resistência e brilho único.

Yacht-Master II em aço Oystersteel | © Rolex

Na coleção da marca, o aço Oystersteel tende a ser utilizado isoladamente, mas também em combinação com ouro amarelo ou Everose 18 quilates, em versões bicolores denominadas Rolesor. O Rolesor, nome patenteado pela Rolex em 1933, tornou-se um dos sinais distintivos dos relógios da Rolex. Nos modelos com esta combinação, a luneta, coroa e elos centrais da bracelete são de ouro amarelo ou Everose 18 quilates. Por outro lado, enquanto a carrura e os elos externos da bracelete são em aço Oystersteel. Depois existem os modelos em Rolesor branco, nos quais apenas a luneta é concebida em ouro de 18 quilates.

O Rolesor, nome patenteado pela Rolex em 1933, tornou-se um dos sinais distintivos dos relógios da marca | © Rolex

As características físicas e tenacidade do aço Oystersteel exigiram o desenvolvimento de ferramentas específicas e de métodos de trabalho particulares. Para a estampagem, por exemplo, foram desenvolvidas ferramentas com alto grau de rigidez, algumas delas de carboneto de tungsténio com revestimento antidesgaste.

Mas regressando ao processo de fabrico em si, a marca explica que este implica uma primeira fusão, em que a liga é fundida novamente no vácuo, para purificar o material e eliminar todas as inclusões suscetíveis de reduzir a resistência à corrosão e de ocasionar imperfeições na fase de polimento.

Só as remessas de aço que respondem às exigências estabelecidas integram a produção | © Rolex

Neste sentido, a Rolex controla internamente a qualidade de cada etapa de fusão do aço Oystersteel, especialmente por meio de um microscópio eletrónico que permite detetar até o mais ínfimo defeito de estrutura ou de superfície. De acordo com a marca, só as remessas de aço que respondem às exigências estabelecidas integram a produção. As operações são concluídas por um polimento que se traduz num acabamento brilhante ou acetinado.

Ouro

No seu estado puro de 24 quilates, o ouro é um material excessivamente maleável, por isso deve ser ligado com outros metais de modo a melhorar a sua rigidez e resistência. O ouro de 18 quilates, uma liga nobre composta por 750‰ de ouro puro, é assim criado e adaptado à relojoaria. Depois, dependendo das proporções adicionadas de prata, cobre e outros elementos, nascem o ouro amarelo, o ouro rosa ou o ouro branco, diferentes variedades de ouro de 18 quilates.

Ouro branco | © Rolex

Estas ligas podem ser de qualidade e propriedades variáveis, de acordo com o processo com que são criadas. Por isso mesmo, a Rolex optou assim por criar a sua própria fundição para fabricar ligas de ouro de elevada qualidade e com propriedades únicas. Segundo a própria marca, na composição do ouro utilizado nos seus relógios apenas são utilizados os materiais mais puros, depois de um rigoroso controlo laboratorial realizado internamente.

| © Rolex

Os metais utilizados são ligados por fusão a mais de 1000 ºC, através de fórmulas não divulgadas. Desta forma são produzidas ligas de ouro de 18 quilates específicas da Rolex, incluindo uma liga exclusiva de ouro rosa denominada ouro Everose, apresentada em 2005, que se distingue pela sua tonalidade única de rosa.

Yacht-Master II | © Rolex

No que diz respeito ainda ao processo, a Rolex explica que a liga líquida em fusão é vertida através de um tamis de grafite, produzindo gotas que se transformam instantaneamente, por arrefecimento numa cuba de água, em pequenas pilhas de ouro. A granalha de ouro de 18 quilates transforma-se em barras. Após uma segunda fusão, a mistura é vazada continuamente através de uma fileira refrigerada que solidifica o metal. Durante a preparação, as barras de ouro obtidas deste modo ganham forma.

Ouro amarelo e ouro Everose | © Rolex

O ouro deforma-se, é comprimido e esticado por laminagem ou estiragem, intercalado com recozidos, até obter as barras, os tubos, os perfis e os fios que são utilizados no fabrico dos diversos elementos que compõem o relógio. Esta fase é determinante, já que confere ao ouro as características mecânicas, dimensionais e estéticas ideais para as posteriores etapas de fabrico. Por fim, as operações de acabamento são cruciais para revelar o brilho intrínseco do ouro.

Platina

A palavra platina deriva do termo espanhol “platina”, que significa “prata pequena”. De facto, foram os espanhóis que, no século XVII, descobriram, na América do Sul, este metal branco. Introduzida na Europa no século seguinte, a platina começou a chamar a atenção pelas suas propriedades físicas e químicas. E se só no início do século XIX foi possível obter a platina pura, só nos finais desse mesmo século é que as técnicas de transformação entretanto desenvolvidas permitiram a sua produção e utilização em joalharia e relojoaria – isto tendo em conta o facto de o seu ponto de fusão ser muito elevado (mais de 1700 °C).

Yacht-Master II em ouro branco com luneta em platina | © Rolex

Extraída apenas em algumas regiões do mundo, nomeadamente África do Sul e Rússia, a platina pertence à família dos platinóides. Metal entre os mais densos e pesados do mundo, distingue-se pela sua resistência à corrosão, apesar da sua elasticidade e maleabilidade. Pois são estas suas propriedades que fazem com que a sua usinagem e polimento sejam particularmente delicadas. Outras das características passa pela sua particular luminosidade

| © Rolex

A Rolex explica que utiliza platina 950, uma liga de 950‰ de platina adicionada geralmente ao ruténio. Na coleção da marca, este material é utilizado em especial no modelo Day-Date, sendo que o mostrador azul glacial dos modelos DayDate e Daytona indica que se tratam modelos em platina. As lunetas do Yacht-Master em versão Rolesium e do Yacht-Master II em ouro branco 18 quilates são também concebidas em platina. Por outro lado, os numerais, as graduações e as inscrições em baixo-relevo PVD dos relógios equipados com luneta Cerachrom monobloco ou com disco de luneta Cerachrom em aço Oystersteel ou em ouro branco 18 quilates, são também em platina.

| © Rolex

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